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Moradores de Londres reagem a referendo com pedido por independência da cidade nas redes sociais

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Imagem: Reprodução

24/06/2016 10h33

O resultado do plebiscito que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia - anunciado na manhã desta sexta-feira - fez com que muitos londrinos favoráveis à permanência do país no bloco lançassem uma campanha bem-humorada pela independência da capital britânica nas redes sociais.

Em um plebiscito realizado na última quinta-feira, 51,9% dos eleitores britânicos votaram pela saída do Reino Unido da UE, contra 48,1% que defenderam a permanência.

Em Londres, no entanto, cerca de 60% dos eleitores preferiram que o Reino Unido continuasse fazendo parte do bloco; as outras regiões britânicas onde a maioria votou pela permanência foram a Escócia e a Irlanda do Norte.

"Londres (parece) outro país. Vamos transformá-lo em um", tuitou o usuário Jason Wiltshire, utilizando a hashtag #IndependenceForLondon (independência para Londres, em português).

"Somos tão bons em organizar plebiscitos, que tal #Independencia para Londres", escreveu outro usuário no Twitter.

Houve ainda quem criasse um partido fictício, dedicado à causa da independência da capital britânica. O London Independence Party (Partido da Independência de Londres) tem pouco mais de 1,3 mil seguidores no Twitter e exibe a bandeira da União Europeia na capa de seu perfil na rede social.

Outro usuário decidiu criar uma petição online pela saída da capital do Reino Unido no site Change. Ele pede que o prefeito de Londres, Sadiq Khan, declare a independência da cidade e peça para que ela possa fazer parte da União Europeia.

"Londres é uma cidade internacional e nós queremos continuar no coração da Europa", diz a petição.

"Mas, sejamos sinceros, o resto do país não concorda. Então, no lugar de votar um contra o outro de maneira passiva-agressiva, vamos fazer um divórcio oficial e nos mudar com nossos amigos no continente".

A petição tinha cerca quase 20 mil assinaturas às 9h desta sexta-feira.

País dividido

O resultado do plebiscito sobre a permanência na UE evidenciou profundas divisões entre os britânicos.

Em grandes cidades como Londres, Manchester, Bristol, Leicester, Leeds e Liverpool, a maioria votou por permanecer na UE, enquanto em cidades menores e zonas rurais predominou a preferência pela saída do bloco.

O que acontece agora?

BBC Brasil

"Os mapas que mostram a predominância dos votos por regiões mostram que esta foi uma vitória do campo sobre as cidades", diz o editor da BBC Mark Easton.

 

Para ele, isso reflete o fato de habitantes de cidades se sentirem mais confortáveis com a globalização e a diversidade, enquanto pessoas que vivem no campo tendem a ter visões mais tradicionalistas.

Easton afirma que o resultado mostra o ressentimento de parte da população britânica contra Londres, vista como a força por trás de uma globalização que não respeita os costumes e o modo de vida britânico.

"A predominância do voto pela permanência na UE em Londres vai ser vista como uma evidência de como a cidade ficou separada (do resto do país)", diz Easton.

Escócia e Irlanda do Norte

Mas, se no caso de Londres, a campanha de independência não passa de uma brincadeira, quando se fala em duas outras regiões que votaram majoritariamente pela permanência na UE - Escócia e Irlanda do Norte - as consequências políticas podem ser maiores.

Em um pronuciamento na manhã desta sexta-feira, a primeira-ministra do governo escocês, Nicola Sturgeon, afirmou que "uma mudança significativa e material nas circunstâncias" deve tornar "muito provável" a realização de um novo plebiscito sobre a independência da Escócia, a exemplo do ocorrido em 2014 e que decidiu pela permanência no Reino Unido.

"Dissemos (os escoceses) claramente que não queremos deixar a União Europeia. Estou determinada a fazer o que seja necessário para garantir que esse desejo seja concretizado", afirmou.

Já o vice-primeiro-ministro do governo da Irlanda do Norte, Martin McGuinnes chegou a propor uma votação sobre uma eventual união da região com a República da Irlanda.