Capaz de estourar pulmões: como é a 'bomba a vácuo' de Putin para frear Ucrânia

A Rússia disse ter utilizado uma bomba termobárica para tentar frear a inédita incursão ucraniana na região de Kursk, na fronteira entre os dois países, que já dura seis dias. Esse tipo de armamento, também conhecido como "bomba de vácuo", é composto quase totalmente por combustível explosivo que suga o oxigênio após o impacto para gerar uma detonação mais prolongada e de alta temperatura.

As bombas termobáricas são capazes de vaporizar corpos humanos situados perto do impacto inicial e estourar os pulmões de pessoas atingidas pela onda de choque gerada pela explosão.

Também denominadas bombas de aerosol, elas são capazes de provocar temperaturas extremamente altas. Enquanto a maioria dos explosivos tradicionais contém uma mistura de combustível e um agente oxidante, elas se compõem quase exclusivamente de combustível.

Após se espalhar pelo ar como uma nuvem, o combustível é acendido. Depois da deflagração e da onda de pressão, a explosão consome o oxigênio circundante, já que a carga não possui oxidante próprio. Em seguida, forma-se vácuo ou, mais precisamente, uma fase de pressão negativa.

Bombas de vácuo possuem enorme poder de destruição. A ONG Human Rights Watch cita um estudo da CIA a respeito: "Quem estiver próximo ao ponto de deflagração é aniquilado. Os mais distantes provavelmente sofrerão danos internos, portanto invisíveis, como rompimento dos tímpanos, traumatismos cerebrais, lesão dos pulmões e de outros órgãos, possivelmente cegueira."

Uso condenado, poder de destruição elevado

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o armamento de meia tonelada foi utilizado contra um local de deslocamento de "mercenários estrangeiros" na periferia sul de Sudzha, na região de Kursk, lançado por um caça supersônico Su-34.

O uso de armas termobáricas é amplamente condenado por organizações internacionais de direitos humanos, e ainda não se sabe o número de baixas ucranianas provocadas pelo ataque russo.

O Ministério da Defesa também reivindicou o abatimento de 32 drones da Ucrânia na região de fronteira, sendo 26 em Kursk e seis em Yaroslavl.

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O governo russo ainda instituiu um regime "antiterrorismo" em três províncias fronteiriças (Kursk, Belgorod e Briansk), em resposta a "uma tentativa sem precedentes do regime de Kiev de desestabilizar a situação" nessas zonas.

Os combates em Kursk representam um desdobramento inédito da guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022. Até a semana passada, a Ucrânia havia feito apenas ataques mirados e aéreos em território russo, evitando incursões terrestres.

No entanto, fortalecida pelo envio de armamentos e pelos lucros de ativos russos congelados pelo Ocidente, Kiev decidiu "levar a guerra" para o país vizinho. (ANSA).

*Com informações adicionais da DW

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