Grécia corre contra tempo para criar abrigos para refugiados parados no país
Remei Calabuig.
Atenas, 27 fev (EFE).- A Grécia trabalha contra o relógio para ampliar sua capacidade de amparo e abrigar os milhares de refugiados que continuam à espera de entrar na Macedônia, já que a quantidade que chega às ilhas não para e o fechamento das fronteiras balcânicas os deixou presos em diferentes pontos do país.
A situação é crítica pois, como confirmou a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) à Efe, só na fronteira norte há cerca de 6.300 refugiados entre o acampamento de passagem -completamente superlotado, já que sua capacidade inicial era de 1.500 pessoas - e o posto de gasolina perto dali.
Este sábado só entraram no país vizinho 300 refugiados sírios e iraquianos durante as quatro horas em que a fronteira esteve aberta, de acordo com fontes policiais.
Um número muitos menor, 22 pessoas (15 sírios e sete iraquianos) entraram na sexta-feira, segundo as autoridades macedônias.
A fronteira abre e fecha de forma intermitente, e o aumento dos controles de sírios e iraquianos, que devem apresentar um passaporte ou documento de identidade, desacelerou o cruzamento.
"Há gente que está esperando em Idomeni há uma semana. A paciência está no limite", afirmou Stella Nanu, uma das porta-vozes da Acnur que está na passagem fronteiriça.
O ministro de Migração grego, Yanis Muzalas, afirmou hoje que a Grécia apresentou um plano de contingência à União Europeia para acolher os cerca de 22 mil refugiados que estão atualmente em vários pontos do país e afirmou que em um mês o número pode chegar até 70 mil pessoas.
Muzalas explicou que serão criados novos centros de abrigo temporário, quatro na região da Macedônia e o resto entre Atenas e Salônica, as duas maiores cidades que já contam com três e um centro, respectivamente.
O ministro inclusive falou que não seria uma "tragédia" se, chegado o momento, a Grécia tivesse que declarar "em estado de emergência", já que isso permite realizar contratações de pessoal - que agora estão muito restritas devido ao programa de resgate - e garantiu que os serviços de proteção civil elaboram "planos" caso a situação chegue a esse ponto.
A situação é grave também no porto do Pireo, onde as ONGs fizeram um chamado para que se apresentem médicos, especialmente pediatras, e tradutores de árabe e persa, assim como pediu doações de alimentos, remédios, cobertores, sacos de dormir, roupa e calçados.
Cristina Papayeoryiu, coordenadora da Médicos sem Fronteiras (MSF) em Atenas, afirmou à Efe que ontem dormiram 3.500 pessoas dormiram em cinco salas de espera para passageiros pagas pelas autoridades no porto.
Ela explicou que alguns partirão hoje em direção à fronteira, mas que no principal porto grego continuarão a haver pelo menos duas mil pessoas às que se somarão os que chegarem nas próximas horas em duas embarcações que saíram das ilhas do Egeu.
Fontes do Ministério de Migração confirmaram à Efe que a situação nas ilhas "ainda é gerenciável", por isso as embarcações, embora com menos capacidade do que o habitual, continuam a transportar gente até Atenas.
A MSF afirmou que o panorama no Pireo é "dramático", e que "as necessidades de recursos são muito grandes".
"Ontem demos 1.120 cobertores, estamos prestando assistência com nossos médicos e distribuímos 500 porções de comida por dia", disse Papayeoryiu, que acrescentou que os refugiados dependem destas organizações e de voluntários independentes para comer.
A porta-voz destacou que há "uma necessidade constante de mais voluntários, comida e remédios", e apontou que os espaços que servem como dormitórios "estão mal condicionados e isso pode ter consequências".
"Por enquanto só há alguns casos de gastroenterite", informou.
Uma situação semelhante, embora com números menores, acontece na praça de Viktoria, no centro da capital, para onde os voluntários também pedem ajuda dos locais.
Ali os acampados dormem igualmente no chão e só recebem alimentos da Acnur ou da Cruz Vermelha, mas dependem das lojas para poder ir ao banheiro e se limparem.
A imprensa local indicou que a intenção do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, na próxima cúpula europeia de 7 de março, é pedir aos seus colegas comunitários que cumpram o programa de realocação de refugiados, baseado na distribuição justa da carga entre os 28 países-membros da UE.
Os últimos dados da Organização Internacional de Migrações cifram em mais de 100 mil as pessoas chegadas à Grécia pelo mar só neste ano.
Atenas, 27 fev (EFE).- A Grécia trabalha contra o relógio para ampliar sua capacidade de amparo e abrigar os milhares de refugiados que continuam à espera de entrar na Macedônia, já que a quantidade que chega às ilhas não para e o fechamento das fronteiras balcânicas os deixou presos em diferentes pontos do país.
A situação é crítica pois, como confirmou a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) à Efe, só na fronteira norte há cerca de 6.300 refugiados entre o acampamento de passagem -completamente superlotado, já que sua capacidade inicial era de 1.500 pessoas - e o posto de gasolina perto dali.
Este sábado só entraram no país vizinho 300 refugiados sírios e iraquianos durante as quatro horas em que a fronteira esteve aberta, de acordo com fontes policiais.
Um número muitos menor, 22 pessoas (15 sírios e sete iraquianos) entraram na sexta-feira, segundo as autoridades macedônias.
A fronteira abre e fecha de forma intermitente, e o aumento dos controles de sírios e iraquianos, que devem apresentar um passaporte ou documento de identidade, desacelerou o cruzamento.
"Há gente que está esperando em Idomeni há uma semana. A paciência está no limite", afirmou Stella Nanu, uma das porta-vozes da Acnur que está na passagem fronteiriça.
O ministro de Migração grego, Yanis Muzalas, afirmou hoje que a Grécia apresentou um plano de contingência à União Europeia para acolher os cerca de 22 mil refugiados que estão atualmente em vários pontos do país e afirmou que em um mês o número pode chegar até 70 mil pessoas.
Muzalas explicou que serão criados novos centros de abrigo temporário, quatro na região da Macedônia e o resto entre Atenas e Salônica, as duas maiores cidades que já contam com três e um centro, respectivamente.
O ministro inclusive falou que não seria uma "tragédia" se, chegado o momento, a Grécia tivesse que declarar "em estado de emergência", já que isso permite realizar contratações de pessoal - que agora estão muito restritas devido ao programa de resgate - e garantiu que os serviços de proteção civil elaboram "planos" caso a situação chegue a esse ponto.
A situação é grave também no porto do Pireo, onde as ONGs fizeram um chamado para que se apresentem médicos, especialmente pediatras, e tradutores de árabe e persa, assim como pediu doações de alimentos, remédios, cobertores, sacos de dormir, roupa e calçados.
Cristina Papayeoryiu, coordenadora da Médicos sem Fronteiras (MSF) em Atenas, afirmou à Efe que ontem dormiram 3.500 pessoas dormiram em cinco salas de espera para passageiros pagas pelas autoridades no porto.
Ela explicou que alguns partirão hoje em direção à fronteira, mas que no principal porto grego continuarão a haver pelo menos duas mil pessoas às que se somarão os que chegarem nas próximas horas em duas embarcações que saíram das ilhas do Egeu.
Fontes do Ministério de Migração confirmaram à Efe que a situação nas ilhas "ainda é gerenciável", por isso as embarcações, embora com menos capacidade do que o habitual, continuam a transportar gente até Atenas.
A MSF afirmou que o panorama no Pireo é "dramático", e que "as necessidades de recursos são muito grandes".
"Ontem demos 1.120 cobertores, estamos prestando assistência com nossos médicos e distribuímos 500 porções de comida por dia", disse Papayeoryiu, que acrescentou que os refugiados dependem destas organizações e de voluntários independentes para comer.
A porta-voz destacou que há "uma necessidade constante de mais voluntários, comida e remédios", e apontou que os espaços que servem como dormitórios "estão mal condicionados e isso pode ter consequências".
"Por enquanto só há alguns casos de gastroenterite", informou.
Uma situação semelhante, embora com números menores, acontece na praça de Viktoria, no centro da capital, para onde os voluntários também pedem ajuda dos locais.
Ali os acampados dormem igualmente no chão e só recebem alimentos da Acnur ou da Cruz Vermelha, mas dependem das lojas para poder ir ao banheiro e se limparem.
A imprensa local indicou que a intenção do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, na próxima cúpula europeia de 7 de março, é pedir aos seus colegas comunitários que cumpram o programa de realocação de refugiados, baseado na distribuição justa da carga entre os 28 países-membros da UE.
Os últimos dados da Organização Internacional de Migrações cifram em mais de 100 mil as pessoas chegadas à Grécia pelo mar só neste ano.
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