Marco Rubio, de estrela do Tea Party à esperança moderada contra Trump
Cristina García Casado.
Washington, 27 fev (EFE).- O jovem Marco Rubio chegou ao Senado respaldado pelo movimento ultraconservador Tea Party e, em menos de seis anos, se transformou na única esperança "moderada" do establishment republicano para evitar que o magnata Donald Trump seja o candidato do partido à presidência dos Estados Unidos.
Com 44 anos e filho de imigrantes cubanos, Rubio é contra o casamento gay, quer proibir os fundos federais para o aborto, defende que "a lei de Deus" está acima da dos homens, promete revogar todas as medidas de alívio migratório e propõe voltar a uma política externa dura e intervencionista.
Há poucos anos alguém com seu perfil seria definido como ultraconservador. No entanto, o Partido Republicano foi se dirigindo tanto à direita que, em 2016, Marco Rubio se apresenta como sua opção mais "moderada" para concorrer pela Casa Branca.
Rubio deu o salto à política nacional em 2010 como uma das estrelas do Tea Party, um movimento que desde então obrigou o Partido Republicano a se aproximar dos postulados de bases muito conservadoras que se resistem a aceitar as mudanças sociais e demográficas do país.
Em 2013, Marco Rubio atiçou o Tea Party ao impulsionar uma lei no Senado que oferecia uma via à cidadania aos imigrantes ilegais, legislação que abandonou ao ver que não prosperava e que agora renega.
A imigração é desde então o tema mais incômodo para Rubio, um latino de segunda geração e filho de imigrantes econômicos consciente que para conseguir a indicação de seu partido deve mostrar-se implacável com a imigração ilegal, mais ainda em eleições marcadas pelo duro discurso do magnata Donald Trump.
O establishment do Partido Republicano tinha apostado tudo nestas eleições e, há um ano, acreditava ter um candidato inevitável: Jeb Bush, o moderado ex-governador da Flórida que não soube se fazer ouvir nesta estridente e atípica campanha.
Após a retirada neste mês do filho e irmão de ex-presidentes, Rubio está herdando seus doadores ao mesmo tempo em que aglutina apoios de governadores e legisladores que olham para ele como a única esperança de evitar que Trump seja o indicado.
"Isto foi possível porque Bush, que tinha que ser o candidato, se afundou, e porque têm medo de Trump. Rubio é um conservador duro como uma rocha, mas é o melhor que o establishment pode esperar. Não vai soltar nenhuma bomba, por isso se sentem mais seguros com ele", afirmou à Agência Efe Steffen Schmidt, professor de ciência política da Universidade de Iowa.
"Está posicionado como um 'moderado' aos olhos dos eleitores em comparação com as retóricas estridentes e divisoras de Trump e de Ted Cruz, mas claro que não é um 'moderado' como John Kasich", comentou, por sua vez, Anthony Corrado, analista em campanhas eleitorais do centro de estudos Brookings.
Esta não foi uma boa campanha para os moderados clássicos. Republicanos pragmáticos e com experiência de governo como Kasich (governador de Ohio), Chris Christie (governador de Nova Jersey) e Jeb Bush (ex-governador da Flórida) se viram amplamente superados por um recém chegado à política como Trump e por dois senadores inexperientes como Rubio e Cruz.
O surpreendente respaldo de Christie, um republicano moderado que soube entender-se com os democratas, a Trump nesta sexta-feira dá a medida de como o partido está mudando e de quão difusas começam a ser categorias como "establishment" e "moderado".
Neste contexto, Rubio mudou na quinta-feira de estratégia e decidiu passar à ofensiva contra Trump, a quem descreve agora como um "vigarista" que está prestes a "sequestrar o Partido Republicano e o movimento conservador".
Assim, Marco Rubio se apresenta como um "verdadeiro conservador" capaz de preservar as essências e os "princípios conservadores" frente a Trump, a quem desenha como um nova-iorquino progressista demais em temas como o aborto e a saúde pública.
"A maioria dos republicanos acha que Trump e Cruz seriam um desastre para o partido, tanto nas eleições como governando, se chegassem a ganhar. De modo que a questão agora para a maioria do establishment é a sobrevivência. Rubio é o melhor dos três piores candidatos viáveis que restam, por isso o chamem de moderado", considerou Stephen Wayne.
Para este especialista na presidência americana e consultor de campanhas da Universidade de Georgetown, se Rubio for candidato, os democratas fariam uma dura campanha contra ele por ser "ultraconservador" e um político "sem experiência".
No entanto, Rubio defende que sua candidatura é a mais temida pelo Partido Democrata e se apresenta como a única opção para os que consideram que a corrida republicana à Casa Branca se reduziu a uma questão: se será possível frear Donald Trump.
"Se você é republicano e não quer que um vigarista controle seu partido, una-se a nós, para que possamos pôr fim a esta loucura". Esta é a mensagem com a qual Rubio se postula como o único capaz de "unir e ampliar" o partido após "o circo" dos últimos nove meses. EFE
cg/rsd
Washington, 27 fev (EFE).- O jovem Marco Rubio chegou ao Senado respaldado pelo movimento ultraconservador Tea Party e, em menos de seis anos, se transformou na única esperança "moderada" do establishment republicano para evitar que o magnata Donald Trump seja o candidato do partido à presidência dos Estados Unidos.
Com 44 anos e filho de imigrantes cubanos, Rubio é contra o casamento gay, quer proibir os fundos federais para o aborto, defende que "a lei de Deus" está acima da dos homens, promete revogar todas as medidas de alívio migratório e propõe voltar a uma política externa dura e intervencionista.
Há poucos anos alguém com seu perfil seria definido como ultraconservador. No entanto, o Partido Republicano foi se dirigindo tanto à direita que, em 2016, Marco Rubio se apresenta como sua opção mais "moderada" para concorrer pela Casa Branca.
Rubio deu o salto à política nacional em 2010 como uma das estrelas do Tea Party, um movimento que desde então obrigou o Partido Republicano a se aproximar dos postulados de bases muito conservadoras que se resistem a aceitar as mudanças sociais e demográficas do país.
Em 2013, Marco Rubio atiçou o Tea Party ao impulsionar uma lei no Senado que oferecia uma via à cidadania aos imigrantes ilegais, legislação que abandonou ao ver que não prosperava e que agora renega.
A imigração é desde então o tema mais incômodo para Rubio, um latino de segunda geração e filho de imigrantes econômicos consciente que para conseguir a indicação de seu partido deve mostrar-se implacável com a imigração ilegal, mais ainda em eleições marcadas pelo duro discurso do magnata Donald Trump.
O establishment do Partido Republicano tinha apostado tudo nestas eleições e, há um ano, acreditava ter um candidato inevitável: Jeb Bush, o moderado ex-governador da Flórida que não soube se fazer ouvir nesta estridente e atípica campanha.
Após a retirada neste mês do filho e irmão de ex-presidentes, Rubio está herdando seus doadores ao mesmo tempo em que aglutina apoios de governadores e legisladores que olham para ele como a única esperança de evitar que Trump seja o indicado.
"Isto foi possível porque Bush, que tinha que ser o candidato, se afundou, e porque têm medo de Trump. Rubio é um conservador duro como uma rocha, mas é o melhor que o establishment pode esperar. Não vai soltar nenhuma bomba, por isso se sentem mais seguros com ele", afirmou à Agência Efe Steffen Schmidt, professor de ciência política da Universidade de Iowa.
"Está posicionado como um 'moderado' aos olhos dos eleitores em comparação com as retóricas estridentes e divisoras de Trump e de Ted Cruz, mas claro que não é um 'moderado' como John Kasich", comentou, por sua vez, Anthony Corrado, analista em campanhas eleitorais do centro de estudos Brookings.
Esta não foi uma boa campanha para os moderados clássicos. Republicanos pragmáticos e com experiência de governo como Kasich (governador de Ohio), Chris Christie (governador de Nova Jersey) e Jeb Bush (ex-governador da Flórida) se viram amplamente superados por um recém chegado à política como Trump e por dois senadores inexperientes como Rubio e Cruz.
O surpreendente respaldo de Christie, um republicano moderado que soube entender-se com os democratas, a Trump nesta sexta-feira dá a medida de como o partido está mudando e de quão difusas começam a ser categorias como "establishment" e "moderado".
Neste contexto, Rubio mudou na quinta-feira de estratégia e decidiu passar à ofensiva contra Trump, a quem descreve agora como um "vigarista" que está prestes a "sequestrar o Partido Republicano e o movimento conservador".
Assim, Marco Rubio se apresenta como um "verdadeiro conservador" capaz de preservar as essências e os "princípios conservadores" frente a Trump, a quem desenha como um nova-iorquino progressista demais em temas como o aborto e a saúde pública.
"A maioria dos republicanos acha que Trump e Cruz seriam um desastre para o partido, tanto nas eleições como governando, se chegassem a ganhar. De modo que a questão agora para a maioria do establishment é a sobrevivência. Rubio é o melhor dos três piores candidatos viáveis que restam, por isso o chamem de moderado", considerou Stephen Wayne.
Para este especialista na presidência americana e consultor de campanhas da Universidade de Georgetown, se Rubio for candidato, os democratas fariam uma dura campanha contra ele por ser "ultraconservador" e um político "sem experiência".
No entanto, Rubio defende que sua candidatura é a mais temida pelo Partido Democrata e se apresenta como a única opção para os que consideram que a corrida republicana à Casa Branca se reduziu a uma questão: se será possível frear Donald Trump.
"Se você é republicano e não quer que um vigarista controle seu partido, una-se a nós, para que possamos pôr fim a esta loucura". Esta é a mensagem com a qual Rubio se postula como o único capaz de "unir e ampliar" o partido após "o circo" dos últimos nove meses. EFE
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