Presidente filipino polêmico por 'guerra ao tráfico' anuncia saída da política
O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou que sairá da vida política após concluir seu mandato no ano que vem. Após ter divulgado que concorreria ao cargo de vice-líder da nação nas eleições de maio de 2022, já que não pode disputar a Presidência novamente, o político de 76 anos voltou atrás.
"O sentimento esmagador entre os filipinos é que eu não sou a pessoa certa e que ser eleito seria uma violação da Constituição e uma inversão da lei e do espírito da Constituição. Assim, anuncio a minha retirada da política", disse Duterte.
No entanto, a fala do presidente não tem respaldo das pesquisas opinião, que mostram que ele tem quase a mesma popularidade do quando foi eleito em 2016.
Segundo a mídia local, a decisão foi provocada para dar impulso à candidatura da filha, Sara Duterte-Carpio. Oficialmente, a política de 43 anos disse apenas que vai concorrer à prefeitura de Davao, mas não se descarta que ela disputará a Presidência.
Seu nome, inclusive, é apontado por pesquisas como líder da corrida eleitoral.
Caso ela seja eleita, poderia haver uma proteção especial para Duterte, que deve responder a inúmeros processos — em território nacional e internacional — pelas mortes provocadas em sua "guerra ao tráfico".
No último dia 15 de setembro, inclusive, o Tribunal Penal Internacional (TPI) autorizou investigação por conta dessa "guerra às drogas" e dos milhares de assassinatos cometidos no período.
Eleito sob a promessa de fazer uma intensa repressão às organizações criminosas, especialmente, a de tráfico de drogas, Duterte mandava matar quem fosse acusado pelo crime ainda durante as operações militares. No entanto, diversas organizações denunciaram que o presidente estava, sob a desculpa de perseguir criminosos, mandando assassinar opositores políticos.
Durante seus anos de governo, Duterte ficou conhecido por seu linguajar chulo contra líderes mundiais, seus discursos sexistas e sua visão extremista do mundo. Apesar de querer mostrar simplicidade, o atual presidente filipino vem de uma família rica e que sempre viveu da política - o pai dele foi governador da província de Davao.
Mas, para além de chamar a atenção por seus discursos, o presidente implementou um clima bélico e de aumento constante do autoritarismo, mandando prender inclusive jornalistas que faziam matérias denunciando crimes em seu governo.
Outros candidatos - No dia 1º, a Comissão Eleitoral das Filipinas começou a aceitar as candidaturas para as eleições de maio de 2022.
Entre os primeiros nomes a apresentarem pedido de registro estão o ex-boxeador Manny Pacquiao e o ex-ator e atual prefeito de Manila, Francisco Domagoso. Também um dos aliados de Duterte, o ex-chefe de Polícia Panfilo Lacson encaminhou a candidatura.
(ANSA).
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