Mãe luta para evitar que assassino da filha seja solto sem revelar paradeiro do corpo
Uma mãe luta no Reino Unido para impedir que o assassino de sua filha seja libertado da prisão sem revelar paradeiro do corpo da jovem.
Danielle Jones, de 15 anos, desapareceu em 2001 quando saiu de casa para pegar o ônibus da escola em East Tilbury, em Essex, na Inglaterra.
No ano seguinte, um tio da adolescente, Stuart Campbell, foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato dela. Mas até hoje se recusa a dizer o que fez com o corpo.
"Essa é a única coisa que ainda me perturba um pouco é não saber onde ela está", afirma Linda Jones, de 59 anos, mãe da vítima. "Pode ser que eu nunca descubra onde está minha filha."
'Lei de Helen'
Campbell foi condenado pelo júri à prisão perpétua, sendo obrigado a cumprir uma pena mínima de 20 anos para ter direito à liberdade condicional.
Como ele pode ser solto daqui a dois anos, Linda Jones apela para a adoção da chamada "Lei de Helen" - que tem esse nome por causa de Helen McCourt, assassinada em Merseyside em 1988 e que até hoje não teve o corpo encontrado.
A mãe de McCourt lidera uma campanha pelo texto, que prevê impedir a concessão de liberdade condicional a assassinos que escondem o paradeiro dos corpos de suas vítimas.
A manhã do crime
Linda e Tony Jones, pai de Danielle, pensam na filha todos os dias - na jovem que amava seus coelhos de estimação, a banda Steps e o cantor Robbie Williams.
Caçula de três irmãos, ela era uma típica adolescente, que cantava música pop no quarto e queria trabalhar com crianças ao sair da escola.
Danielle foi vista pela última vez perto de sua casa em East Tilbury na manhã de 18 de junho de 2001. Ela estava, como milhares de outras crianças naquele dia, indo pegar o ônibus para a escola.
Mas Danielle nunca entrou no ônibus e tampouco chegou até a St. Clere's School.
Pouco depois das 8h, ela foi sequestrada e assassinada por seu tio Stuart Campbell, um familiar próximo à época.
Campbell, que tinha entrado para a família Jones, tinha uma fascinação por garotas adolescentes.
Ele escondia um passado criminoso violento que remonta a 1976, quando, aos 18 anos, foi preso por quatro anos.
Assassino desmascarado
Campbell, que trabalhava como construtor no Sudeste da Inglaterra, selaria seu destino ao mentir sobre seu paradeiro na manhã em que Danielle desapareceu.
Ele disse estava a quilômetros de distância, em uma loja de bricolagem em Rayleigh.
Mas a triangulação dos sinais de celular --que à época do julgamento era uma técnica forense nova - provou que não era verdade.
Ele alegou ter recebido mensagens de texto de Danielle após seu desaparecimento, sugerindo que ela estava tendo problemas em casa.
Uma mensagem dizia: "Oi, Stu. Obrigada por ser tão legal, o melhor tio de todos! Diga à mamãe que eu sinto muito. Te amo demais, Dan XXX"
Essa evidência seria mais uma vez decisiva. A mensagem tinha sido enviada quando os telefones de Danielle e de Campbell estavam no mesmo lugar.
Além disso, a garota não escrevia mensagens em caixa alta.
Campbell, que se declarou inocente, foi julgado em Chelmsford Crown Court, em 2002.
Ele foi condenado pelo júri à prisão perpétua. Mas mesmo depois de ter sido preso, se recusou a compartilhar o paradeiro do corpo de Danielle.
Buscas
Foram realizadas buscas exaustivas pelo corpo na época do desaparecimento de Danielle.
Mais de 900 policiais e equipes de apoio participaram das operações de busca em 2001 e 2002, quando 1.500 locais diferentes foram vasculhados e toneladas de terra, removidas.
Mas a investigação, que custou o equivalente a R$ 8,3 milhões, não encontrou nada.
A polícia de Essex prometeu, no entanto, que o caso de Danielle não seria encerrado até que o corpo da adolescente fosse encontrado.
Há dois anos, os policiais realizaram buscas em garagens perto da antiga casa de Campbell, em Thurrock, após receber uma denúncia.
Naquela ocasião, Linda Jones disse que chegou a ficar "realmente esperançosa" de que seu "pesadelo" chegaria ao fim. Mas, mais uma vez, as buscas não tiveram sucesso.
"É como se ela tivesse sido descartada. É de cortar o coração. Preciso colocá-la em algum lugar, onde ela esteja segura - e não sei se algum dia vamos conseguir", diz a mãe.
"Como não temos um túmulo ou lugar para onde ir, é muito importante mantermos a memória dela viva", completa.
Linda Jones escreveu o relato abaixo, lido durante o julgamento de Campbell em 2002, em que conta como ela e o marido Tony foram afetados pelo assassinato de Danielle:
"O desaparecimento dela foi um acontecimento que mudou nossas vidas, que eu e minha família nunca vamos aceitar, e tenho dúvidas de que um dia as coisas voltem a ser como antes para nós."
"Quando Danielle desapareceu, era totalmente impensável que ela estivesse morta. Nas primeiras semanas eu não conseguia dormir, não saía de casa e não trancávamos a porta da frente para o caso de Danielle voltar."
"Parecia um sonho ruim, que não era real, que não estava acontecendo com a gente. Acho que depois de algumas semanas sem novidades, eu sabia que ela não voltaria para casa. Demorou muito para Tony dizer que Danielle não voltaria para casa."
"Nós dois estamos com raiva e esses sentimentos de raiva às vezes emergem e causam turbulência em nosso relacionamento. A coisa toda acabou com a gente."
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