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Protesto por eleições no Nepal bloqueia fronteira e deixa 9 feridos

22/02/2017 16h17

Katmandu, 22 fev (EFE).- Um protesto convocado pelos partidos madhesi no sul do Nepal contra a convocação de eleições locais impediu nesta quarta-feira o desenvolvimento de atividades comerciais na fronteira com a Índia e deixou pelo menos nove feridos.

Centenas de membros da coalizão madhesi Samyukta Loktantrik Madhesi Morcha saíram às ruas em 20 distritos do cinturão sul do país, do qual são oriundos, na fronteira com a Índia, para protestar contra a convocação de pleito locais para o próximo dia 14 de maio.

As formações madhesi apoiaram o governo de coalizão do maoísta Partido Comunista do Nepal (CPN-MC, antiga guerrilha) e do Partido do Congresso em troca de reformas na divisão territorial contemplada na Constituição e exigem que lhes sejam outorgadas antes do pleito, anunciado há dois dias pelo Executivo.

Sarbendra Nath Sukla, secretário-geral do Partido Tarai Madhes Loktantrik, parte da aliança das forças madhesi, declarou à Agência Efe que querem que "o governo corrija imediatamente sua decisão" de convocar pleitos antes de emendar a Carta Magna, que estabelece o desenvolvimento de eleições municipais, provinciais e centrais antes de 21 de janeiro de 2018.

Os protestos do Samyukta Loktantrik Madhesi Morcha provocaram hoje a suspensão do transporte e o fechamento de colégios, lojas e passagens fronteiriças com a Índia no sul do país.

Govinda Kumar Shah, chefe de polícia do distrito de Birgunj, onde se encontra o principal ponto de entrada de importações ao Nepal, disse à Efe que nenhum veículo com mercadorias entrou hoje vindo da Índia e acrescentou que "todas as indústrias, mercados, escolas e transportes estiveram fechados".

No também meridional distrito de Dhanusha, cinco pessoas ficaram feridas em enfrentamentos entre manifestantes e membros da principal força opositora nepalesa, o Partido Comunista Unificado (CPN-UML, marxista-leninista).

Os confrontos começaram depois que um grupo de participantes do protesto lançou pedras contra a casa na qual se encontrava um dirigente do CPN-UML, que se opõe a conceder aos madhesi a reforma territorial que exigem, indicou à Efe o porta-voz da polícia do distrito, Nakul Pokharel.

Um incidente similar contra um escritório governamental na cidade de Bhairahawa, na fronteira com a Índia, causou enfrentamentos entre manifestantes e as forças de segurança, que se saldaram com pelo menos quatro feridos.

Os madheshi exigem que, das sete províncias contempladas na Constituição, duas estejam sob seu controle e estejam formadas pelos 20 distritos dessa minoria, ao invés da única que tinham no texto original.

O governo concordou em novembro a outorgar uma segunda província para 15 dos 20 distritos madheshi, uma solução que não agradou nem os sulinos nem os partidos opositores, que não estão de acordo com essas concessões.

Como a aliança de governo não alcança dois terços dos 594 parlamentares necessários para fazer a reforma constitucional, a emenda está paralisada no Legislativo.