Quatro partidos majoritários lutam pelo voto nas eleições da Irlanda
Javier Aja.
Dublin, 25 fev (EFE).- Quatro partidos majoritários disputam a vitória nesta sexta-feira nas eleições gerais na República da Irlanda que, embora não costume produzir maiorias absolutas por causa da complexidade do sistema eleitoral, abrem portas para uma ampla variedade de pactos entre eles e as legendas minoritárias.
As últimas pesquisas indicaram que o eleitorado, de pouco mais de três milhões de pessoas, está tão desagregado que nem sequer o conservador Fine Gael (FG) e o Partido Trabalhista (Lb) obteriam cadeiras suficientes para voltar a reeditar a coalizão que governa o país há cinco anos.
Democratas-cristãos e trabalhistas poderiam obter o apoio de partidos minoritários e de vários candidatos independentes, mas suas agendas são tão diferentes que um Governo deles, avaliaram os analistas, não chegaria à próxima legislatura.
Neste contexto, alguns comentaristas dizem que o governo do primeiro-ministro, Enda Kenny, se veria obrigado a realizar novas eleições dentro de seis meses.
Todas as pesquisas sugerem que o FG ficará em primeiro nesta eleição com cerca de 30% dos votos, o que daria, ao partido, depois da transferência de votos que o sistema eleitoral irlandês permite, entre 55 e 60 deputados em uma Câmara (Dail) de 158 cadeiras.
O Lb, da vice-primeira-ministra, Joan Burton, obteria entre 7% e 9% dos votos, e perderia mais da metade dos 37 deputados eleitos há cinco anos, quando o Dail tinha 166 cadeiras.
O Fianna Fail (FF, centro) poderia recuperar parte dos 57 parlamentares que perdeu na eleição de fevereiro de 2011, realizada três meses após a Irlanda pedir à União Europeia (UE) e ao FMI um resgate de 85 bilhões de euros (cerca de R$ 374 bilhões) diante do colapso da economia nacional.
Após passar os últimos cinco anos na oposição, o FF é ainda visto como o responsável pela crise, mas poderia conseguir agora até 13 novos parlamentares além dos 20 que já possui nesta legislatura, se as pesquisas que indicam 20% de intenção de voto forem confirmadas nas urnas.
O mais beneficiado, segundo as pesquisas, seria o esquerdista Sinn Féin, de Gerry Adams - antigo braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), que se consolidaria como terceira força nacional, muito perto do FF, ao obter entre 17% e 19% de votos, quase 10% a mais que nas últimas eleições, quando passou de 10 para 14 deputados.
Atrás destas quatro legendas, 30% dos votos ficariam pulverizados em vários partidos minoritários da esquerda radical, de ultraconservadoras, e em candidatos independentes.
Seja como for, as pesquisas constataram que o desgaste do poder cobrará a conta do FG nas urnas e, sobretudo, dos trabalhistas, cujas bases se mostraram menos compreensivas com seus líderes devido à política de austeridade e aos duros cortes impostos nos últimos anos.
Apesar de o governo de coalizão ter concluído com sucesso o programa de ajuda da UE e do FMI em dezembro de 2014 e, desde então, a economia ter experimentado um crescimento espetacular, reconhece que nem todos os setores da sociedade já começaram a se beneficiar desta recuperação.
Se as intenções de voto de conservadores e trabalhistas não subir com força nesses últimos dias da campanha, as alternativas à realização de novas eleições são poucas.
Uma das opções mais comentadas, embora também seja uma das mais inverossímeis, coloca a possibilidade de FG e FF, os partidos que se revezaram no poder desde que o país se tornou independente do Reino Unido, há quase um século, formem um grande governo de coalizão.
Os partidos compartilham, com leves matizes, abordagens econômicas semelhantes, e entre seu eleitorado há quase todas as camadas sociais, seja na áreas rurais ou urbanas.
Suas diferenças remontam à guerra civil (1922-1923), quando as duas facções do IRA se enfrentaram sobre a proposta de independência de Londres, que oferecia a Dublin um Estado autônomo, embora integrado ao império britânico, e a divisão da ilha em duas jurisdições, no que passou a ser a Irlanda do Norte.
Embora FG e FF tenham origens no Sinn Féin, nenhum estaria disposto agora a incluí-lo em um governo de coalizão por causa dos vínculos que teve com os paramilitares até pouco tempo atrás e por suas radicais políticas econômicas.
Conservadores e centristas também não dividiriam o Executivo se seus respectivos líderes não fossem empossados como "Taoiseach", o primeiro-ministro na Irlanda, e os seduz menos ainda a ideia de deixar Adams como maior força da oposição, lugar em que poderia ganhar apoio para se transformar, em curto prazo, no principal partido irlandês.
Dublin, 25 fev (EFE).- Quatro partidos majoritários disputam a vitória nesta sexta-feira nas eleições gerais na República da Irlanda que, embora não costume produzir maiorias absolutas por causa da complexidade do sistema eleitoral, abrem portas para uma ampla variedade de pactos entre eles e as legendas minoritárias.
As últimas pesquisas indicaram que o eleitorado, de pouco mais de três milhões de pessoas, está tão desagregado que nem sequer o conservador Fine Gael (FG) e o Partido Trabalhista (Lb) obteriam cadeiras suficientes para voltar a reeditar a coalizão que governa o país há cinco anos.
Democratas-cristãos e trabalhistas poderiam obter o apoio de partidos minoritários e de vários candidatos independentes, mas suas agendas são tão diferentes que um Governo deles, avaliaram os analistas, não chegaria à próxima legislatura.
Neste contexto, alguns comentaristas dizem que o governo do primeiro-ministro, Enda Kenny, se veria obrigado a realizar novas eleições dentro de seis meses.
Todas as pesquisas sugerem que o FG ficará em primeiro nesta eleição com cerca de 30% dos votos, o que daria, ao partido, depois da transferência de votos que o sistema eleitoral irlandês permite, entre 55 e 60 deputados em uma Câmara (Dail) de 158 cadeiras.
O Lb, da vice-primeira-ministra, Joan Burton, obteria entre 7% e 9% dos votos, e perderia mais da metade dos 37 deputados eleitos há cinco anos, quando o Dail tinha 166 cadeiras.
O Fianna Fail (FF, centro) poderia recuperar parte dos 57 parlamentares que perdeu na eleição de fevereiro de 2011, realizada três meses após a Irlanda pedir à União Europeia (UE) e ao FMI um resgate de 85 bilhões de euros (cerca de R$ 374 bilhões) diante do colapso da economia nacional.
Após passar os últimos cinco anos na oposição, o FF é ainda visto como o responsável pela crise, mas poderia conseguir agora até 13 novos parlamentares além dos 20 que já possui nesta legislatura, se as pesquisas que indicam 20% de intenção de voto forem confirmadas nas urnas.
O mais beneficiado, segundo as pesquisas, seria o esquerdista Sinn Féin, de Gerry Adams - antigo braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), que se consolidaria como terceira força nacional, muito perto do FF, ao obter entre 17% e 19% de votos, quase 10% a mais que nas últimas eleições, quando passou de 10 para 14 deputados.
Atrás destas quatro legendas, 30% dos votos ficariam pulverizados em vários partidos minoritários da esquerda radical, de ultraconservadoras, e em candidatos independentes.
Seja como for, as pesquisas constataram que o desgaste do poder cobrará a conta do FG nas urnas e, sobretudo, dos trabalhistas, cujas bases se mostraram menos compreensivas com seus líderes devido à política de austeridade e aos duros cortes impostos nos últimos anos.
Apesar de o governo de coalizão ter concluído com sucesso o programa de ajuda da UE e do FMI em dezembro de 2014 e, desde então, a economia ter experimentado um crescimento espetacular, reconhece que nem todos os setores da sociedade já começaram a se beneficiar desta recuperação.
Se as intenções de voto de conservadores e trabalhistas não subir com força nesses últimos dias da campanha, as alternativas à realização de novas eleições são poucas.
Uma das opções mais comentadas, embora também seja uma das mais inverossímeis, coloca a possibilidade de FG e FF, os partidos que se revezaram no poder desde que o país se tornou independente do Reino Unido, há quase um século, formem um grande governo de coalizão.
Os partidos compartilham, com leves matizes, abordagens econômicas semelhantes, e entre seu eleitorado há quase todas as camadas sociais, seja na áreas rurais ou urbanas.
Suas diferenças remontam à guerra civil (1922-1923), quando as duas facções do IRA se enfrentaram sobre a proposta de independência de Londres, que oferecia a Dublin um Estado autônomo, embora integrado ao império britânico, e a divisão da ilha em duas jurisdições, no que passou a ser a Irlanda do Norte.
Embora FG e FF tenham origens no Sinn Féin, nenhum estaria disposto agora a incluí-lo em um governo de coalizão por causa dos vínculos que teve com os paramilitares até pouco tempo atrás e por suas radicais políticas econômicas.
Conservadores e centristas também não dividiriam o Executivo se seus respectivos líderes não fossem empossados como "Taoiseach", o primeiro-ministro na Irlanda, e os seduz menos ainda a ideia de deixar Adams como maior força da oposição, lugar em que poderia ganhar apoio para se transformar, em curto prazo, no principal partido irlandês.
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