Topo

Policial dispara pela janela e mata mulher negra em seu quarto, nos EUA

14/10/2019 16h23

Vizinho chamou polícia para verificar se Atatiana Jefferson, de 28 anos, estava bem. Policial disse que percebeu "uma ameaça" e atirou. Ele foi suspenso de suas atividades.

Uma mulher negra foi morta a tiros pela polícia, pela janela do seu quarto, nas primeiras horas da manhã do sábado (12), após um pedido de seu vizinho para verificar se ela estava bem.

Atatiana Jefferson, de 28 anos, estava em sua casa, em Fort Worth, no estado americano do Texas, acompanhada do sobrinho de oito anos.

Um vizinho telefonou para a polícia depois de ficar preocupado ao ver a porta da frente da casa de Atatiana aberta durante a noite.

A polícia divulgou imagens que mostram um policial atirando alguns segundos depois de vê-la dentro da casa. O registro foi feito por meio de uma câmera acoplada ao uniforme do policial.

O vídeo mostra o agente fazendo buscas nos arredores da casa, antes de notar uma figura na janela. Depois de solicitar que a pessoa levantasse as mãos, um policial faz um disparo através do vidro.

O Departamento de Polícia de Fort Worth disse em comunicado que o policial, que é um homem branco, "percebeu uma ameaça" quando sacou a arma.

Ele foi suspenso de suas atividades enquanto aguarda o término de uma investigação, acrescentaram as autoridades.

O caso gerou polêmica nos Estados Unidos, com acusações de racismo contra a polícia.

Dúvidas sobre arma

O incidente aconteceu por volta das 2h30 (3h30 horário de Brasília), na manhã de sábado.

No vídeo, que foi editado, os policiais em nenhum momento se identificam como agentes de polícia.

Tampouco há imagens de dentro da casa. No entanto, o registro mostra uma arma que a polícia diz ter encontrado dentro do quarto.

Não está claro se Atatiana estava segurando uma arma no momento em que foi alvejada, mas a posse de armas de fogo é legal para pessoas com mais de 18 anos no Texas.

A polícia disse que os agentes chegaram a prestar atendimento médico de emergência à mulher, mas Atatiana foi declarada morta no local.

"Inaceitável"

Atatiana jogava videogame com o sobrinho antes de decidir averiguar o barulho que vinha do lado de fora da casa, segundo um advogado que representava sua família.

"Sua mãe ficou muito doente recentemente, então ela estava cuidando da casa. Ela amava sua vida", disse o advogado Lee Merritt no Facebook. "Não havia motivo para ela ser assassinada. Nenhum. Precisamos de justiça."

Atatiana era graduada em uma universidade e trabalhava com vendas de equipamentos farmacêuticos, acrescentou o advogado.

O incidente ocorre menos de duas semanas depois que um policial de folga foi preso por atirar e matar um homem negro, Botham Jean, em seu próprio apartamento em Dallas, a menos de 55 km do local onde Atatiana foi morta.

A NAACP, entidade que representa pessoas não-brancas, classificou a morte de Atatiana como "inaceitável".

O vizinho James Smith, de 62 anos, disse que decidiu chamar a polícia depois de ver a porta aberta e suspeitar que algo estava errado na casa de Atatiana.

"Estou abalado. Estou bravo. Estou chateado. E sinto que é parcialmente minha culpa", disse Smith ao jornal Star Telegram. "Se não ligasse para a polícia, ela ainda estaria viva."