Polícia prende 8 após ataque em Londres; Estado Islâmico assume autoria
O grupo militante extremista Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque de quarta-feira no Parlamento em Londres, que deixou quatro mortos e 40 feridos.
A informação foi divulgada pela agência Amaq, ligada ao Estado Islâmico.
A Scotland Yard, polícia metropolitana de Londres, já havia divulgado antes que o autor do atentado, que atropelou várias pessoas na ponte de Westminster e tentou invadir a entrada do Parlamento armado de facas, teria sido motivado por "islamismo radical".
A polícia não divulgou seu nome e pediu que sua identidade fosse preservada pela mídia para não prejudicar as investigações.
Segundo a primeira-ministra, Thereza May, sabe-se que ele era britânico e conhecido pela polícia e serviços de inteligência do país.
Ele teria sido investigado há alguns anos por causa de extremismo violento, mas era tido como "figura periférica".
Prisões
A polícia prendeu oito pessoas em batidas realizadas em Londres e Birmingham após o atentado.
O chefe de contraterrorismo da polícia londrina, Mark Rowley, informou que centenas de investigadores foram mobilizados para realizar buscas em seis endereços.
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Três das prisões ocorreram em Birmingham, onde o autor do atentado teria alugado o carro usado no ataque. No entanto, a polícia se recusou a dizer se a ação está ligada ao ocorrido na quarta-feira por "motivos operacionais".
O ataque ocorreu na região da ponte de Westminster, onde um carro em alta velocidade subiu na calçada e atropelou várias pessoas antes de colidir contra a grade nas cercanias do Parlamento.
Um homem com uma faca saiu do veículo e tentou entrar correndo no prédio. Ele esfaqueou um policial que não estava armado e foi atingido por tiros disparados pela polícia.
"Ainda acreditamos, com base nas investigações, que o homem agiu sozinho, inspirado pelo terrorismo internacional. Não temos qualquer informação específica sobre novas ameaças ao público", disse Rowley.
Confira o que se sabe até agora sobre o ataque:
As vítimas
A polícia de Londres confirmou quatro mortes até agora - incluindo a do autor do ataque.
Entre as vítimas está o policial esfaqueado, Keith Palmer, de 48 anos, que fazia a segurança do Parlamento. Ele chegou a receber primeiros socorros - um secretário de governo tentou ressuscitá-lo com respiração boca a boca e um médico que estava por perto aplicou técnicas de reanimação, mas o agente acabou não resistindo e morrendo no local.
Ele trabalhava há 15 anos como policial, era casado e era pai.
"Ouvi os gritos e corri para ajudar. A polícia me deixou entrar, nós fizemos uma massagem cardíaca e passamos 52 minutos tentando reanimá-lo. Fizemos o que podíamos, depois tentamos ajudar os feridos ao redor", contou à BBC Jeeves Wijesuriya, o médico que ajudou nos primeiros socorros no local.
Por ora, sabe-se que a lista de mortos inclui Palmer, o autor do ataque, uma mulher - identificada como Aysha Frade, uma professora de espanhol britânica de 43 anos - e um homem de meia-idade. Esses dois últimos tinham sido atropelados.
Dos 40 feridos, dentre os quais haviam pessoas de diferentes nacionalidades, como estudantes de uma universidade britânica e alunos de uma escola francesa, além de turistas sul-coreanos e romenos, 29 foram levados ao hospital, e 7 ainda estão em estado grave.
Entre as pessoas feridas, estão três policiais atingidos pelo carro, quatro estudantes da Universidade Edge Hill, em Ormskirk, que faziam uma visita no Parlamento britânico, um grupo de crianças francesas que estavam na ponte de Westminster e uma mulher que acabou caindo no rio Tâmisa.
A autoria do ataque
Até o momento, as autoridades vinham falando em apenas um autor - o homem que foi morto pela polícia após esfaquear um agente.
Entretanto, para Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC, "não existe essa coisa de um ataque realizado por um 'lobo solitário'. Pode ter sido perpetrado por só uma pessoa, mas ela estaria em contato com outras".
Nessa linha, a declaração do Estado Islâmico pode indicar que o autor estava em contato com o grupo.
Onde estava Theresa May
No momento do ataque, a premiê estava dentro do Parlamento.
Ela deixou o prédio algumas horas depois e convocou uma reunião com o chamado "Cobra Committee", que reúne ministros e outros oficiais de serviços de emergência, além de agentes de inteligência e de segurança, para discutir possíveis ações após o ataque.
Em pronunciamento no fim do dia, a premiê afirmou que os detalhes do que classificou como "ataque terrorista doente e imoral" ainda estão surgindo.
Segundo ela, a classificação de ameaça de atentado no Reino Unido não será revisada - desde agosto de 2014, o risco é considerado "severo", o que indica que um ataque é altamente provável. É o segundo mais grave - acima, está apenas o risco "crítico", ou seja, iminente.
"O local desse ataque não foi escolhido por caso. Os terroristas escolheram atingir o coração da nossa capital, onde pessoas de todas as nacionalidades, religiões e culturas se encontram para celebrar os valores da liberdade, democracia e liberdade de expressão", afirmou May.
"(Mas) todas as tentativas de derrotar esses valores por meio da violência e do terror estão fadadas ao fracasso."
"Amanhã cedo, o Parlamento irá se reunir normalmente. Iremos nos reunir normalmente. E os londrinos - e outras pessoas de todo o mundo que vêm visitar esta grande cidade -, irão levantar e seguir com seus dias normalmente", acrescentou a primeira-ministra.
"E todos nós seguiremos adiante. Nunca sucumbindo diante do terror. E nunca permitindo que as vozes do ódio e do mal nos afastem."
A reação no Parlamento
Às 14h45 da tarde (11h45 em Brasília), quando ocorreu o ataque, o Parlamento britânico foi fechado e passou a ser evacuado aos poucos.
"Atualmente estou trancado em Westminster com metade da Câmara dos Lordes e vários deputados", relatou um dos representantes que estava no prédio pelo Twitter.
Por volta de 19h30, o Parlamento todo já havia sido evacuado - os parlamentares ficaram trancados por mais de quatro horas na Câmara dos Comuns.
A polícia também pediu à população que evitasse a região, uma das mais movimentadas e turísticas de Londres.
As atividades no Parlamento serão retomadas nesta quinta-feira.
A repercussão no mundo
Líderes de outros países europeus manifestaram solidariedade às vítimas do atentado.
A chanceler alemã Angela Merkel disse ter ficado "profundamente chocada". "Meus pensamentos estão com os feridos, e envio toda a minha solidariedade ao Reino Unido", afirmou pelo Twitter.
"O terrorismo afeta a todos, e a França sabe como os britânicos estão sofrendo hoje", disse o presidente francês, François Hollande.
O governo do Brasil divulgou nota manifestando "sua solidariedade e suas condolências aos familiares e amigos das vítimas" e afirmou que não há registro de brasileiros entre os atingidos pelo ataque.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, elogiou a "rápida resposta" da polícia britânica.
"Nós obviamente condenamos o ataque ocorrido hoje em Westminster, que o Reino Unido está tratando como um ato de terrorismo", afirmou o representante do presidente Donald Trump.
"As vítimas estão em nossos pensamentos e orações. A cidade de Londres e o governo de Sua Majestade tem todo o apoio do governo dos Estados Unidos para responder ao ataque e levar à Justiça os responsáveis."
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