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México envia ao Panamá advogada de ex-presidente envolvida no caso Odebrecht

22/02/2017 15h45

Cidade do Panamá, 22 fev (EFE).- A advogada Evelyn Vargas, vinculada ao ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli e acusada de lavagem de dinheiro no caso das propinas da construtora brasileira Odebrecht, aterrissou nesta quarta-feira no Panamá, procedente do México, onde se entregou voluntariamente às autoridades.

Evelyn se entregou à Interpol na terça-feira e foi repatriada hoje pelo Panamá, onde prestará depoimento como acusada por supostamente ter ajudado a lavar dinheiro das propinas pagas pela construtora brasileira aos filhos do ex-presidente Martinelli, segundo fontes judiciais.

A advogada trabalhava para dois filhos do ex-mandatário, Ricardo e Luis Enrique Martinelli Linares, acusados no mesmo caso e presentes na lista internacional de procurados desde 13 de fevereiro por terem recebido pelo menos US$ 22 milhões que foram congelados pela Suíça, de acordo com o Ministério Público panamenho.

Segundo a imprensa local, Evelyn administrou pelo menos cinco sociedades com contas bancárias na Suíça, nas quais os irmãos Martinelli aparecem como beneficiados finais.

A advogada deixou o principal aeroporto da capital panamenha sob fortes medidas de segurança e sem falar com os jornalistas, e chegou às instalações do Ministério Público para prestar seu depoimento, segundo constatou a Agência Efe.

O advogado de Evelyn, René Rodríguez, afirmou ao canal "TVN-Noticias" que sua cliente "vai colaborar com as investigações, vai falar a verdade e não vai acobertar ninguém".

A entrega da advogada aconteceu pouco depois que a procuradora-geral do Panamá, Kenia Porcell, recomendasse ontem aos envolvidos no escândalo Odebrecht que confessassem detalhes sobre a rede de corrupção o mais rápido possível para que pudessem ter direito a uma futura redução de pena, graças à recém-aprovada lei de "delação premiada".

O Ministério Público do Panamá informou que são seis investigações envolvendo a Odebrecht nas quais há pelo menos 17 acusados, entre eles Evelyn Vargas e os filhos de Martinelli.

As confissões, acrescentou a procuradora-geral em entrevista coletiva, devem acontecer antes de 1º de junho, data na qual o Brasil começará a compartilhar informações sobre o caso com outros países.

O esquema de corrupção de Odebrecht também está sendo investigado em Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Portugal, Peru, República Dominicana, Venezuela e Brasil, que foi onde começaram a ser descobertas as práticas ilegais da construtora.

A dimensão internacional do escândalo ficou conhecida no fim de 2016, quando o Departamento de Justiça dos EUA revelou que a multinacional admitiu o pagamento de US$ 788 milhões em propina em 12 países de América Latina e África, sendo que destes, US$ 59 milhões foram pagos no Panamá entre 2009 e 2014.

A Odebrecht, que é a empresa que mais venceu licitações do Estado panamenho e executa atualmente projetos de infraestrutura que superam os US$ 3 bilhões, se comprometeu verbalmente em dezembro a pagar US$ 59 milhões ao Estado panamenho, mas ainda não há nenhum acordo assinado.

A multinacional brasileira firmou um acordo judicial com os governos de EUA, Brasil e Suíça e pagará multas que, somadas, chegam a pelo menos US$ 2,047 bilhões.