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Testemunhas lembram velocidade do trem e desolação após acidente na Espanha

25/07/2013 14h08

Testemunhas do acidente de trem que deixou pelo menos 80 mortos na quarta-feira na Espanha lembraram da alta velocidade da composição e descreveram um cenário desolador logo depois do ocorrido, com vários cadáveres e incêndio nos destroços.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, declarou três dias de luto nacional devido ao acidente de trem, um dos piores da história do país. Além dos mortos, mais de 150 ficaram feridas, muitas em estado grave.

A composição fazia o percurso entre Madri e Ferrol, na costa da Galícia, quando descarrilou ao entrar em uma curva nas proximidades de Santiago de Compostela, na quarta-feira.

A Companhia Nacional de Transporte Ferroviário da Espanha (Renfe) afirmou que o trem passou uma inspeção técnica na quarta.


Leia abaixo os depoimentos de três pessoas que estavam na composição e outras duas testemunhas que foram à cena do acidente pouco depois que ele aconteceu.

Sergio Prego

Sergio Prego viajava no trem.

"O trem ia em uma velocidade muito alta e, na curva, saiu dos trilhos e tombou. Nós tivemos muita sorte de poder sair do trem vivos", afirmou à rede de rádio espanhola SER.

"Quanto às vítimas... Não faço ideia, mas deve haver muitas", acrescentou.

Guillermo

Guillermo, outro passageiro, também destacou a sensação de que a composição estava viajando a grande velocidade.

"Ela descarrilou quando estava na curva. Eu tive muita sorte de ter sobrevivido. Foi um desastre. Eu não sei quantos morreram, mas foram muitos."

Ricardo Montesco

Ricardo Montesco disse que, juntamente com outros passageiros sobreviventes, ficou preso em um dos vagões.

"Muita gente estava presa na parte inferior. Conseguimos nos libertar para sair do vagão (...) e então percebemos que o trem estava se incendiando."

"Eu estava no segundo vagão e havia fogo... e vi cadáveres", acrescentou.

Francisco Otero, vizinho do local do acidente

Francisco Otero, que mora perto do local onde o trem descarrilou, afirmou que ouviu um estrondo que parecia com um terremoto, no momento do acidente.

"A primeira coisa que vi foi o corpo de uma mulher. Nunca tinha visto um cadáver. Meus vizinhos foram ajudar as pessoas que estavam presas dentro dos vagões e, eventualmente, conseguiram tirá-los com uma serra. Era irreal", disse.

Fernando Becerra

Fernando Becerra trabalha em uma rádio local e mora a um quilômetro do local do acidente. Às 21h05 da noite de quarta-feira, recebeu um telefonema avisando sobre o acidente perto de casa.

Ele então pegou o carro e seguiu para o local, levando apenas entre dez e 15 minutos para chegar.

"Quando saí de casa, (o ar) já cheirava a queimado. Me deixei levar pelo cheiro e cheguei ao acidente", disse ele à BBC Mundo.

"A primeira imagem que tive era de três cadáveres cobertos fora dos trilhos", disse.

Ao andar pelo local, ele encontrou mais cadáveres e acredita que viu entre oito e nove.

O local onde ocorreu o acidente fica na periferia da cidade, segundo o jornalista.

Outro ponto que chamou a atenção foi a organização rápida dos vizinhos para ajudar os feridos.

"As forças de segurança estavam desesperadas. Pediam mantas, água, tábuas de madeira (para retirar os feridos) e a resposta (dos vizinhos) foi imediata."