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Fórum de esquerda começa com mensagens de apoio a Dilma, Lula e Cristina

28/09/2016 21h03

Quito, 28 set (EFE).- O Encontro Latino-Americano Progressista (ELAP) 2016 começou nesta quarta-feira em Quito com mensagens de respaldo a Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e também à ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, considerados pelos organizadores do evento como vítimas dos ataques da direita regional.

"Golpe parlamentar" e "judicialização da política" foram algumas das expressões utilizadas nesse fórum para se referir à situação que afeta estes ex-governantes que, nas palavras do presidente do Equador, Rafael Correa, estão no ponto de mira de um "novo Plano Condor" orquestrado por forças "retardatárias" da região.

Pôr em evidência as intenções desse plano e impulsionar um "pacto ético latino-americano" são os dois grandes eixos do ELAP, do qual participam até sexta-feira 200 delegados de forças progressistas de 23 países para refletir sobre a situação da esquerda internacional.

Ao abrir o encontro, Doris Soliz, secretária executiva da Aliança País (AP), movimento governista equatoriano que organiza as jornadas, condenou o "golpe parlamentar" que levou à cassação da ex-presidente Dilma Rousseff, para quem expressou sua solidariedade, da mesma forma que com Lula.

Do mesmo modo enviou uma mensagem de apoio a Cristina Kirchner (2007-2015), que nesta quinta-feira receberá uma condecoração do parlamento equatoriano e pronunciará uma conferência no ELAP.

O presidente da comissão de Relações Internacionais do AP, Fander Falconí, expressou também seu respaldo a Dilma e Lula perante o "aleivoso ardil golpista" do quais são vítimas e que, em sua opinião, é parte da ação conservadora perante a qual a esquerda deve elaborar "novas estratégias" para "desmascarar o neoliberalismo".

Por sua vez, Rafael Correa lançou uma mensagem de firmeza frente aos supostos ataques conservadores ao discursar para um público formado majoritariamente por simpatizantes do governo que o interrompeu várias vezes com aplausos.

Para Correa, a ação da direita latino-americana constitui "verdadeiramente um novo Plano Condor", embora diferente daquele de 40 anos atrás, quando o objetivo eram "os jovens que acreditavam em um mundo melhor e se opunham à brutalidade das ditaduras militares apoiadas pelo norte".

Este plano, segundo opinou, tem hoje no ponto de mira os governos progressistas da região, como demonstra "o assédio e boicote econômico" à Venezuela, "o golpe parlamentar no Brasil e a judicialização da política" contra Dilma, Lula e Cristina.

O governante equatoriano mencionou também "as tentativas para destruir" a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), "neutralizar" a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e "reviver a moribunda" Organização dos Estados Americanos (OEA).

Para o governante equatoriano os problemas econômicos de Brasil e Venezuela são interpretados "como exemplo do fracasso do socialismo", mas não se diz que o Uruguai, "com um governo de esquerda, é o país mais desenvolvido" da América do Sul "ou que a Bolívia, também com um governo de socialismo do século XXI" tem indicadores macroeconômicos que são "uns dos melhores de todo o planeta".

Correa advertiu ainda que os impulsores desta estratégia conservadora "querem retornar, e com sede de vingança, depois de mais de uma década de contínuas derrotas".

"Mas aqui nos encontrarão, mais firmes que nunca, companheiros", disse.

No ELAP está prevista também a participação do ex-presidente uruguaio José Mujica (2010-2015), da chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, e do líder do partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias.

Delegações de Brasil, Argentina, Armênia, Bélgica, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Cuba, El Salvador, Estados Unidos, Espanha, França, México, Nicarágua, Palestina, Paraguai, Peru, República Dominicana, República Árabe Saaraui Democrática, Uruguai, Venezuela e Vietnã participam do encontro, segundo os organizadores.