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Relatório Mueller: o que diz documento que exclui conspiração entre Trump e Rússia durante eleição

Há quase dois anos o procurador especial Mueller investigava a suposta interferência do governo russo na campanha que elegeu Trump - MANDEL NGAN/AFP
Há quase dois anos o procurador especial Mueller investigava a suposta interferência do governo russo na campanha que elegeu Trump Imagem: MANDEL NGAN/AFP

24/03/2019 21h32

Há quase dois anos o procurador especial Robert Mueller estava investigando a suposta conspiração entre a campanha de Trump e governo russo em 2016, quando o republicano foi eleito; neste domingo, o procurador-geral William Barr divulgou um resumo das conclusões da investigação.

A campanha do presidente americano Donald Trump não conspirou com a Rússia durante a eleição de 2016, segundo um resumo do relatório do procurador especial Robert Mueller, que foi apresentado ao Congresso americano neste domingo.

Há quase dois anos Mueller investigava a suposta interferência do governo russo na campanha que elegeu Trump.

O relatório não chegou a uma conclusão sobre se Trump tentou obstruir a Justiça durante a investigação, mas também não isentou o presidente da acusação.

"Embora este relatório não conclua que o presidente cometeu um crime, ele também não o isenta", Mueller escreveu em trecho divulgado neste domingo.

O documento foi resumido em uma carta do procurador-geral (o equivalente ao ministro da Justiça no Brasil) William Barr, enviada ao Congresso.

Depois das informações serem divulgadas, Trump tuítou: "Sem conluio, sem obstrução, completa e total absolvição."

Trump, que descreveu repetidamente a apuração de Mueller como uma caça às bruxas, disse neste domingo que "era uma pena que o país tivesse que passar por isso", descrevendo a investigação como uma "derrubada ilegal que fracassou".

Nos dois anos de trabalho de Mueller, alguns dos ex-assessores mais próximos do presidente foram processados e, em alguns casos, presos.

O que diz o resumo do relatório?

A carta-resumo de Barr descreve as conclusões da investigação sobre os esforços russos para influenciar as eleições presidenciais de 2016.

O procurador-geral concluiu: "O procurador especial não descobriu que qualquer pessoa dos EUA ou funcionário da campanha de Trump conspirasse ou coordenasse intencionalmente com a Rússia".

A segunda parte da carta aborda a questão da obstrução da Justiça.

"Ao catalogar as ações do presidente, muitas das quais aconteceram às vistas do público, o relatório não identifica ações que, em nosso julgamento, constituam conduta obstrutiva", escreveram o procurador-geral e o vice-procurador geral, Rod Rosenstein.

Entre essas ações tomadas publicamente está a decisão de Trump, em 2017, de demitir o então diretor do FBI James Comey. Na época, Comey investigava as supostas interferências da Rússia nas eleições do ano anterior, o que depois foi assumido por Mueller.

Barr diz que as provas não foram suficientes para "estabelecer que o presidente cometeu o crime de obstrução da Justiça".

"O procurador especial, portanto, não chegou a uma conclusão - de um lado ou de outro - sobre se a conduta examinada constituía obstrução", continua o documento.

Barr termina sua carta ao Congresso dizendo que vai divulgar mais passagens do relatório, mas que parte do material está sujeita a restrições.

"Solicitei a assistência do procurador especial para identificar todas as informações contidas no relatório o mais rápido possível."

Como foi a investigação?

Durante as investigações sobre a suposta interferência russa, várias reuniões entre membros sêniors da equipe de Trump e funcionários russos vieram à tona por meio de depoimentos de envolvidos no caso ao Congresso.

Além disso, Mueller fez acusações contra pessoas do círculo íntimo de Trump.

O ex-conselheiro do republicano Roger Stone foi acusado de mentir ao Congresso sobre seus contatos com o Wikileaks, que divulgou e-mails de funcionários democratas, supostamente hackeados por russos.

O ex-advogado de Trump, Michael Cohen, disse que o presidente sabia de antemão sobre a divulgação dos e-mails. Cohen admitiu mentir ao Congresso, violações de financiamento de campanha e evasão fiscal e recebeu uma sentença de 36 meses de prisão.

O ex-presidente da campanha, Paul Manafort, mentiu ao FBI sobre seu trabalho na Ucrânia, de acordo com Mueller, com o qual ele decidiu cooperar. Manafort foi preso por fraude bancária.

Qual foi a reação?

O congressista Jerry Nadler, presidente democrata do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes, enfatizou que o procurador-geral não descartou que Trump possa ter obstruído a Justiça.

"Barr diz que o presidente pode ter agido para obstruir a Justiça, mas que, para uma condenação por obstrução, 'o governo precisaria provar, além de qualquer dúvida razoável, que uma pessoa, agindo com intenção de corromper, engajou-se em conduta obstrutiva'."

O senador democrata Richard Blumenthal, membro do Comitê Judiciário do Senado, disse que apesar da falta de evidências para apoiar "uma conspiração criminosa" digna de punição, restam dúvidas sobre o envolvimento de Trump.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, descreveu as conclusões do relatório como "uma total e completa exoneração do presidente".

O advogado de Trump, Rudy Giuliani, disse que o relatório é "melhor do que eu esperava".

Já o senador republicano Mitt Romney saudou a "boa notícia", tuitando que agora é "hora de o país avançar".


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