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Brasil lidera importações de armas na América do Sul

Rodrigo Soares Pires/Folhapress
Imagem: Rodrigo Soares Pires/Folhapress

09/03/2020 13h06

Instituto sueco diz que apesar da queda de 37% nas compras, país ultrapassou Venezuela no ranking da região entre 2015 e 2019. EUA reforçam liderança global em vendas, com aumento de 23% nos últimos cinco anos.

O Brasil se tornou o maior importador de armas da América do Sul, de acordo com um estudo divulgado hoje pelo Sipri (Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, na Suécia, na sigla em inglês). O país superou a Venezuela, que liderou a lista de importadores sul-americanos no relatório anterior, publicado há cinco anos.

Entre 2015 e 2019, o Brasil foi responsável por 31% das compras de armas entre as nações sul-americanas, apesar de uma queda de 37% em comparação ao período 2010-2014. O país também possui a maior encomenda de armas pendente na região, que inclui aviões de combate suecos e submarinos franceses.

Em relação à exportação, o Brasil também fica em primeiro da lista na América do Sul, sendo responsável por 0,2% das vendas globais e figurando na 24ª posição no ranking mundial.

A Venezuela, que liderou a lista de importadores sul-americanos em 2010-2014, viu suas compras caírem 88% nos últimos cinco anos, como resultado da grave crise econômica que está sofrendo.

A pesquisa, que compara o período de 2015 a 2019 com o de 2010 a 2014, também destaca um aumento de 5,5% no tráfico global de armas entre os dois períodos.

"No geral, as transferências de armas aumentaram. Entre os países importadores de armas, a demanda é alta e parece até ter aumentado um pouco", disse Pieter Wezeman, pesquisador sênior do Sipri.

O relatório confirmou que os Estados Unidos reforçaram sua condição de maior exportador mundial de armas nos últimos cinco anos, com um aumento de 23%, enquanto a Arábia Saudita se consolidou como o maior importador.

Os EUA, que venderam armas para 96 países, aumentaram sua participação no total de exportações globais para 36% (cinco pontos percentuais a mais), 76% a mais que o segundo exportador mundial, a Rússia.

"Metade das vendas foi para o Oriente Médio e metade destas, para a Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, a demanda por aviões militares avançados dos EUA aumentou, especialmente na Europa, Austrália, Japão e Taiwan", destaca o estudo.

A Rússia mantém o segundo lugar, apesar de uma queda de 18%, devido à perda de peso nas vendas para a Índia, que continua sendo seu principal cliente, à frente da França, Alemanha e China, nessa ordem.

Os cinco primeiros países da lista foram responsáveis por 76% das vendas globais de armas nos últimos cinco anos, observa o Sipri.

A Alemanha manteve seu quarto lugar entre maiores exportadores de armas do mundo. O governo alemão afirma visar uma política "restritiva" de exportação de armas. No entanto, entre 2015 e 2019, as exportações do país aumentaram 17%. Desde o outono de 2018, a Arábia Saudita é um grande cliente para os fabricantes de armamentos alemães. Berlim interrompeu a exportação de armas para o país em resposta ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.

Com um aumento de 72%, a França teve o maior crescimento de exportações, graças à demanda por armas em Egito, Catar e Índia.

Maior importador

Com um aumento de 130% em comparação a 2010-2014 e uma participação global de 12%, a Arábia Saudita se estabeleceu na liderança entre os importadores mundiais de armas.

"Apesar das preocupações nos EUA e no Reino Unido sobre a intervenção militar saudita no Iêmen, os dois países continuaram a vender armas. Do total das importações sauditas, 73% vêm dos EUA e 13%, do Reino Unido", destaca o estudo.

Índia, Egito, Austrália e China completam a lista dos cinco principais compradores de armas globais.

Por região, a Ásia-Oceania foi o principal destinatário de armamento nos últimos cinco anos, com 41% do total, seguido pelo Oriente Médio (35%), Europa (11%), África (7,2%) e América (5,7%).

As importações na América Central e no Caribe aumentaram 23% nos últimos cinco anos, com o México como líder regional, com 70% do total, coincidindo com suas operações militares em andamento contra cartéis de drogas.

Na América do Sul, as importações caíram 59%, sendo os Estados Unidos (19%), França (16%) e Itália (8,6%) os principais fornecedores.