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Rússia diz ter controlado porto em Mariupol

14/04/2022 08h02

Rússia diz ter controlado porto em Mariupol - Prefeito nega informação e garante que forças ucranianas ainda resistem em cidade sitiada. Temendo grande investida militar russa, Kiev prepara nove corredores para fuga de civis nas áreas separatistas no leste do país.A Rússia anunciou ter assumido o controle total do porto de Mariupol, dizendo ter "libertado" o lugar do poder do Batalhão Azov, um grupo paramilitar extremista de direita. O prefeito da cidade desmentiu a informação nesta quinta-feira (14/04).

O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, afirmou que as tropas ucranianas restantes na cidade foram "bloqueadas e estão impossibilitadas de escapar do cerco". Nenhuma fonte oficial ucraniana confirmou essas alegações, no entanto.

Mariupol está sitiada há semanas e se encontra, em grande parte, em ruínas. As autoridades ucranianas relatam que em meio à devastação dos bombardeios russos, mais de 5 mil civis foram mortos na cidade, com os residentes que ainda restam sendo forçados a resistir em porões, sem água, comida e energia.

O prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko, desmentiu relatos de captura do porto. "Considero isso uma notícia falsa", disse em entrevista à TV pública alemã ARD. "Claro, minha atitude é cética, ouvimos mentiras russas em todo lado, e é por isso que recomendo usar apenas informações verificadas", acrescentou Boichenko, que não está mais em Mariupol, em ligação por vídeo.

"Nossas defesas continuam defendendo a cidade de Mariupol, o regimento Azov e a infantaria naval ucraniana estão mobilizados", afirmou o prefeito. "Os russos estão mobilizando novas forças, mas estamos mantendo a linha, e Mariupol continua sendo uma cidade ucraniana, e é claro que isso enfurece a Rússia."

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos, disse que as tropas russas "provavelmente" tomarão o controle da cidade na próxima semana.

Localizada no sudeste da Ucrânia, Mariupol é de importância estratégica para Moscou, pois a Rússia procura estabelecer uma ligação terrestre entre a região de Donbass e a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. As forças de Moscou estão concentrando seus ataques no leste e sul da Ucrânia, e analistas preveem uma nova grande ofensiva na região nos próximos dias.

Kiev cria rotas de fuga

De acordo com o governo em Kiev, nove corredores humanitários foram preparados para esta quinta-feira nas regiões contestadas de Lugansk e Donetsk.

A vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk disse haver uma rota de fuga para veículos particulares de Mariupol, na região de Donetsk, em direção à cidade de Zaporíjia.

Mais oito corredores foram criados na região de Lugansk, tendo como destino provisório Bakhmut. Mas Vereshchuk poderou que eles só podem funcionar se os russos pararem de atirar. Além disso, um trem para retirada de civis deve viajar de Pokrovsk, via Kiev, para Chop, no sudoeste da Ucrânia.

Limpeza no norte após retirada russa

Enquanto isso, no norte da Ucrânia, esforços estavam em andamento para limpar grandes quantidades de munições não detonadas deixadas para trás pela retirada das tropas russas. A remoção de minas está em andamento. Dezenas de milhares de projéteis não detonados e minas foram deixadas na região, de acordo com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

O Ministério da Defesa do Reino Unido afirmou que os centros urbanos na Ucrânia estão enfrentando repetidos ataques indiscriminados pelas forças russas. "As cidades de Kramatorsk e Kostiantynivka provavelmente serão alvos russos com níveis semelhantes de violência", afirmou a pasta.

A combinação de ataques generalizados de mísseis e artilharia e esforços para concentrar forças para uma ofensiva representam uma reversão à tradicional doutrina militar russa, de acordo com os analistas britânicos. "No entanto isso exigirá níveis de força significativos. A defesa continuada de Mariupol pela Ucrânia está atualmente demandando um número significativo de tropas e equipamentos russos."

md/ek (DPA, AFP, ots)