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Há um ano de 'eleição', EUA e Reino Unido impõem sanções a Belarus

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, considerado o "último ditador da Europa" - Siarhei Leskiec/AFP
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, considerado o "último ditador da Europa" Imagem: Siarhei Leskiec/AFP

Em Moscou

09/08/2021 12h15

No dia em que a sexta reeleição de Aleksandr Lukashenko completa um ano, os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram novas sanções econômicas contra Belarus.

Os dois governos, junto com a União Europeia, consideram o pleito de 9 de agosto do ano passado como "fraudulento".

Na nota divulgada hoje, o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, informou que as novas punições atingem "algumas trocas de comércio, aspectos financeiros" e o fim da manutenção "da luxuosa frota de aviões presidenciais" do governo.

Já Washington impôs sanções que voltam a atingir o entorno de Lukashenko por conta do "seu ataque às aspirações democráticas e os direitos humanos do povo bielorrusso, a repressão transnacional e os abusos". Entre os órgãos punidos, está o Comitê Olímpico de Belarus, que é presidido por seu filho, Viktor Lukashenko.

A punição na esfera esportiva vem na esteira do caso envolvendo a velocista Krystsina Tsimanouskaya, que foi alvo de uma tentativa de repatriação à força por ter criticado os treinadores durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.

Apesar de não anunciar novas punições financeiras, a União Europeia se manifestou através do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que disse que a data de hoje marca "um ano que o direito de eleger livremente o próprio líder foi subtraído da população de Belarus".

"A UE está solidamente com vocês e continuará a estar. O legítimo apelo por um futuro democrático e com respeito às liberdades fundamentais e os direitos humanos deve ser finalmente ouvido", disse ainda Michel.

Lukashenko se pronuncia

O presidente de Belarus aproveitou a data para dar uma coletiva de imprensa e falou sobre a possível "integração política" com o governo de Vladimir Putin, na Rússia.

"Nós tivemos uns 30 ou 31 pontos de negociação, mas Putin e eu descartamos imediatamente a tabela que continha a parte política e a proposta de integração de Putin", relatou em entrevista divulgada pela agência estatal russa de notícias Interfax.

Na coletiva, Lukashenko ainda disse que deixará o cargo "muito em breve" e que nas próximas eleições presidenciais não vai "apoiar ou impulsionar ninguém" porque vai "ser honesto com isso". No entanto, essa frase foi dita também no ano passado no auge dos protestos populares que pediam uma nova eleição e sua renúncia.

O mandatário ainda defendeu que haverá um referendo para a mudança da Constituição do país e que deve debater também as eleições presidenciais.

"Nós não temos nada a esconder e nós queremos fazer um referendo honesto e aberto sobre uma reforma constitucional para o cargo de presidente. Nós vamos publicar isso e todo mundo poderá estudar. O povo também poderá ler toda a Constituição em si. Nós vamos corrigir tudo com o referendo e tudo de maneira democrática", acrescentou.

Lukashenko só consegue se manter no poder desde que as manifestações e sanções contra Belarus iniciaram por conta do apoio irrestrito de Putin - tanto no campo político como no financeiro, com ajudas milionárias para a economia.

O presidente é considerado por europeus e norte-americanos como "o último ditador da Europa", estando no poder desde 1994. A gota d'água nas relações internacionais foram as eleições de agosto do ano passado, que Lukashenko afirma ter vencido com mais de 90% dos votos, mas que viu impedidos de participarem todos os principais opositores.

O resultado do pleito nem tinha sido divulgado e as ruas do país já estavam repletas de cidadãos que protestavam contra todo o processo eleitoral e pediam a renúncia do mandatário. Por meses, diariamente, os bielorrussos se manifestaram pedindo eleições livres. Pressionado, Lukashenko disse que não deixaria o posto, mas faria uma reforma constitucional e que, depois de votada, ele sairia de cena.