Descarrilar trens e paralisar aeroportos: vazam planos da Rússia para guerra cibernética
Os serviços secretos russos planejam, junto com uma empresa de TI de Moscou, ataques cibernéticos em todo o mundo, incluindo contra instalações de infraestrutura crítica, de acordo com informações divulgadas pela imprensa europeia nesta sexta-feira (31).
Segundo apurações de um consórcio internacional de mídia - incluindo veículos alemães como a revista Der Spiegel, a emissora estatal ZDF e o jornal Süddeutsche Zeitung -, a revelação é resultado de um vazamento de dados originados do aparato de segurança russo e de uma empresa russa de TI.
Documentos de treinamento supostamente identificam possíveis alvos para ataques, incluindo "desabilitar sistemas de controle de transporte ferroviário, aéreo e marítimo" e "interromper as funções de empresas de energia e infraestrutura crítica".
Segundo os documentos, um dos objetivos do programa é usar um software especial para descarrilar trens ou paralisar computadores de aeroportos.
Ainda seria possível para os russos espalhar desinformação de forma massificada, realizar operações com hackers e controlar setores da internet.
Entre os documentos achados, há um mapa com círculos em regiões estratégicas dos EUA e detalhes de uma usina nuclear da Suíça.
Vulkan Files
Os dados vazados incluem milhares de páginas de documentos internos da empresa de TI de Moscou NTC Vulkan, como e-mails internos e documentos de transferência bancária da empresa.
Conforme a reportagem, os documentos mostram como os serviços secretos russos planejam e realizam operações de ataques cibernéticos em todo o mundo com a ajuda de empresas privadas.
Uma fonte anônima primeiro passou a maioria dos chamados "Vulkan Files" para o Süddeutsche Zeitung logo após o início da guerra de agressão russa na Ucrânia e depois disponibilizou os dados para outras mídias, informa a Spiegel.
A fonte citou como motivo a guerra de agressão da Rússia e os laços estreitos da Vulkan com os serviços secretos.
Experts consideram dados autênticos
Especialistas em segurança cibernética e vários serviços de inteligência ocidentais consideraram os documentos autênticos, de acordo com a reportagem.
Nem a empresa, nem o porta-voz do Kremlin quiseram comentar as reportagens. "A Vulkan é um pilar do Estado policial russo. A Vulkan desenvolve software que pode ser usado contra seu próprio povo e contra outros países", relatou um ex-funcionário da Vulkan, segundo a emissora ZDF.
Não foi possível identificar onde e quando os programas foram usados - possivelmente também atualmente na Ucrânia. No entanto, os documentos mostraram que os programas foram comissionados, testados e pagos.
Ataques cibernéticos realizados em nome de Estados são considerados uma arma moderna de guerra e propaganda e geralmente são difíceis de terem sua autoria rastreada. Há algum tempo existem acusações do uso desses recursos pela Rússia para disseminar desinformação através da internet - inclusive na campanha presidencial dos EUA em 2016.
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