Francês admite ter drogado esposa por 10 anos para estuprá-la

PARIS, 18 SET (ANSA) - Um cidadão francês admitiu nesta terça-feira (17) ter drogado sua esposa e recrutado dezenas de homens estranhos para estuprá-la ao longo de quase 10 anos.   

A declaração foi dada por Dominique Pelicot ao tribunal de Avignon, no sul da França, em um dos julgamentos mais espetaculares da história recente do país.   

O homem enfrenta diversas acusações, incluindo estupro, estupro coletivo e violação de privacidade ao gravar e divulgar imagens sexuais. Além de Pelicot, outros 50 homens, com idades entre 26 e 76 anos, também são julgados por estupro.   

"Confesso todos os fatos de que sou acusado, sem exceções", declarou ele, admitindo ser "um estuprador" e afirmando que um total de 72 homens abusaram de sua então esposa.   

"Eu sou um estuprador como todos os outros nesta sala. Todos eles sabiam a condição de minha esposa antes de vir, eles sabiam de tudo, não podem dizer não", acrescentou Pelicot.   

Durante o julgamento, o francês enfatizou ainda querer provar que sua esposa, Gisele Pelicot, "foi vítima e não cúmplice" e que todos os atos aconteceram "completamente sem o conhecimento dela", após alguns réus relatarem que o sexo foi consensual.   

"Gisele não merecia", afirmou o ex-marido, que precisou se ausentar do tribunal ontem por crise de pedra nos rins e uma infecção com complicações na próstata.   

O julgamento, que começou no início do mês, está previsto para durar até meados de dezembro. Se forem considerados culpados, os réus podem pegar até 20 anos de prisão.   

Segundo as autoridades, Pelicot documentou todas as violações nos seus arquivos armazenados no seu computador.   

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A história sobre os abusos contra a esposa durante 10 anos, até 2020, só veio à tona quando o francês foi detido enquanto gravava um vídeo no qual filmava três mulheres por baixo de suas saias em um centro comercial.   

Ao vasculhar seu computador, os investigadores descobriram arquivos gravados ao longo de 10 anos com estupros e violências de todos os tipos contra sua ex-esposa. "Mesmo que pareça paradoxal, nunca considerei minha esposa como um objeto, mesmo que infelizmente os vídeos mostrem o contrário", garantiu ele no julgamento.   

Gisele deu início ao processo de divórcio após se reunir com investigadores, para os quais contou que sofria de lapsos de memória e chegou a consultar um ginecologista por dores inexplicáveis. Ela insistiu em um julgamento público para expor seu marido e os outros homens acusados de estuprá-la, tornando-a um símbolo da luta contra a violência sexual na França. (ANSA).   

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