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Theresa May, a "nova Dama de Ferro" que tirará o Reino Unido da UE

11/07/2016 15h52

Londres, 11 jul (EFE).- Theresa May, que a partir da próxima quarta-feira será a nova primeira-ministra do Reino Unido e segunda mulher na história do país a ocupar esse cargo - a primeira foi Margaret Thatcher -, terá a missão de implementar o "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia.

Ministra de Interior desde 2010, May tomará posse no lugar de David Cameron como chefe do governo britânico - com mandato até 2020 -, já que sua única rival, Andrea Leadsom, se retirou hoje da corrida para liderar o Partido Conservador.

Chamada de "nova Dama de Ferro", em referência a Thatcher, e comparada com a alemã Angela Merkel, May é conhecida por sua firmeza de convicções e por se posicionar a favor de que o Reino Unido permanecesse na UE, embora tivesse ficado à margem do centro das atenções durante a campanha do referendo de 23 de junho.

Casada e de 59 anos, a política deixou claro que seu objetivo é unificar a legenda conservadora, dividida entre os que apoiavam ou rejeitavam a saída do Reino Unido do bloco europeu, e também o país, rachado ao meio pelo apertado resultado da consulta popular.

Apesar de sua postura durante a campanha, ela se mostrou disposta a respeitar a vontade dos cidadãos: "Brexit significa Brexit. Não haverá um segundo referendo, nem tentativas de permanecer na UE", garantiu.

May também afirmou que não ativará antes de 2017 o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que torna efetiva a saída do país da UE.

Entre os planos de May estão "recuperar o controle do número de europeus que entram" no país, e ela não garante que os imigrantes de países da UE que vivem no Reino Unido possam ficar em território britânico assim que for implementado o "Brexit".

Os deputados "tories" a definem como "uma mulher extremamente difícil", que recebeu elogios por deportar o clérigo radical Abu Qatada e por se negar a extraditar aos EUA o pirata cibernético Gary McKinnon, que invadiu os computadores do Pentágono.

May recebeu criticas por sua falta de carisma e por descumprir sua promessa de reduzir a cada ano em 100 mil o número de imigrantes nas ilhas britânicas.

Ela evidenciou sua admiração por Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990, mas ressaltou que não tem nenhum modelo em política e que prefere percorrer seu próprio caminho.

Um dos momentos pelos quais é lembrada remonta a 2002, quando se tornou a primeira presidente da bancada dos conservadores e alertou aos "tories" que eram vistos como um "partido desagradável" devido a sua intolerância com as minorias.

Considerada uma das vozes modernizadoras da legenda, May apoia a igualdade de sexos e o casamento gay, embora em 2002 tenha votado contra conceder a essa minoria o direito de adoção.

A futura primeira-ministra, cujo pai era um vigário anglicano, nasceu em 1º de outubro de 1956 em Eastbourne (sul da Inglaterra) e se graduou em Geografia na Universidade de Oxford.

Lá ela conheceu seu marido, Philip May, com quem está casada há 36 anos, graças a Benazir Bhutto, ex-primeira-ministra do Paquistão, que morreu assassinada anos depois.

Após seu período como estudante, May trabalhou durante seis anos no Banco da Inglaterra antes de ser eleita, em 1997, para uma cadeira como deputada no distrito de Maidenhead.

May logo se transformou em uma figura proeminente do partido e trabalhou em postos de segundo escalão nos ministérios de Educação, Transporte, Cultura e Esportes entre 1999 e 2005, e depois em 2009 e 2010 no de Trabalho e Previdência.

Nas eleições de maio de 2010, duplicou em votos a maioria necessária para continuar em seu posto, e David Cameron a nomeou ministra de Interior e ministra para a Mulher e Igualdade.

May, que é fã de críquete, lamentou em diversas ocasiões sua incapacidade para ter filhos.