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Pressão um mês após prisão de jornalista alemão na Venezuela

22/12/2018 20h06

Billy Six foi preso em meados de novembro, mas circunstâncias seguem obscuras. Embaixada alemã em Caracas só conseguiu contato com ele na semana passada. Pai e deputado pressionam governo a interceder por libertação.Políticos alemães e familiares do jornalista Billy Six, preso há mais de um mês na Venezuela e mantido praticamente incomunicável, têm feito pressão para que o governo em Berlim interceda junto às autoridades venezuelanas a favor da libertação do repórter.

Six, que escreve para os veículos alemães de direita Junge Freiheit e Deutschland-Magazin, estava na Venezuela cobrindo a crise econômica, política e social que assola o país latino-americano quando foi detido pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional sem um mandado judicial.

A prisão ocorreu em 17 de novembro, e foi somente em 14 de dezembro que a embaixada da Alemanha em Caracas conseguiu falar com ele pelo telefone pela primeira vez.

Segundo o diretor da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) na América Latina, Emmanuel Colombie, não há novidades sobre o caso de Six – "e isso são más notícias por si só", afirmou ele à DW. "Acredito que as negociações para libertá-lo estejam em andamento, mas a RSF não ouviu qualquer detalhe da embaixada alemã em Caracas ou do Ministério do Exterior em Berlim."

Representantes da organização tentaram ter acesso ao jornalista no edifício El Helicoide, sede do serviço secreto venezuelano, mas não tiveram sucesso.

Colombie disse que Six ainda não viu um advogado, e que seu caso está nas mãos de uma corte militar – algo que foi alvo de críticas por parte de associações profissionais venezuelanas. "Como um civil, Six não deve responder a um tribunal militar. Ao fazer isso, [o presidente Nicolás] Maduro está violando várias leis nacionais e acordos internacionais", afirmou.

Ainda segundo o diretor da RSF, o repórter, de 32 anos, iniciou uma greve de fome no cárcere "na esperança de obter um tratamento transparente do Judiciário".

O pai do jornalista, Edward Six, gravou um vídeo pedindo às autoridades alemãs que intercedam a favor da libertação de seu filho, para que ele possa passar o Natal em casa. "Esperamos o apoio da Alemanha. Tanto do governo como da imprensa", diz ele nas imagens, às quais a DW teve acesso neste sábado (22/12). Six não falou com o pai nem com a mãe, Ute, desde que foi preso.

Na semana passada, o parlamentar alemão Armin-Paulus Hampel, porta-voz da bancada do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) para assuntos de política externa, enviou uma carta ao ministro do Exterior, Heiko Maas, também pedindo que o governo alemão se empenhe a favor da soltura de Six, assim como fez em casos de jornalistas presos na Turquia.

"Billy Six está doente e precisando desesperadamente de atenção médica. Estamos muito preocupados – junto com a família, amigos, colegas e conhecidos de Billy Six", acrescenta Hampel na carta, à qual a DW também teve acesso.

Segundo relatos, Six estaria sendo processado por espionagem, rebelião e acesso não autorizado a uma zona de segurança. Autoridades venezuelanas também acusam o alemão de ter ficado ilegalmente no país e de ter tido contato com membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Contudo, detalhes do caso não foram oficialmente informados.

De acordo com a ONG venezuelana Espacio Publico, Six chegou ao país por terra, a partir da cidade colombiana de Cúcuta, mas as autoridades locais não apresentaram qualquer prova de que ele o fez ilegalmente. Alemães são oficialmente obrigados a ter um visto de turista somente quando chegam de navio ou por terra em carros particulares.

Bastian Behrens, porta-voz do jornal Junge Freiheit, para o qual Six escreve, lembrou que o repórter passou por situação semelhante em 2013 na Síria, onde ficou preso por 12 semanas por ter entrado ilegalmente.

"Naquela época, os esforços do Ministério do Exterior funcionaram bem porque os russos agiram como mediadores. Além disso, [o presidente sírio] Bashar al-Assad tinha interesse em manter boas relações com a Alemanha. Com a Venezuela, isso parece ser mais difícil", disse Behrens à DW.

EK/dw

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