Conteúdo publicado há 11 meses

O que pesa contra ex-diretor da PRF preso

Silvinei Vasques é investigado por suspeita de usar máquina pública para interferir ilegalmente no segundo turno das eleições. Ele já pediu votos para Bolsonaro e, sob sua gestão, PRF protagonizou episódios violentos.

Preso preventivamente nesta quarta-feira (09/08) sob suspeita de interferir ilegalmente na votação do segundo turno das eleições de 2022, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi um dos subordinados mais fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo comandado operações de fiscalização do transporte público de eleitores no dia da votação decisiva para a eleição à Presidência da República.

Naquela ocasião, a ação da PRF se concentrou principalmente no Nordeste, região onde o rival do ex-presidente, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, venceu por quase 70% dos votos.

Devido às blitzes, Vasques chegou a ser enquadrado pelo então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que havia, ainda no dia anterior, vetado ações de fiscalização do transporte público de passageiros a fim de assegurar o direito ao voto dos eleitores mais pobres.

A PF alega que a ação da PRF teria sido planejada ao longo de um mês inteiro.

Números obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo jornal O Globo dão conta de que foram mais de 2.887 veículos parados no Nordeste pela PRF - um de cada três inspecionados pela corporação no dia do segundo turno, apesar de a região concentrar apenas 17,6% da frota do país.

A ação da PRF, porém, não teria afetado o comparecimento do eleitorado às urnas, conforme informaria Moraes mais tarde.

O episódio também está sob análise da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas.

Além de Vasques, a PF também cumpriu mandados de busca e apreensão contra diretores da PRF que foram subordinados a ele.

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Que crimes Silvinei Vasques é suspeito de ter cometido?

O ex-diretor-geral da PRF é investigado pelo crime de prevaricação, quando agentes públicos faltam com o seu dever de servir ao interesse público para, movidos por interesses próprios, deixar de cumprir ou atrasar o cumprimento de seus deveres, ou o fazendo em desacordo com a lei.

Vasques pode responder ainda pelos crimes de violência política - caracterizado pelo impedimento, por meio de violência, do exercício de direitos políticos -, bem como por impedir ou atrapalhar o exercício do voto e dificultar o deslocamento de eleitores.

Quem é Silvinei Vasques

Natural do Paraná, Vasques está na PRF desde 1995 e chegou ao comando da corporação em abril de 2021, após Bolsonaro nomear Anderson Torres para o Ministério da Justiça.

Antes de assumir a PRF, Vasques foi processado e condenado em primeira instância em 2017 por agredir um frentista que se recusou a lavar uma viatura. Ele recorre da decisão, mas em 2022 a União foi obrigada a indenizar a vítima em mais de R$ 50 mil.

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Como diretor-geral, sua gestão foi marcada por escândalos, como a participação da PRF em uma operação que deixou mais de 20 mortos na Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro, em maio de 2022; e o assassinato em Umbaúba, Sergipe, de um homem com problemas mentais que foi trancado por agentes da corporação em um porta-malas e asfixiado por bombas de gás lançadas dentro do veículo.

Silvinei Vasques pediu votos para Bolsonaro

Vasques não escondia o apoio a Bolsonaro, tendo inclusive usado suas redes sociais para pedir votos para o político de extrema-direita.

Passadas as eleições, ainda no final do ano passado, ele se tornou réu por improbidade administrativa sob a acusação de uso indevido do cargo e de símbolos e imagem da corporação para favorecer Bolsonaro.

Também foi acusado de fingir que não viu os bloqueios de rodovias feitos por apoiadores do ex-presidente que, sem provas, questionavam a lisura das eleições.

Vasques foi exonerado do cargo pouco tempo depois, antes de iniciado o novo governo. Ele se aposentou aos 47 anos, livrando-se de eventuais punições administrativas futuras por sua atuação à frente da PRF.

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