Brexit: May se compromete a deixar o cargo se acordo for aprovado
Em reunião com seus correligionários do Partido Conservador, a premiê afirmou que sairia de cena se o texto finalmente passasse pelo Parlamento.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, prometeu a seus correligionários que deixará o cargo caso eles aprovem sua proposta de acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia.
"Estou pronta para entregar o cargo antes do que pretendia para fazer o que é certo para nosso país e nosso partido", disse ela na quarta-feira em reunião do Comitê 1922, que reúne os membros do Partido Conservador na Câmara dos Comuns.
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May acrescentou que sabia que os parlamentares de seu partido não queriam que ela conduzisse a próxima fase de negociações do Brexit e que "não seria obstáculo".
Ela não chegou a fixar uma data para saída. A repórter da BBC Laura Kuenssberg tem informações de que a disputa pela liderança do partido poderia acontecer em maio.
O governo alertou, porém, que a situação mudará de figura se o acordo não passar pelo Parlamento.
Na noite do mesmo dia, os parlamentares britânicos votaram oito planos alternativos para o Brexit - todos foram rejeitados. Entre as propostas, estava realizar um segundo referendo e deixar a União Europeia sem acordo em 12 de abril.
A votação aconteceu após os parlamentares assumirem o controle da agenda da Casa na segunda-feira.
Aos cerca de 300 presentes na reunião do comitê na quarta, May afirmou que eles precisavam "aprovar o acordo e entregar o Brexit".
"Eu peço a todos que estão nesta sala que apoiem o acordo para que nós possamos cumprir nosso dever histórico - tornar concreta a decisão do povo britânico e deixar a União Europeia de forma ordeira e tranquila."
Sucessão à vista
O repórter de política da BBC Iain Watson afirmou que Boris Johnson - candidato natural em qualquer disputa pela liderança do partido - estava sorrindo de orelha a orelha na saída da reunião.
O correspondente pontuou ainda que um dos caciques do partido comentou que a primeira-ministra tinha se expressado "mais claramente do que em qualquer momento até então" sobre uma eventual saída do cargo nos próximos estágios do Brexit e sobre o cenário caso o acordo não vá adiante.
O parlamentar conservador Simon Hart disse que o clima da reunião, em que a ministra expôs seus planos, foi "respeitoso".
"Ela estava empenhada em aprovar o acordo, em manter o partido unido, manter o governo como governo e Jeremy Corbin (líder do Partido Trabalhista, de oposição) longe do posto de primeiro-ministro."
Apesar do tema duro do encontro, Hart brincou que "nem o Chief Whip (líder do partido que tem a função de garantir que os membros do Parlamento da sigla votem de acordo com as determinações da legenda) nem a primeira-ministra estavam chorando".
May disse querer levar o assunto à Câmara dos Comuns ainda nesta semana. Seu acordo já foi rejeitado duas vezes no Parlamento, por larga margem.
Diante da proximidade da data inicial estipulada para o Brexit, 29 de março, os parlamentares votaram no último dia 14 para que esse prazo fosse prorrogado.
Presidente da Câmara quer mudanças na proposta
John Bercow, presidente da Câmara dos Comuns, decidiu na semana passada que o governo não poderia submeter o acordo a uma terceira rodada no Parlamento a não ser que o texto tivesse passado por mudanças "substanciais".
Ele advertiu os ministros que "não tentassem contornar a decisão" apresentando medidas que pudessem reverter a determinação.
Um porta-voz do governo afirmou que tinha havido "progresso significativo" na reunião com a União Europeia em Bruxelas na última semana, quando May concordou em dar garantias extras a respeito da fronteira entre as Irlandas, e que a data para a saída do país do bloco havia, de fato, mudado.
Muitos dos membros do Partido Conservador favoráveis ao Brexit estão atentos às reações do Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), da Irlanda do Norte, que tem liderado o movimento de oposição ao acordo de May, antes de decidir apoiar ou não o plano.
"Acho que chegamos ao ponto que sair de maneira legal é melhor do que não sair de jeito nenhum", disse à BBC Jacob Rees-Mogg, presidente do Grupo de Pesquisa Europeu dos conservadores pró-Brexit.
"Uma fatia de pão é melhor do que pão nenhum."
Ele disse que a única condição para que apoiasse o acordo é que May convença o DUP a endossar a proposta.
"Não vou abandonar o DUP porque acho que eles são os guardiões da coesão do Reino Unido", ressaltou.
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