Mélenchon, o candidato que deslumbra a esquerda francesa
Luis Miguel Pascual.
Paris, 21 abr (EFE).- Quando em 2008 Jean-Luc Mélenchon encerrou de forma abrupta 30 anos de militância no Partido Socialista (PS) ninguém imaginou que o histriônico senador que azucrinava a vida do partido com sua consciência progressista se converteria em uma figura essencial da esquerda da França.
Como o Syriza na Grécia e o Podemos na Espanha, Mélenchon representa a corrente mais radical da esquerda, embora, diferente dos líderes desses dois movimentos, sua carreira política tenha sido construída no seio do PS.
O político, que aos 65 anos enfrenta sua segunda campanha presidencial, comprovou que, desprovido do lastro de todo aparelho, tem um grande apelo eleitoral.
Mélenchon foi sempre um "língua solta" que encontrou mais eco entre o público quando compareceu em primeira pessoa a seu encontro.
Dirigente estudantil, conselheiro municipal e senador com 35 anos, o mais jovem da V República, Mélenchon foi subindo degraus na vida interna do partido, que lhe compensou por seu valor com a entrada no governo como responsável de Ensino Profissional, cargo que ocupou entre 2000 e 2002.
Em 2004 foi um dos rostos visíveis que, de dentro do PS, fez campanha pelo "não" à Constituição Europeia, contra a postura oficial do partido. Nessa ocasião, se deu conta de seu poder de convencimento das massas e da distância que mantinha do "partido de notáveis" no qual militava desde 1976. Demorou ainda quatro anos para comprovar que o aparelho socialista lhe era muito hostil.
"Mitterrandista" convicto, "jospinista" fiel, Mélenchon denunciou com veemência a guinada liberal do PS sob os auspícios de Ségolène Royal e, seguindo o exemplo do ex-ministro de Economia alemão, Oskar Lafontaine, fundou o Partido de Esquerda.
Um movimento que se resume ao carisma de seu líder, político experiente provido de uma dialética pungente e eficaz que lhe permite se conectar com o povo.
Seus livros se situam no topo das vendas de obras políticas, seu blog recebe milhares de visitas de internautas, da mesma forma que seu canal no YouTube, e seus comícios são grandes acontecimentos populares.
Até tal ponto que seus detratores asseguram que sua carismática figura esconde um programa anti-europeu, protecionista e neocomunista, para além de uma aliança bolivariana que lhe aproxima do presidente russo, Vladimir Putin, e do líder sírio, Bashar al Assad.
Algoz da direita e das posições mais liberais dos socialistas, Mélenchon decidiu concorrer às eleições presidenciais de 2012 associado com o Partido Comunista da França, no qual nunca militou.
Após se tornar uma das figuras que agitou aquela campanha, acabou com pouco mais de 11% dos votos no primeiro turno, um resultado que ele mesmo considerou decepcionante.
Ansioso para acabar com o governo conservador de Nicolas Sarkozy pediu votos para o socialista François Hollande no segundo turno, com a condição de que rompesse com a política de austeridade liderada pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Mélenchon demorou pouco para denunciar o incumprimento dos compromissos sociais do presidente eleito e, em poucos meses, se converteu em um de seus principais críticos.
Nos cinco anos de governo de Hollande não deixou de trabalhar na construção de uma alternativa de esquerda que cristalizou em uma nova candidatura presidencial.
Nascido em Tânger, em 1951, Mélenchon é filho de um telegrafista e de uma professora originária do norte de África, para onde emigraram seus pais, ambos de origem espanhola.
Aos 11 anos se instalou na Normandia, para onde foi destinada sua mãe após seu divórcio e onde Mélenchon estudou em um colégio privado e se licenciou em Filosofia.
Apesar de acumular quase 40 anos na política, Mélenchon se define como um resistente "antissistema" e reivindica suas origens operárias.
Se em 2012 dirigia-se essencialmente à esquerda, cinco anos mais tarde assegura defender um programa que aglutine todo o país para acabar com o que ele define como "a monarquia republicana" e instaurar um sistema parlamentar mais representativo.
Paris, 21 abr (EFE).- Quando em 2008 Jean-Luc Mélenchon encerrou de forma abrupta 30 anos de militância no Partido Socialista (PS) ninguém imaginou que o histriônico senador que azucrinava a vida do partido com sua consciência progressista se converteria em uma figura essencial da esquerda da França.
Como o Syriza na Grécia e o Podemos na Espanha, Mélenchon representa a corrente mais radical da esquerda, embora, diferente dos líderes desses dois movimentos, sua carreira política tenha sido construída no seio do PS.
O político, que aos 65 anos enfrenta sua segunda campanha presidencial, comprovou que, desprovido do lastro de todo aparelho, tem um grande apelo eleitoral.
Mélenchon foi sempre um "língua solta" que encontrou mais eco entre o público quando compareceu em primeira pessoa a seu encontro.
Dirigente estudantil, conselheiro municipal e senador com 35 anos, o mais jovem da V República, Mélenchon foi subindo degraus na vida interna do partido, que lhe compensou por seu valor com a entrada no governo como responsável de Ensino Profissional, cargo que ocupou entre 2000 e 2002.
Em 2004 foi um dos rostos visíveis que, de dentro do PS, fez campanha pelo "não" à Constituição Europeia, contra a postura oficial do partido. Nessa ocasião, se deu conta de seu poder de convencimento das massas e da distância que mantinha do "partido de notáveis" no qual militava desde 1976. Demorou ainda quatro anos para comprovar que o aparelho socialista lhe era muito hostil.
"Mitterrandista" convicto, "jospinista" fiel, Mélenchon denunciou com veemência a guinada liberal do PS sob os auspícios de Ségolène Royal e, seguindo o exemplo do ex-ministro de Economia alemão, Oskar Lafontaine, fundou o Partido de Esquerda.
Um movimento que se resume ao carisma de seu líder, político experiente provido de uma dialética pungente e eficaz que lhe permite se conectar com o povo.
Seus livros se situam no topo das vendas de obras políticas, seu blog recebe milhares de visitas de internautas, da mesma forma que seu canal no YouTube, e seus comícios são grandes acontecimentos populares.
Até tal ponto que seus detratores asseguram que sua carismática figura esconde um programa anti-europeu, protecionista e neocomunista, para além de uma aliança bolivariana que lhe aproxima do presidente russo, Vladimir Putin, e do líder sírio, Bashar al Assad.
Algoz da direita e das posições mais liberais dos socialistas, Mélenchon decidiu concorrer às eleições presidenciais de 2012 associado com o Partido Comunista da França, no qual nunca militou.
Após se tornar uma das figuras que agitou aquela campanha, acabou com pouco mais de 11% dos votos no primeiro turno, um resultado que ele mesmo considerou decepcionante.
Ansioso para acabar com o governo conservador de Nicolas Sarkozy pediu votos para o socialista François Hollande no segundo turno, com a condição de que rompesse com a política de austeridade liderada pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Mélenchon demorou pouco para denunciar o incumprimento dos compromissos sociais do presidente eleito e, em poucos meses, se converteu em um de seus principais críticos.
Nos cinco anos de governo de Hollande não deixou de trabalhar na construção de uma alternativa de esquerda que cristalizou em uma nova candidatura presidencial.
Nascido em Tânger, em 1951, Mélenchon é filho de um telegrafista e de uma professora originária do norte de África, para onde emigraram seus pais, ambos de origem espanhola.
Aos 11 anos se instalou na Normandia, para onde foi destinada sua mãe após seu divórcio e onde Mélenchon estudou em um colégio privado e se licenciou em Filosofia.
Apesar de acumular quase 40 anos na política, Mélenchon se define como um resistente "antissistema" e reivindica suas origens operárias.
Se em 2012 dirigia-se essencialmente à esquerda, cinco anos mais tarde assegura defender um programa que aglutine todo o país para acabar com o que ele define como "a monarquia republicana" e instaurar um sistema parlamentar mais representativo.
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