Disputa entre facções deixa ao menos 116 mortos em prisão do Equador
Um confronto entre facções rivais em uma prisão na cidade de Guayaquil, no Equador, deixou pelo menos 116 mortos e 80 feridos. Todos eram detentos.
Os conflitos e óbitos ocorreram a partir da noite de terça-feira (28/9), mas só nesta quarta o presidente equatoriano Guillermo Lasso confirmou o número de mortos.
"É lamentável que as prisões estejam se tornando território de disputas de poder por facções criminosas. O Estado equatoriano vai agir, devemos agir, e a primeira decisão que tomamos é declarar o estado de exceção do sistema penitenciário em todo o território equatoriano", disse o presidente em entrevista coletiva.
O número de mortos no Equador é superior ao do maior massacre já registrado em uma prisão no Brasil — no Carandiru, em São Paulo (SP), quando 111 pessoas morreram em 1992.
Desesperados, familiares de detentos foram para o entorno da prisão exigir informações oficiais sobre vítimas e pedir proteção para prevenir novas mortes. Alguns também se dirigiram a um necrotério ao sul de Guayaquil em busca de informações sobre parentes.
Granadas e decapitações
Fausto Buenaño, comandante da polícia local, afirmou na terça-feira que as gangues que entraram em confronto estavam tentando tomar o controle de um pavilhão da prisão.
Tiros e explosões em vários pavilhões acionaram as autoridades, que encontraram corpos feridos por balas e granadas.
O jornal El Comercio noticiou que várias vítimas foram mutiladas. Em cinco casos houve decapitações. Em outros, cortes de membros.
Na terça, o Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (SNAI) afirmou que o "incidente teria começado devido a conflitos entre gangues de criminosos em um pavilhão do centro penitenciário".
Em entrevista à rádio FM Mundo, Bolívar Garzón, diretor do SNAI, declarou: "Não tem sido fácil. Ontem (terça-feira) a polícia assumiu o controle às 14h, mas ontem à noite houve outros tiroteios, explosões. Hoje de manhã já tomamos o controle total e estamos entrando nos pavilhões envolvidos no conflito e descobrindo mais corpos."
"É realmente uma tragédia, é algo tremendo o que está acontecendo — essa luta entre grupos criminosos organizados que, buscando poder interno, chegam a estes níveis (de violência). A situação é realmente terrível", afirmou Garzón.
Este é o terceiro grande conflito registrado em uma prisão equatoriana em 2021.
Os dois anteriores ocorreram em fevereiro e julho e deixaram 79 e 22 mortos, respectivamente.
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