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Famílias acusam governo argentino de mentir sobre submarino desaparecido

Foto de 2014 mostra o submarino ARA San Juan deixando o porto de Buenos Aires - Reuters
Foto de 2014 mostra o submarino ARA San Juan deixando o porto de Buenos Aires Imagem: Reuters

12/11/2018 17h51

Parentes de militares afirmam que governo dificulta investigação judicial para esclarecer o caso. Tragédia completa um ano sem respostas. Os familiares dos 44 tripulantes do submarino ARA San Juan, cujo desaparecimento completa um ano em 15 de novembro, acusaram nesta segunda-feira (12) o governo da Argentina de mentir sobre o caso. Um ano depois da tragédia, a localização da embarcação e as causas de seu sumiço continuam uma incógnita.

"Percebemos ocultação, que estão mentindo para nós. Há um Estado totalmente ausente”, afirmou à agência de notícias DPA Claudio Rodríguez, irmão do maquinista do submarino.

O pai de um dos tripulantes Luis Tagliapietra acusou também o Executivo argentino de estar dificultando a investigação judicial que busca esclarecer o caso. "Houve contradições da Marinha, com algumas mentiras nos primeiros dias. Por parte do governo, tudo foi difícil, mentiram muito e nos enganaram", ressaltou.

A juíza responsável pela investigação, Marta Yañez, afirmou que prioriza um trabalho sério e destacou que o processo correu em segredo de Justiça para evitar que seja usado de forma política.

O submarino ARA San Juan desapareceu no dia 15 de novembro de 2017, no Atlântico Sul, com 44 tripulantes a bordo. Seu último contato foi feito enquanto a embarcação navegava no litoral da província de Chubut.

Poucas horas antes, o comandante do submarino havia comunicado uma entrada de água que molhou as baterias, o que provocou um curto-circuito e um princípio de incêndio. O problema teria sido corrigido, e o San Juan seguiu seu curso rumo à base, em Mar del Plata, onde nunca chegou.

Desde então, a localização do submarino e as causas do desaparecimento são um mistério. Logo após a perda de contato, foi organizada uma intensa busca pela embarcação, que contou com navios e aviões de vários países. Em agosto deste ano, o governo argentino anunciou que contratou a empresa americana Ocean Infinity para retomar as buscas.

A empresa concordou em receber os honorários de 7,5 milhões de dólares somente se encontrar o submarino. A Ocean Infinity, com sede no Texas, é a mesma empresa que tentou encontrar, sem sucesso, a aeronave desaparecida do voo MH370, da Malaysia Airlines, no Oceano Índico.

Na semana passada, o ministro argentino da Defesa, Oscar Aguad, informou que as buscas seriam suspensas até fevereiro devido a reparos que serão feitos no navio usado neste trabalho. Desde agosto, a Ocean Infinity já rastreou cerca de 15 mil quilômetros quadrados e detectou 22 pistas, que foram descartadas posteriormente.

Rodríguez pediu que a busca pela embarcação não seja suspensa e continue até que o submarino seja encontrado, como foi anunciado pelo governo na época da contratação da empresa.

O San Juan era um dos três submarinos da frota argentina. Lançado em 1983, a embarcação foi produzida pelo antigo estaleiro alemão Thyssen Nordseewerke e tinha 65 metros de comprimento e sete metros de largura. Entre 2007 e 2014, ele passou por reformas que prolongaram seu uso por mais 30 anos.

Uma das hipóteses para seu naufrágio, segundo especialistas do Ministério da Defesa, seria uma falha de operação de uma válvula de ventilação, que teria produzido o curto-circuito. O navio teria sofrido uma implosão ao cair descontroladamente para abaixo dos 600 metros de profundidade, o limite para evitar o colapso da estrutura do casco.