O que se sabe sobre o assassinato do cientista mais importante do programa nuclear iraniano
As agências de inteligência ocidentais viam Fakhrizadeh como o mentor do programa secreto de armas nucleares do Irã. De acordo com vários desses relatórios, ele foi o "criador da bomba iraniana"
Mohsen Fakhrizadeh, o principal cientista do programa nuclear do Irã, foi assassinado nesta sexta (27) perto da capital Teerã, segundo o Ministério da Defesa do país.
Fakhrizadeh, 62, morreu enquanto recebia tratamento em um hospital após ser atacado no condado de Damavand.
Agências de notícias iranianas relataram que os agressores explodiram um carro-bomba perto do carro do cientista e depois atiraram nele.
As agências de inteligência ocidentais viam Fakhrizadeh como o mentor do programa secreto de armas nucleares do Irã. De acordo com vários desses relatórios, ele era o "criador da bomba iraniana".
O chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, condenou o crime, além de vincular Israel ao ocorrido.
"Terroristas assassinaram um eminente cientista iraniano hoje", escreveu Zarif em uma postagem no Twitter.
"Esta covardia, com sérios indícios de participação israelense, mostra o belicismo desesperado dos assassinos. O Irã apela à comunidade internacional, e especialmente à União Europeia, para que ponha fim à sua vergonhosa política de dois pesos e duas medidas e condene este ato de terror de Estado".
O governo iraniano disse que Fakhrizadeh agora é um "mártir". Ele ocupava o cargo de chefe da Organização de Pesquisa e Inovação do Ministério da Defesa.
A notícia do assassinato surge em meio à crescente preocupação internacional com o aumento da quantidade de urânio enriquecido produzido pelo Irã. O urânio enriquecido é um importante componente para a geração de energia nuclear, mas também pode ser usado na fabricação de armas nucleares.
Teerã tem afirmado historicamente que seu programa nuclear tem exclusivamente fins pacíficos.
O ataque
O Ministério da Defesa iraniano informou que "depois de um confronto entre os terroristas e os guarda-costas de Fakhrizadeh, o cientista ficou gravemente ferido e foi levado às pressas para o hospital".
A agência de notícias Fars, ligada à Guarda Revolucionária Iraniana (divisão das forças armadas do Irã), publicou na sexta-feira as fotos de dois veículos ligados ao ataque a Fakhrizadeh.
As imagens mostraram vários buracos no para-brisa do carro do cientista. Outra imagem, que não é muito clara, mostra os estragos de uma aparente explosão. A Fars citou testemunhas que explicaram que primeiro ouviram uma explosão e depois tiros.
O cientista foi levado a um hospital mas morreu poucos minutos após ser internado.
"Infelizmente, a equipe médica não conseguiu reanimá-lo e, poucos minutos atrás, o administrador e cientista alcançou o alto status de mártir após anos de esforço e luta", disse o Ministério da Defesa.
Fakhrizadeh nasceu em 1958 na cidade de Qom, no Irã. Ele era professor de física e apontado por agências de inteligência ocidentais como sendo o diretor do "Projeto Amad", o suposto programa secreto de 1989 para promover a fabricação de uma bomba nuclear.
O programa foi cancelado em 2003, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica.
'Faremos com que eles se arrependam'
O comandante do Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, disse que o Irã vingará o assassinato do cientista.
"O assassinato de cientistas nucleares é a violação mais óbvia da hegemonia global para impedir nosso acesso às ciências modernas", disse Salami.
O assessor militar do aiatolá Ali Khamenei, o "líder supremo" iraniano, também prometeu vingança contra os responsáveis pelo crime.
"Vamos atacar como um trovão os assassinos deste mártir caído e fazê-los se arrepender de sua ação", tuitou Hossein Dehghan.
A morte de Fakhrizadeh se junta à de quatro outros cientistas nucleares iranianos que foram assassinados entre 2010 e 2012. O Irã acusou o Estado de Israel de estar envolvido em um complô para assassinar seus cientistas.
Fakhrizadeh foi nominalmente citado em 2018 pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, quando ele apresentou uma extensa investigação sobre o programa nuclear iraniano.
"Lembre-se desse nome", disse o primeiro-ministro israelense. Não houve nenhum comentário imediato de Israel sobre a notícia do assassinato.
O Pentágono dos EUA também não fez nenhuma declaração sobre o caso, de acordo com a Reuters.
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