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Procuradoria nomeia juiz de instrução para investigar escândalo de Fillon

24/02/2017 17h18

Paris, 24 fev (EFE).- A Procuradoria Nacional Financeira da França anunciou nesta sexta-feira que nomeou um juiz de instrução para investigar possíveis irregularidades cometidas pelo candidato à presidência da França e ex-primeiro-ministro do país, François Fillon, que teria empregado sua esposa como assessora parlamentar sem que ela fosse trabalhar.

O juiz de instrução vai investigar se Fillon cometeu os crimes de desvio de recursos públicos, tráfico de influência e ocultação de atividades ilícitas, indicou a Procuradoria em comunicado.

Fillon, que em um primeiro momento tinha afirmado que abandonaria a candidatura se fosse acusado, voltou atrás depois de considerar que os promotores foram injustos com ele. Assim, o primeiro-ministro disse que aceitará apenas o veredito das urnas.

Os promotores tinham aberto uma investigação preliminar depois de a revista "Le Canard Echainé" revelar que o ex-primeiro-ministro contratou sua esposa, Penelope, como assistente parlamentar entre 1998 e 2002, mas que ela nunca exerceu o cargo.

O contrato foi mantido depois que Fillon deixou a Assembleia para ser ministro do Trabalho. Penelope foi mantida no gabinete do substituto do agora candidato à presidência até 2007.

No total, a esposa de Fillon teria embolsado 800 mil euros.

No último dia 16, a Procuradoria Nacional Financeira afirmou que tinha elementos suficientes para não encerrar o caso, o que dava ao órgão duas opções: ou enviar Fillon e sua esposa para um Tribunal Correcional ou nomear um juiz de instrução para avaliar os fatos e, eventualmente, acusar o ex-primeiro-ministro.

Com a escolha da segunda opção, a Procuradoria deixa entrever que tem elementos para construir uma acusação contra Fillon, o que pode significar um novo golpe à candidatura do conservador, que era favorito nas pesquisas antes do escândalo.

Desde então, a popularidade do ex-primeiro-ministro despencou, assim como as intenções de voto. De favorito, Fillon agora está na terceira posição e ficaria fora de um provável segundo turno, que seria disputado por Marine Le Pen e Emmanuel Macron.

Em um primeiro momento, alguns deputados do partido de Fillon pediram que ele desistisse da candidatura, mas o ex-primeiro-ministro descartou a renúncia e acusou a Procuradoria e a imprensa de querer privar os franceses de votar no programa conservador que ele oferece.