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Cameron vê dificuldade de acesso a mercado único sem migração comunitária

28/06/2016 21h21

Bruxelas, 29 jun (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, reconheceu nesta terça-feira que será um "enorme desafio" ter acesso aos benefícios do mercado único da UE sem aceitar também a liberdade de movimentação dos trabalhadores comunitários.

"Obviamente é um desafio difícil porque a UE vê o mercado único como um mercado único de bens, serviços, capitais e pessoas, e essas coisas vão juntas", afirmou em entrevista coletiva após participar de seu "último" Conselho Europeu como primeiro-ministro do Reino Unido, como ele mesmo destacou.

Cameron comentou que, no Reino Unido, "às vezes pensamos que estas coisas são opções separadas, mas aqui o sentido é que estas coisas vão juntas e que quiser os benefícios completos do mercado único, então é preciso se envolver em todas as partes".

"Vai ser um enorme desafio tentar conseguir os benefícios no futuro, um desafio para a Europa e um desafio para o Reino Unido", advertiu.

Cameron reconheceu que no Reino Unido "havia grande preocupação pelo movimento de pessoas e a imigração", e relacionou essa tendência com "preocupação em termos de soberania".

"Precisamos pensar sobre isso, a Europa tem que pensar sobre isso, e acho que vai ser uma das maiores tarefas do próximo primeiro-ministro", comentou.

O ainda primeiro-ministro do Reino Unido disse que a UE e seu país, quando tiver abandonado o bloco, "devem buscar as relações mais próximas possíveis", especialmente em matéria de comércio, cooperação e segurança.

Cameron garantiu que o Reino Unido "não dará as costas à UE" e destacou o tom "de tristeza e pesar" da reunião, que transcorreu de forma "calma" e "positiva".

"Até o momento da saída, o Reino Unido será um membro pleno. Enquanto buscamos a melhor associação que pudermos com a UE após deixá-la, é impossível ter todos os benefícios da filiação sem alguns dos custos da filiação", analisou.

De acordo com o político conservador, é possível "lamentar o resultado", mas não o fato de ter sido realizado o referendo: "Acredito que era o apropriado", disse.

"O povo decidiu a direção que devemos seguir e acho que devemos aceitar e aplicar o referendo", acrescentou.

Cameron afirmou que "não esteve no espírito da reunião" a pressão para que o Reino Unido acelere a ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que regulará sua saída, e confirmou que a ativação caberá ao sucessor no cargo.

"A ativação do artigo 50 funcionará melhor se ambas as partes souberem o que tentam conseguir na negociação que está a ponto de começar", explicou, e acrescentou que há de haver um "trabalho intenso por parte do conjunto de funcionários e do novo primeiro-ministro para decidir quais são objetivos do Reino Unido, o tipo modelo que queremos conseguir, e então a decisão estará em mãos do primeiro-ministro", disse.

Após seis anos participando de cúpulas europeias, Cameron reconheceu que podem ser "longas, frustrante e difíceis", momentos nos quais então lembrava que os países pertencentes à UE "não faz / há muitos anos estavam em conflito", o que encontrava "muito tranqüilizador".

"É uma noite triste para mim porque não queria estar nesta posição, queria o Reino Unido em uma UE reformada", afirmou Cameron. EFE

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