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Impeachment: Trump é inocentado em julgamento no Senado e segue presidente

Presidente dos EUA, Donald Trump - JONATHAN ERNST
Presidente dos EUA, Donald Trump Imagem: JONATHAN ERNST

05/02/2020 18h48

Em votação histórica que durou pouco mais de meia hora, a maioria dos senadores americanos votou, hoje, pela absolvição do presidente Donald Trump, que havia sofrido impeachment pela Câmara alguns meses antes. Com o desfecho, que já era esperado, Trump permanece na Presidência para disputar a reeleição em 3 de novembro.

No julgamento da primeira acusação (ou, no termo técnico, artigo de impeachment), 52 senadores votaram a favor de Trump, e eram necessários dois terços da Casa (67) para que ele fosse condenado e removido do cargo — os votos pela condenação foram 48. O placar foi semelhante na votação da segunda acusação: 53 a 47 em favor de Trump.

O processo de impeachment reforçou a polarização partidária nos EUA: enquanto a Câmara, de maioria democrata (oposição), defendeu a saída do presidente, o Senado, de maioria republicana (partido de Trump), o absolveu.

Trump era acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso.

A primeira acusação remete a um telefonema, em julho passado, entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicando que o americano estava pressionando o líder da Ucrânia a investigar Joe Biden — pré-candidato democrata para a eleição de novembro — em troca de uma ajuda militar financeira americana.

Diferentes testemunhas ouvidas pela Câmara afirmaram que houve uma tentativa de pressionar os ucranianos, algo que Trump negou, dizendo-se vítima de uma "caça às bruxas" partidária.

Críticos afirmam que isso configura tentativa de influenciar as eleições americanas com a ajuda de um país estrangeiro.

Alguns senadores republicanos afirmaram publicamente considerar a conduta de Trump reprovável, mas não o suficiente para afastá-lo do cargo, preferindo a avaliação do povo americano nas urnas.

Um ponto importante, porém, é que o proeminente senador Mitt Romney votou a favor da condenação de Trump por abuso de poder, tornando-se o único republicano a defender a saída de Trump e contrariando a maioria de seu partido.

A segunda acusação da Câmara, de obstrução do Congresso, tentava imputar ao presidente uma suposta tentativa de dificultar as apurações legislativas sobre sua conduta. A acusação também foi rejeitada.

Trump é o terceiro presidente americano a passar pelo processo de impeachment. Antes dele, foram Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998. Ambos sofreram o impeachment pela Câmara, mas depois foram absolvidos em seus julgamentos no Senado.

Plenário do Senado dos EUA durante julgamento de impeachment do presidente Donald Trump - Handout . - Handout .
Plenário do Senado dos EUA durante julgamento de impeachment do presidente Donald Trump
Imagem: Handout .

Polêmica das testemunhas

O Senado sinalizava pela absolvição do presidente desde o início do processo e isso foi reforçado na sessão de sexta-feira passada, quando a maior parte dos senadores votou contra a convocação de mais testemunhas no caso.

A principal testemunha que deixou de depor é o ex-conselheiro nacional de segurança republicano John Bolton, que, segundo relatos sobre seu livro prestes a ser lançado, tem afirmado que Trump, em maio de 2019, lhe disse diretamente que não liberasse ajuda militar de quase US$ 400 milhões à Ucrânia até que o governo ucraniano concordassem em investigar Biden e seu filho, Hunter.

Isso é central no debate em torno do impeachment, já que Trump é acusado de usar a ajuda militar em questão para pressionar o governo ucraniano a investigar um adversário eleitoral — o que, para críticos, configurou tentativa de interferência nas eleições americanas e abuso de poder.

Trump, em contrapartida, chamou de mentirosa a fala atribuída a Bolton.

Já o advogado de Trump disse, durante as sessões no Senado, que tudo que um presidente faz a serviço de sua própria reeleição pode ser considerado de interesse público e, portanto, não passível de impeachment.

A partir de agora, com a absolvição de Trump, a expectativa é de que tanto governistas quanto oposição voltem suas atenções à campanha eleitoral e às primárias democratas, que definirão o candidato a enfrentar o presidente nas urnas em 3 de novembro.