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Coreia do Norte oferece ajuda aos EUA para investigar ataque virtual à Sony

20/12/2014 12h46

A Coreia do Norte se ofereceu para realizar uma investigação conjunta com os Estados Unidos sobre um ataque virtual à empresa Sony Pictures, negando fortemente acusações dos EUA de que seria responsável pela ação.

O Ministério das Relações Exteriores norte-coreano acusou o governo dos Estados Unidos de "espalhar acusações infundadas" e disse que uma investigação rebateria as alegações.

"Sem recorrer a tais torturas como foram utilizados pela CIA, temos meios para provar que este incidente não tem nada a ver com a gente".

A declaração disse que haveria "graves consequências" caso os americanos rejeitassem a oferta de investigação.

O ataque e ameaças subsequentes contra cinemas levou a Sony a cancelar o lançamento do filme A Entrevista - uma sátira coma trama ligada a uma tentativa de assassinato do presidente norte-coreano Kim Jong-un.

O longa deveria ser lançado no Natal. Mas a Sony disse estar considerando lançá-lo "em uma plataforma diferente".

Na sexta-feira, o FBI, principal agência de inteligência interna dos Estados Unidos, disse ter "informação suficiente" para concluir que o governo da Coreia do Norte estava por trás do ataque cibernético.

Também na sexta, o presidente americano Barack Obama criticou o cancelamento, dizendo que esperava que executivos da Sony tivessem falado com ele antes de cancelar o lançamento.

"Nós iremos responder", disse Obama, sem dar mais detalhes. "Iremos responder à altura, e no lugar, momento e maneira que escolhermos."

"Não podemos viver em uma sociedade em que um ditador qualquer em algum lugar pode começar a impor censura aos Estados Unidos".

Respondendo aos comentários de Obama, o presidente da Sony Pictures, Michael Lynton, disse que o estúdio não tinha cometido um erro ao cancelar o lançamento.

"Nós não cedemos, perseveramos", disse ele à CNN.

Ataques similares

Segundo comunicado divulgado pelo FBI, o malware que invadiu a rede da Sony para roubar informações está vinculado a outro que já se sabia ter sido originado na Coreia do Norte.

Além disso, segundo o FBI, as ferramentas utilizadas são semelhantes às usadas em um ataque realizado em março do ano passado contra bancos e meios de comunicação da Coreia do Sul - e que foi executado pela Coreia do Norte.

"Este tipo de atitudes de intimidação estão fora dos limites aceitáveis", disse o FBI, acrescentando que está engajado em "identificar, perseguir e fazer pagar as consequências para os indivíduos, grupos ou países que usam a internet para ameaçar EUA ou seus interesses."

O correspondente da BBC Mundo em Washington, Thomas Sparrow, explica que o ataque cibernético contra a Sony preocupou a Casa Branca, que o descreveu como um "tema de segurança nacional sério".

Na sexta-feira, o secretário de Segurança Nacional, Jeh Johnson, disse que o ataque dos hackers contra a Sony "não foi somente um ataque contra a companhia e seus empregados", mas também "um ataque contra nossa liberdade de expressão e nossa forma de vida."

No dia 24 de novembro , um grupo de hackers autodenominados "Guardiões da paz" vazou o conteúdo de roteiros de filmes inéditos e de e-mails de altos funcionários da empresa.

Contra e em defesa da Sony

Diversos setores da indústria cinematográfica criticaram a decisão de Sony de optar por adiar a estreia do filme.

O ator George Clooney, entretanto, disse que Hollywood não deveria se deixar abalar por ameaças da Coreia do Norte, mas criticou a falta de respaldo que a Sony recebeu, especialmente de Hollywood.

Em entrevista ao site Deadline, Clooney disse ainda ter elaborado um documento para levar a figuras de destaque da indústria cinematográfica americana na intenção de demonstrar apoio à Sony, mas ninguém quis assiná-lo.

Clooney criticou a mídia por ter se concentrado mais nas revelações feitas pelos arquivos hackeados da empresa do que em investigar quem estava por trás do ataque cibernético.

"As pessoas do FBI dizem que isso pode ter acontecido com o nosso governo. Isso diz muito sobre o quão bom são esses caras (hackers). É um momento grave que deve ser encarada com seriedade, não levianamente. Essa é a coisa mais importante aqui" .

Para o ator, o filme deveria ser lançado na internet.