Crise na Venezuela: Maduro anuncia fechamento de três pontes na fronteira com a Colômbia
A decisão foi tomada após a realização de um show do lado colombiano da fronteira que contou com a presença de Juan Guaidó, autoproclamado presidente encarregado da Venezuela; oposição a Maduro havia marcado para este sábado recepção de ajuda humanitária retida nos países fronteiriços.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou neste sábado o fechamento temporário das pontes Simón Bolívar, Unión e Sandander, na fronteira do país com a Colômbia. As pontes são os três principais pontos de conexão terrestre entre a Venezuela e a Colômbia.
A decisão foi tomada após o governo Nicolás Maduro fechar a fronteira com o Brasil em Roraima na noite de quinta-feira, a dois dias da data marcada pela oposição venezuelana para a entrega de ajuda humanitária retida em diferentes pontos da divisa do país com o Brasil e a Colômbia, prevista para este sábado.
Apesar do fechamento, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, viajou a Pacaraima (RR) para acompanhar o deslocamento da ajuda humanitária retida no Brasil até a fronteira.
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"O Governo Bolivariano informa a população que, devido às sérias e ilegais ameaças intencionadas pelo Governo da Golômbia contra A Paz e a soberania da Venezuela, tomou a decisão de fechar total e temporariamente as pontes Simón Bolívar, Santander e Unión", publicou Rodríguez no Twitter, em post compartilhado pela conta oficial de Maduro.
"Quando forem controladas as grosseiras ações de violência contra nosso povo e nosso território, será restabelecida a normalidade fronteiriça", acrescentou.
https://twitter.com/BBCgolmo/status/1099277174421504001
A decisão foi anunciada em meio à crise política vivida pela Venezuela após o parlamentar Juan Guaidó se proclamar presidente encarregado do país, no início de fevereiro. Desde então, mais de 50 países - entre os quais o Brasil - o reconheceram como presidente legítimo da Venezuela, rejeitando o regime chavista de Nicolás Maduro.
A tensão aumentou nos últimos dias com o anúncio da entrega de cerca de 300 toneladas de ajuda humanitária - proveniente principalmente dos EUA - neste sábado em diferentes pontos fronteiriços.
Em resposta, Maduro, que nega a existência de uma crise humanitária na Venezuela, ordenou nesta semana o fechamento das fronteiras com o Brasil e com as ilhas de Aruba, Bonaire e Curaçao. Ele diz que a operação para a entrega da ajuda humanitária integra um plano do governo Donald Trump para tirá-lo do poder à força.
Na sexta-feira, foram realizados dois shows na fronteira Venezuela-Colômbia - do lado colombiano, a "Venezuela Aid Live", liderada pelo empresário britânico Richard Branson em apoio a Guaidó; do lado venezuelano, a "Hands Off Venezuela", em defesa do chavismo.
Na sexta, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, viajou para a Colômbia e se encontrou com Guaidó, a quem chamou de "corajoso líder da transição democrática" no Twitter.
"Guaidó mandou saudações e agradecimentos efusivos ao PR Bolsonaro e ao Brasil pelo apoio a uma Venezuela livre", afirmou Araújo.
Deserções
O correspondente da BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC) na Venezuela, Guillermo Olmo, registrou o momento em que a Guarda Nacional Bolivariana bloqueou neste sábado a passagem em Ureña (Estado de Táchira), na fronteira da Venezuela com a Colômbia.
"A fronteira da Venezuela com a Colômbia amanhece com as passagens fechadas e forte presença da Guarda Nacional e tanques antimotim. Há mal-estar entre a população local, que depende de poder cruzar ao outro lado para sobreviver", afirma Olmos.
Ele também diz que as forças de segurança começaram a reprimir pessoas que queriam passar para o lado colombiano.
"A Guarda Nacional venezuelana lança bombas de gás lacrimogêneo contra os grupos que exigem a abertura da fronteira".
O Escritório de Migrações da Colômbia informou que três membros da Guarda Nacional Bolivariana alocados na ponte entregaram as armas e pediram ajuda do lado colombiano.
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