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Rússia anuncia prisão de oito pessoas por ataque à ponte que liga o país à Crimeia

Ponte Kerch, na Crimeia, em 2018; e a mesma ponte após a explosão, que aconteceu em 8 de outubro de 2022 - Arte
Ponte Kerch, na Crimeia, em 2018; e a mesma ponte após a explosão, que aconteceu em 8 de outubro de 2022 Imagem: Arte

12/10/2022 05h47Atualizada em 12/10/2022 12h27

O serviço secreto da Rússia (FSB) anunciou hoje a prisão de oito suspeitos de terem participado do ataque que destruiu parcialmente a ponte de Kerch, a única ligação entre a Rússia e a península ucraniana da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014.

Segundo o FSB, entre os detidos, cinco são cidadãos russos e três da Ucrânia e Armênia. Principal sucessor da KGB, da era soviética, o FSB disse que a explosão na ponte foi organizada pelo serviço de inteligência militar ucraniano e por seu diretor, Kirilo Budanov.

Em nota, o serviço secreto russo disse que os explosivos teriam sido enviados em agosto a partir do porto de Odessa, na Ucrânia, e transitaram pela Bulgária, Geórgia e a Armênia, antes de entrarem na Rússia. O FSB alegou ainda ter evitado ataques ucranianos em Moscou.

A Ucrânia não confirmou oficialmente o envolvimento na explosão da ponte, mas autoridades ucranianas comemoram os danos causados. Na terça-feira, as autoridades russas aumentaram para quatro o número de mortos no ataque.

Rota estratégica

A ponte de Kerch é considerada uma rota importante de abastecimento logístico para as forças russas na península e no sul da Ucrânia ocupado pela Rússia. Com uma extensão de 19 quilômetros, o ambicioso projeto, feito para ajudar a reforçar a infraestrutura da Crimeia e fortalecer sua conexão com a Rússia. A estrutura inclui uma via de transporte ferroviário e uma rodovia. A rota alternativa à ponte tem 359 quilômetros, dos quais 180 estão em obras.

A Rússia construiu a ponte de Kerch para ligar a então recém-anexada Península da Crimeia à região russa de Krasnodar Krai, no norte do Cáucaso. A ponte foi inaugurada em 2018 e, na época, custou 3,6 bilhões de dólares.

De importância estratégica vital para a invasão de Moscou na Ucrânia, a estrutura é a única ligação terrestre com a península anexada ilegalmente pelos russos em 2014 e vem sendo usada principalmente como rota de abastecimento para as tropas russas em solo ucraniano.

O ataque

Um caminhão explodiu no final da madrugada de sábado na ponte e provocou um grande incêndio, colocando em chamas sete tanques de um trem que transportava combustível e derrubando duas pistas para carros da gigantesca estrutura, composta por duas vias paralelas, uma para automóveis e outra para trens.

O tráfego ferroviário e de veículos foi restabelecido na ponte horas depois das explosões, que derrubaram no mar, em dois locais, partes da pista para automóveis. O presidente russo, Vladimir Putin, culpou os serviços secretos ucranianos pelo ataque.

Kiev não reivindicou a autoria, mas fez repetidas alusões ao desejo de destruir a ponte. Além disso, postagens de autoridades ucranianas nas redes sociais comemoraram a explosão e até ironizaram Moscou.

Em retaliação, a Rússia lançou na segunda-feira mísseis contra alvos civis em diversas cidades ucranianas. Os bombardeios deixaram pelo menos 19 mortos e dezenas de feridos. A União Europeia classificou os ataques russos à Ucrânia como crimes de guerra.

cn (Reuters, AFP, Lusa)