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Por que pais decidiram exibir o carro destroçado em que seu filho morreu

11/07/2016 18h39

Os pais de um homem que morreu quando seu carro foi atingido por outro guiado por um motorista em alta velocidade exibiram os destroços do veículo de seu filho em frente ao Parlamento britânico.

A ação foi parte de uma campanha por mais segurança no trânsito da organização não governamental Brake.

Joseph Brown-Lartey morreu quando seu carro foi cortado ao meio ao ser atingido pelo um veículo dirigido por Addil Harron, em 2014, na Grã-Bretanha.

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Haroon, então com 18 anos, avançou um sinal vermelho a quase 130 km/h em uma área residencial. Ele foi sentenciado mais tarde a seis anos de prisão.

O pai de Brown-Lartey disse que a punição dada ao jovem que matou seu filho fez com que se sentisse "golpeado nos dentes pela segunda vez".

Brown-Lartey tinha 25 anos quando morreu. O pai, Ian, afirmou que foi "muito triste" constatar que Haroon, o responsável por sua morte, teria menos que essa idade ao sair da prisão.

"Você perde seu filho e em seguida o sistema legal no qual você confiava o desaponta", afirmou.

Dawn Brown-Lartey, a mãe de Joseph, disse que não há nada que impeça as pessoas de dirigirem perigosamente.

"Os juízes se baseiam em leis, e essas leis precisam ser mudadas", afirmou ela.

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Horas antes do acidente, Haroon usou seu telefone celular para tirar uma foto do seu velocímetro a quase 230 km/h e enviar aos amigos por mensagem.

No tribunal, ele admitiu ter causado a morte por dirigir perigosamente, sem licença e seguro.

A campanha "Estradas para a Justiça", da ONG Brake, argumenta que as pessoas estão sendo "traídas pelo sistema de Justiça" britânico e pede penas mais pesadas para motoristas que causam mutilações ou mortes.

De acordo com uma pesquisa de opinião realizada a pedido da entidade, 66% dos entrevistados disseram acreditar que motoristas que matam devem cumprir sentenças de prisão de 10 anos.

O levantamento, realizado com 1 mil entrevistados, também descobriu que 91% deles acham que condutores que causam acidentes fatais após ter consumido bebidas alcoólicas ou drogas devem ser acusados de homicídio - o que pode gerar sentenças de prisão perpétua na Grã-Bretanha.

No Brasil, o código de trânsito prevê prisão de dois a quatro anos para homicídios não intencionais (mas as sentenças podem ser maiores se houver fatores agravantes, como dirigir sem carteira de motorista ou não prestar socorro à vítima).

Existe, porém, um debate sobre mortes que resultam de embriaguez ao volante - a Câmara dos Deputados discute a possibilidade de elevar a pena máxima para oito anos de prisão.

"Motoristas que matam ao assumir riscos ilegais são frequentemente classificados como 'descuidados' aos olhos da lei e recebem sentenças brandas", afirmou Gary Rae, diretor de campanhas da Brake.