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Invasor do caso Watergate era pago pela CIA, segundo documentos da agência

30/08/2016 21h50

Washington, 30 ago (EFE).- Um dos cinco homens que invadiram a sede do Comitê Nacional do Partido Democrata no episódio que marcou o início do caso Watergate, em 1972, recebia salário da CIA (agência de inteligência americana) na época, segundo documentos internos revelados nesta terça-feira.

Trata-se de Eugenio Martínez, conhecido como "Musculito", um cubano anticastrista que já tinha participado, em 1961, da fracassada invasão da Baía dos Porcos, e que oferecia à CIA informações sobre seus compatriotas exilados em Miami.

Junto com Martínez, invadiram o Comitê Nacional do Partido Democrata, no complexo de escirtórios Watergate, James McCord, Frank Sturgis e Bernard Baker, que tiveram relação com a CIA no passado, além do também cubano Virgilio González, em uma operação de espionagem política interna.

O documento revelado hoje por ordem judicial, chamado "Working Draft - CIA Watergate History", foi redigido entre 1973 e 1974 e foi mantido em sigilo durante mais de 40 anos.

De fato, um advogado da CIA citado no documento classifica Martínez como "agente", e durante a investigação do caso Watergate afirmou que "por nenhuma circunstância" entregaria as provas da relação entre o cubano e a agência.

"Isso quebraria a relação de confiança com um agente", disse o advogado em um documento que prova o que até agora eram apenas especulações.

Além de Martínez, o documento também revela uma reunião ocorrida em 12 de julho de 1972, somente um mês depois da detenção do grupo no Watergate, entre o então subdiretor da CIA, Vernon Walters (que alguns anos antes foi adido militar no Brasil), e o diretor do FBI, Patrick Gray.

Na reunião, Gray explicou que recomendou ao presidente Richard Nixon para "se livrar de todas as pessoas" que participaram do encobrimento do Watergate.

"Ele (Gray) disse ao presidente que tinha falado com Walters e que ambos - Walters e Gray - acreditam que o presidente deveria se livrar das pessoas envolvidas no encobrimento, sem importar quão em cima estivessem", aponta o documento.

Nixon renunciou em agosto de 1974, encurralado pelas consequências do escândalo.