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ONU teme que 200 pessoas tenham morrido em ataques para expulsar o Estado Islâmico de Mosul

25/03/2017 16h27

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem levantado sérias preocupações sobre os relatos sobre o alto número de vítimas civis na cidade iraquiana de Mosul.

Uma funcionária do alto escalão da ONU no Iraque disse estar atordoada por causa dos relatos de "terríveis perdas de vidas", depois de dizer que pelo menos 200 pessoas tinham sido mortas em ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos na região.

Aviões de guerra dos EUA estão apoiando a missão do exército iraquiano para retomar Mosul do grupo extremista Estado Islâmico (EI). Reportagens apontam que uma investigação sobre as mortes está em andamento.

O site de notícias curdo Rudaw afirmou que seu correspondente relatou no dia 23 de março que pelo menos 200 pessoas, principalmente civis, mas também membros do Estado Islâmico, foram mortas.

O jornalista relatou que ocorreu mais de um ataque aéreo no bairro de Jadideh, onde 130 pessoas morreram em uma casa e 100 em outra.

O momento exato dos ataques e o número de vítimas ainda não foram confirmados oficialmente.

Repórteres em Jadideh disseram ter visto 50 corpos sendo retirados dos escombros dos prédios na última sexta-feira. O local foi destruído durante ataques aéreos no início de março.

Investigação

O jornal The New York Times citou oficiais militares dos EUA dizendo que a coalizão estava investigando relatos de mortes de civis após um ataque entre 17 e 23 de março.

O coronel Joseph Scrocca, porta-voz do comando liderado pelos Estados Unidos em Bagdá, disse que "a coalizão abriu uma investigação formal para apurar essa acusação" em Mosul.

"Este processo leva tempo, especialmente quando a data do ataque alegado está em questão", disse ele.

Forças iraquianas vêm travando uma ofensiva há um mês para recuperar o controle de Mosul, o último reduto do Iraque, ocupado desde 2014.

A ONU estima que 400 mil civis iraquianos estão presos na Cidade Velha de Mosul, enquanto as forças do governo lutam para recuperá-la.

Mais de 180 mil civis fugiram do oeste da cidade no mês passado, em meio a temores de que outros 320 mil possam fazer o mesmo nas próximas semanas.

Os moradores que conseguiram fugir dizem que os membros os Estado Islâmico estão usando civis como escudo humano, escondendo-se em casas e forçando jovens a lutar.

Autoridades dos EUA acreditam que há cerca de 2 mil combatentes do Estado Islâmico em Mosul.

Êxodo

Estima-se que 3,3 milhões de pessoas - equivalente a quase 10% da população do Iraque - tenham deixado suas casas desde o início do conflito, no começo de 2014. Os que agora deixam Mosul e seus arredores se juntam a quase meio milhão de pessoas que fugiram da cidade em junho de 2014.

A ONU estima que até um milhão de pessoas possam ser desalojadas em decorrência da ofensiva militar em curso, dentre as quais 700 mil vão precisar de abrigo. Esse pode ser um dos maiores desalojamentos causados pelo homem nos últimos tempos.

O campo de emergência pode acomodar 20 mil famílias - ou 120 mil pessoas. Mas alguns grupos afirmam que esse número pode chegar a mais 50 mil famílias.

Por precaução, a localização desses campos de emergência não pode ser revelada Não há números exatos sobre quantas pessoas permanecem em Mosul, mas a cidade contava com mais de 2 milhões de habitantes quando o Estado Islâmico a tomou mais de dois anos atrás.

A importância de Mosul

O Estado Islâmico controla Mosul desde 2014 e a considera a capital do califado que diz ter criado no norte do país e em partes da Síria.

Há relatos, segundo a Reuters, de que a população da cidade enfrenta um drama humanitário, vivendo sob as rígidas regras sociais do EI, com pouco acesso a comida e diante de um aumento descontrolado de preços de bens e serviços.

A batalha por Mosul é muito importante, pois a vitória do EI em sua investida sobre a cidade foi o ponto de virada do grupo em sua cruzada para assumir o domínio da região.

Perder Mosul seria uma derrota de igual dimensão.