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Rússia admite que violou espaço aéreo turco e atribui incidente ao mau tempo

Em Moscou

05/10/2015 15h23

O Ministro da Defesa da Rússia reconheceu nesta segunda-feira (5) que um de seus aviões violou no sábado o espaço aéreo da Turquia, atribuindo o incidente às más condições meteorológicas, apesar de garantir que já tomou medidas para que o erro não se repita no futuro.

"No dia 3 de outubro, ao concluir um voo de combate e durante uma manobra sobre uma área florestal de montanha, um avião russo Su-30 penetrou por um curto espaço de tempo, por alguns segundos, o espaço aéreo turco", disse à agência "Interfax" o porta-voz do Ministério da Defesa para a operação militar na Síria, Igor Konashenkov.

O general russo explicou que a base aérea de Jmeimim, para onde o Su-30 se dirigiu após completar a missão, está cerca de 30 quilômetros da fronteira sírio-turca. Sob determinadas condições meteorológicas, os aviões precisam aterrissar abordando a pista pelo lado norte, muito perto da Turquia.

"Esse incidente é consequência de condições meteorológicas adversas na região. Não se devem buscar outras causas. Tomamos todas as medidas pertinentes para evitar esse tipo de erro daqui em diante", ressaltou Konashenkov.

O Ministério das Relações Exteriores da Turquia tinha afirmado mais cedo que um caça russo invadiu o espaço aéreo da província de Hatay, na fronteira com a Síria, no último sábado, retornando após ser interceptado por dois F-16 turcos.

O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, alertou hoje que a Turquia não permitirá que nenhum país, amigo ou inimigo, vulnere seu espaço aéreo e tomará todas as medidas para impedi-lo.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, classificou ontem os bombardeios russos como "inaceitáveis" e lamentou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tenha tomado a decisão de iniciar a ofensiva na Síria sem consultar a Turquia.

Em reunião realizada hoje em Bruxelas com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, Erdogan pediu a criação de uma área de exclusão na aérea na Síria para impedir ataques à população civil.

A Rússia reagiu em seguida para se manifestar contra a proposta de Ancara e assinalar que essa medida, que limitaria sua capacidade de ação na Síria, não estaria de acordo com o direito internacional.

O Ocidente e alguns países árabes denunciaram recentemente que a aviação russa bombardeou a população civil e a oposição moderada que luta contra o presidente sírio, Bashar al Assad, apoiado publicamente em reiteradas ocasiões por Putin.