O Brasil na imprensa alemã (30/01)
Jornais repercutem tragédia em Brumadinho, questionando de quem é a culpa e a política ambiental de Bolsonaro. Envolvimento da TÜV Süd no desastre abala imagem da Alemanha como país onde tudo funciona, diz jornal.Der Spiegel – De quem é a culpa?, 29/01
A avalanche de lama número dois levanta questões. Sobre a responsabilidade e a diligência da Vale. Sobre a segurança das barragens brasileiras. Sobre a confiabilidade dos inspetores da alemã TÜV Süd, cujos funcionários verificaram a barragem há poucos meses. E sobre a política ambiental do novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Na campanha eleitoral, ele prometeu flexibilizar as exigências ambientais para mineradoras e para a agricultura e considerou liberar mais terras para projetos de mineração. [...] Segundo o Ibama, as represas de mais de 300 reservatórios não são seguras. Mas o Ibama não tem muito mais voz no Brasil sob Bolsonaro.
[...] Joceli Andrioli, da organização ambiental MAB, classifica o desastre de Brumadinho de uma "tragédia anunciada". Em reuniões de acionistas da Vale, ela e seus colegas teriam alertado durante anos para os riscos resultantes da permanente redução de custos da empresa. "Não se pode dizer que o rompimento da barragem [de Brumadinho] caiu do céu. Apesar de todos os alertas, a Vale não fez nada para eliminar os riscos", critica.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – Rompimento de barragem atinge a Vale, 28/01
Os custos da catástrofe para a Vale, a maior fornecedora de minério de ferro do mundo, ainda são incalculáveis. É verdade que as perdas em termos de produção são pequenas, pois a mina afetada só respondia por 2% da produção de minério de ferro da Vale. Mas as multas e pedidos de indenizações serão substanciais.
No entanto, analistas do banco JP Morgan acreditam que o maior fardo poderia advir de uma supervisão e uma regulação mais rigorosas da empresa no futuro. Porque a Vale é uma infratora reincidente. Há três anos a empresa já teve que responder por um desastre semelhante numa mina a apenas 150 quilômetros de distância, em Mariana.
Süddeutsche Zeitung – Selo alemão, 29/01
"Mais segurança. Mais valor." Este é o slogan da TÜV Süd em português. A promessa de verificar produtos industriais e projetos de infraestrutura com rigor absoluto é muito bem recebida no Brasil [...] No Brasil há uma crença generalizada de que na Alemanha tudo funciona. Que ônibus e trens nunca se atrasam, assim como os próprios alemães. Que grandes obras ficam prontas no prazo e, no final, custam exatamente o que havia sido previamente acordado. E que se pode contar com isso em qualquer lugar deste mundo onde um selo da Alemanha estiver colado.
É claro que não é tão simples assim, mas o sucesso da TÜV Süd do Brasil, uma subsidiária da TÜV Süd de Munique, aparentemente se baseia nessa imagem da Alemanha.
Segundo informações da própria empresa, a TÜV alemã atua há duas décadas no Brasil, e os negócios pareciam estar indo bem. Atualmente, quase 500 funcionários trabalham em três escritórios e em um laboratório da TÜV Süd do Brasil, todos em São Paulo. [...]
Mas na sexta-feira, na hora do almoço, a barragem do reservatório de resíduos da Mina do Feijão [certificada pela TÜV Süd], perto de Brumadinho, se rompeu. [...] E agora a grande catástrofe com muitos mortos e feridos levanta a questão: o que deu errado?
Süddeutsche Zeitung – Só encontram mortos, 29/01
Há anos organizações ambientais denunciam negligência na maneira como se lida com minas. Mas a proteção do meio ambiente fica em segundo plano no Brasil quando se trata de dinheiro. Ao lado da soja, o minério de ferro é um dos mais importantes itens de exportação do país.
O presidente Jair Bolsonaro ganhou as eleições com a promessa de retirar o país o mais rápido possível de sua grave crise econômica. Para isso, um aumento da exportação de matérias-primas, especialmente para a China, é indispensável. Bolsonaro quer afrouxar em vez de endurecer normas ambientais. A maioria dos brasileiros deve, apesar de tudo, perdoá-lo por isso caso ele consiga visivelmente melhorar a situação econômica geral.
LPF/ots
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A avalanche de lama número dois levanta questões. Sobre a responsabilidade e a diligência da Vale. Sobre a segurança das barragens brasileiras. Sobre a confiabilidade dos inspetores da alemã TÜV Süd, cujos funcionários verificaram a barragem há poucos meses. E sobre a política ambiental do novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Na campanha eleitoral, ele prometeu flexibilizar as exigências ambientais para mineradoras e para a agricultura e considerou liberar mais terras para projetos de mineração. [...] Segundo o Ibama, as represas de mais de 300 reservatórios não são seguras. Mas o Ibama não tem muito mais voz no Brasil sob Bolsonaro.
[...] Joceli Andrioli, da organização ambiental MAB, classifica o desastre de Brumadinho de uma "tragédia anunciada". Em reuniões de acionistas da Vale, ela e seus colegas teriam alertado durante anos para os riscos resultantes da permanente redução de custos da empresa. "Não se pode dizer que o rompimento da barragem [de Brumadinho] caiu do céu. Apesar de todos os alertas, a Vale não fez nada para eliminar os riscos", critica.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – Rompimento de barragem atinge a Vale, 28/01
Os custos da catástrofe para a Vale, a maior fornecedora de minério de ferro do mundo, ainda são incalculáveis. É verdade que as perdas em termos de produção são pequenas, pois a mina afetada só respondia por 2% da produção de minério de ferro da Vale. Mas as multas e pedidos de indenizações serão substanciais.
No entanto, analistas do banco JP Morgan acreditam que o maior fardo poderia advir de uma supervisão e uma regulação mais rigorosas da empresa no futuro. Porque a Vale é uma infratora reincidente. Há três anos a empresa já teve que responder por um desastre semelhante numa mina a apenas 150 quilômetros de distância, em Mariana.
Süddeutsche Zeitung – Selo alemão, 29/01
"Mais segurança. Mais valor." Este é o slogan da TÜV Süd em português. A promessa de verificar produtos industriais e projetos de infraestrutura com rigor absoluto é muito bem recebida no Brasil [...] No Brasil há uma crença generalizada de que na Alemanha tudo funciona. Que ônibus e trens nunca se atrasam, assim como os próprios alemães. Que grandes obras ficam prontas no prazo e, no final, custam exatamente o que havia sido previamente acordado. E que se pode contar com isso em qualquer lugar deste mundo onde um selo da Alemanha estiver colado.
É claro que não é tão simples assim, mas o sucesso da TÜV Süd do Brasil, uma subsidiária da TÜV Süd de Munique, aparentemente se baseia nessa imagem da Alemanha.
Segundo informações da própria empresa, a TÜV alemã atua há duas décadas no Brasil, e os negócios pareciam estar indo bem. Atualmente, quase 500 funcionários trabalham em três escritórios e em um laboratório da TÜV Süd do Brasil, todos em São Paulo. [...]
Mas na sexta-feira, na hora do almoço, a barragem do reservatório de resíduos da Mina do Feijão [certificada pela TÜV Süd], perto de Brumadinho, se rompeu. [...] E agora a grande catástrofe com muitos mortos e feridos levanta a questão: o que deu errado?
Süddeutsche Zeitung – Só encontram mortos, 29/01
Há anos organizações ambientais denunciam negligência na maneira como se lida com minas. Mas a proteção do meio ambiente fica em segundo plano no Brasil quando se trata de dinheiro. Ao lado da soja, o minério de ferro é um dos mais importantes itens de exportação do país.
O presidente Jair Bolsonaro ganhou as eleições com a promessa de retirar o país o mais rápido possível de sua grave crise econômica. Para isso, um aumento da exportação de matérias-primas, especialmente para a China, é indispensável. Bolsonaro quer afrouxar em vez de endurecer normas ambientais. A maioria dos brasileiros deve, apesar de tudo, perdoá-lo por isso caso ele consiga visivelmente melhorar a situação econômica geral.
LPF/ots
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