Escritor sírio Abud Said mostra seu estilo provocador em São Paulo
O sírio Abdul Said conta que não pretendia ser escritor, mas que acabou se tornando um quase que por acaso. Sua "revolução pessoal" começou em 2009, ao compartilhar relatos do cotidiano e textos poéticos de sua autoria no Facebook.
Alguns desses textos eram críticos e provocativos a ponto de chamarem a atenção de escritores e intelectuais, e ele acabou compilando parte deles no livro O cara mais esperto do Facebook.
Ao falar com humor negro sobre seu cotidiano, sua mãe, a dependência do cigarro, dúvidas da vida e mesmo sobre a situação de seu país, Said ultrapassou barreiras da língua e também fronteiras.
Agora seu o livro está sendo lançado em português, no Brasil, onde Said foi um dos autores convidados da Festa Literária de Paraty (Flip). Nesta quinta-feira (07/07), ele estará apresentando e comentado a obra no Instituto Goethe, em São Paulo.
Nascido em 1983 na cidade de Manbij, na província síria de Aleppo, Said concluiu o ensino fundamental e passou a aprender funilaria, trabalhando por três anos em uma fábrica no Líbano. Chegou a ingressar na universidade para estudar economia, mas o curso foi suspenso por causa da guerra civil no país.
Seu livro, que reúne textos escritos entre 2009 e 2013, acompanha a vida do autor na Síria antes da guerra civil iniciada em 2011 e continua pelos primeiros anos do conflito, até chegar a 2013, quando a fama virtual de Said deu origem a um e-book, lançado primeiramente na Alemanha.
O evento de lançamento do seu primeiro livro permitiu que Said escapasse da Síria e fosse para a Alemanha, onde ele vive como asilado político. Ele também escreve colunas para um site e um jornal alemão.
As observações e opiniões do autor abordam temas como guerra, amor, solidão e injustiça. Seu estilo foge do politicamente correto, sendo irônico e sarcástico. Sua postura de anti-herói e suas críticas ácidas acabaram rendendo a ele vaias e aplausos em terras brasileiras.
Durante a Flip, na mesa de discussão "Síria mon amour", o autor criticou a cobertura midiática sobre guerra e a "turma dos direitos humanos", que, para ele, é doente e precisa de ajuda. "Não quero falar sobre a Síria, os refugiados e a guerra não me interessam. Não falo sobre assuntos sérios, comecei a escrever para me divertir", afirmou, segundo o jornal O Globo.
O público reagiu a esses comentários com vaias e ofensas, mas antes o escritor havia sido aplaudido, ao demonstrar uma irreverência que provocara risos.
Nesta quinta-feira, a partir das 19h30 no Instituto Goethe, Said falará com Leonardo Gandolfi, escritor e professor de literatura portuguesa na Unifesp. O evento, com entrada franca, é mediado pelo poeta, tradutor e editor Cide Piquet.
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