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Invasão de bolsonaristas em Brasília: em resumo, os acontecimentos até agora

Cerca de 300 pessoas já foram presas, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal - Reuters
Cerca de 300 pessoas já foram presas, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal Imagem: Reuters

09/01/2023 07h34Atualizada em 10/01/2023 06h48

Prédios públicos, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, foram invadidos e depredados na tarde do domingo (8). Já na madrugada de segunda (9), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por 90 dias.

Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram protestar em Brasília neste domingo (8/1), onde invadiram e depredaram prédios públicos, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

Confira a seguir uma linha do tempo dos fatos que aconteceram até agora:

  • Na tarde do domingo (8), por volta das 14h, um grupo de cerca de 4 mil bolsonaristas que estava concentrado na frente do Quartel-General do Exército em Brasília se deslocou para a Esplanada dos Ministérios, escoltados pela Polícia Militar do Distrito Federal, em um trajeto de cerca de 7 quilômetros;
  • Às 15h, na Praça dos Três Poderes, centenas de pessoas subiram as rampas que dão acesso ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto. Pouco depois, às 15h45, parte do grupo se dirigiu até o prédio do STF;
  • Uma parcela dos bolsonaristas subiu na laje do congresso, enquanto um outro grupo ingressou no Salão Verde e no plenário do Senado Federal. As imagens também mostram bolsonaristas dentro dos salões e dos gabinetes do Palácio do Planalto e do plenário do STF, com destruição de vidraças, móveis, equipamentos e obras de arte;
  • Por volta das 17h, agentes de segurança conseguiram retomar o prédio do STF e expulsar os invasores. Conforme mais policiais chegavam ao local, os demais prédios também foram esvaziados aos poucos. Mesmo assim, os apoiadores de Bolsonaro continuaram nas proximidades da Praça dos Três Poderes;
  • O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi exonerado do cargo pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Torres foi ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro e atualmente está de férias nos Estados Unidos. Pouco antes de ser desligado do cargo, ele postou no Twitter que "criminosos não sairão impunes" e que "é inconcebível a desordem e inaceitável o desrespeito às instituições".
  • Às 18h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento em Araraquara, no interior de São Paulo. Ele visitava a cidade, que sofreu danos por causa das fortes chuvas registradas nos últimos dias. Durante o discurso, Lula decretou intervenção federal na área de Segurança Pública do Distrito Federal até 31 de janeiro e designou o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Garcia Cappelli, como interventor. "Não existe precedente ao que essa gente fez e, por isso, essa gente terá que ser punida", afirmou.
  • O que é a intervenção federal decretada por Lula no Distrito Federal
  • Pouco depois, o governador do DF, Ibaneis Rocha, gravou um vídeo em que pede desculpas pela invasão diretamente a Lula, à presidente do STF, Rosa Weber, e aos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (PSD). "São verdadeiros vândalos. Verdadeiros terroristas que terão de mim todo o efetivo combate para que sejam punidos", afirmou;
  • A invasão de Brasília gerou uma série de manifestações de personalidades públicas do Brasil e do mundo. Nos EUA, congressistas do Partido Democrata defenderam a extradição de Bolsonaro, que está na Flórida desde 31 de dezembro. "Nós devemos nos solidarizar com o governo democraticamente eleito de Lula. Os Estados Unidos devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida", afirmou Alexandria Ocasio-Cortez, deputada por Nova York;
  • Durante a noite, com a retomada dos prédios públicos, jornalistas, congressistas e representantes do governo Lula conseguiram avaliar a situação. Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social, divulgou um vídeo gravado no Palácio do Planalto, em que é possível ver a destruição de monitores, impressoras, telefones, obras de arte e móveis;
  • Em coletiva de imprensa realizada por volta das 20h30, o ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou a invasão como "terrorismo e golpismo". Ele também afirmou que a investigação focará em quem foram os financiadores desses atos;
  • Às 21h, Lula chegou a Brasília e foi conferir os danos no Palácio do Planalto e no STF. Nas redes sociais, o presidente escreveu: "Os golpistas que promoveram a destruição do patrimônio público em Brasília estão sendo identificados e serão punidos. Amanhã retomamos os trabalhos no Palácio do Planalto."

Segunda-feira, 9 de janeiro

  • Já na madrugada de segunda-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o afastamento de Ibaneis Rocha do governo do DF. O decreto vale por 90 dias. A decisão do ministro foi dada em resposta a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC);
  • Quem é Ibaneis Rocha, governador afastado por decisão de Alexandre de Moraes
  • Na manhã de segunda, foram registradas manifestações em algumas cidades. Em São Paulo, bolsonaristas atearam fogo em pneus e entulhos na Marginal Tietê, mas a via foi liberada após 1h40 de interdição;
  • Após ordem do ministro Alexandre de Moraes, o acampamento de bolsonaristas na frente do Quartel-General do Exército em Brasília foi desmantelado. O mesmo aconteceu em outras estruturas do tipo espalhadas por várias cidades;
  • O Palácio do Planalto divulgou uma nota que faz um balanço inicial das obras de arte que foram depredadas. O texto informa que a Galeria dos Ex-Presidentes está "totalmente destruída" e o corredor do 2º andar que dá acesso às salas dos ministérios foi "brutalmente vandalizado".
  • As obras de arte vandalizadas nas invasões em Brasília
  • Michele Bolsonaro, mulher do ex-presidente Bolsonaro afirmou nas redes sociais que o marido foi internado em um hospital na Flórida, nos Estados Unidos, por conta de um desconforto abdominal.
  • Em coletiva de imprensa realizada no final da tarde, Flávio Dino apontou que 1.200 pessoas foram detidas após as invasões em Brasília. Elas foram encaminhadas à Academia Nacional da Polícia Federal e são ouvidas por 50 equipes da Polícia Judiciária Federal.
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  • Em uma petição à qual a BBC News Brasil teve acesso, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes que inclua o nome do ex-presidente Bolsonaro no inquérito que apura as invasões. Calheiros também pediu que seja determinado o retorno imediato de Bolsonaro ao Brasil e, em caso de descumprimento, seja decretada a prisão preventiva do ex-presidente.
  • Centenas de manifestantes se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, em uma manifestação contra as invasões que ocorreram em Brasília. Os atos pró-democracia também foram registrados em outras 16 capitais, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife.
  • No início da noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com os governadores de 23 Estados. "Não vamos permitir que a democracia escape de nossas mãos porque é a única chance da gente garantir que esse povo humilde coma três vezes ao dia, ou ter direito de trabalhar", disse. Em seguida, o presidente caminhou com ministros do STF e os governadores e representantes de todos os Estados até o prédio do Supremo Tribunal Federal.

Confira o antes e depois dos prédios públicos vandalizados

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