Disputas internas e vazamentos marcaram 100 dias da Casa Branca de Trump
Miriam Burgués.
Washington, 30 abr (EFE).- Disputas internas, vazamentos, a família como centro do poder e uma renúncia que continua dando o que falar dominaram os primeiros 100 dias de Donald Trump na Casa Branca, onde a sensação de caos se atenuou, mas ainda há dois lados opostos que combatem para influenciar o presidente.
Apesar de Trump ter declarado no dia 17 de fevereiro, ao completar um mês no poder, que seu governo funciona "como uma máquina perfeitamente azeitada", o certo é que "a guerra interna está ainda viva na Casa Branca", declarou à Agência Efe Steffen Schmidt, professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Iowa.
E essa guerra interna é fundamentalmente entre o chefe de estratégia da Casa Branca, Steve Bannon, e o genro e assessor de Trump, Jared Kushner.
Durante as primeiras semanas do mandato de Trump, a teoria repetida pela imprensa e por analistas era que Bannon, que dirigia o Breibart News, um conglomerado digital convertido em alto-falante do nacionalismo e da alt-right (nova ultradireita), era "o presidente de fato" por sua onipresença nas decisões mais audazes e polêmicas tomadas por seu chefe.
No entanto, mais recentemente o onipresente foi Kushner, com um papel muito ativo principalmente na política exterior, já que Trump lhe pediu para trabalhar em numerosos assuntos, e tão diversos como as relações com México, a aproximação com a China e o conflito palestino-israelense.
O círculo de influência junto a Kushner é completado por sua esposa e filha predileta de Trump, Ivanka, a assessora Dina Powell e o principal conselheiro econômico da Casa Branca, Gary Cohn.
Esse grupo, que Bannon considera muito progressista e afastado das bases conservadoras que votaram em Trump, foi ganhando peso e um exemplo é que Powell tem se consolidado como número dois do relevante Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Na visão de Schmidt, o casal Kushner e seus aliados têm mais chances de prevalecer no futuro, uma vez que "o sangue vale mais que a política", e também porque os membros "sérios" do gabinete, como os secretários de Defesa, James Mattis, e de Estado, Rex Tillerson, estão do seu lado.
Também não se pode esquecer, segundo este especialista, que existe uma "terceira facção" dentro da Casa Branca encabeçada pelo chefe de gabinete, Reince Priebus, que tenta "representar" o aparelho e valores tradicionais do Partido Republicano.
"(Trump) é um diretor terrível e a guerra na Casa Branca é o resultado de uma liderança pobre", opinou Schmidt.
A essa guerra aberta para influenciar nas decisões do imprevisível presidente podem se somar potenciais conflitos éticos derivados de ter a família como centro do poder, com Ivanka Trump trabalhando em um escritório a poucos metros do Salão Oval.
Esse escritório vai acompanhado de uma permissão para acessar informação confidencial e dispositivos governamentais de comunicação, embora, para não violar as leis sobre nepotismo, a filha de Trump não receba um salário para assessorar seu pai.
No entanto, ainda hoje repercute a polêmica pela propaganda gratuita na televisão da marca de roupa de Ivanka feita na própria Casa Branca pela conselheira presidencial Kellyanne Conway, que recebeu "aconselhamento legal" após o ocorrido, mas nenhuma sanção.
Para sensação de uma Casa Branca caótica contribuiu ainda uma multidão de vazamentos, alguns atribuídos por Trump a funcionários do governo do ex-presidente Barack Obama e que revelaram detalhes muito precisos sobre a vida do magnata e do conteúdo de conversas telefônicas que teve com outros líderes mundiais.
O jornal "The New York Times", por exemplo, retratou um presidente que vê TV em roupão de banho, algo que aparentemente incomodou Trump porque seu porta-voz, Sean Spicer, negou "categoricamente" que o governante tenha uma dessas peças de roupa.
Consequências muito mais sérias tiveram os vazamentos que revelaram que Michael Flynn, então principal assessor de segurança nacional de Trump, mentiu para o vice-presidente americano, Mike Pence, e para outros altos cargos sobre seus contatos com a Rússia.
Flynn, investigado atualmente por uma comissão especial no Congresso por seus laços com a Rússia, renunciou em fevereiro e provocou a primeira grande crise do governo Trump.
Sua renúncia continua dando muito o que falar e nesta semana se soube que o Pentágono investiga ainda se Flynn cumpriu com sua obrigação de notificar pagamentos de governos estrangeiros após uma visita a Moscou em 2015.
Washington, 30 abr (EFE).- Disputas internas, vazamentos, a família como centro do poder e uma renúncia que continua dando o que falar dominaram os primeiros 100 dias de Donald Trump na Casa Branca, onde a sensação de caos se atenuou, mas ainda há dois lados opostos que combatem para influenciar o presidente.
Apesar de Trump ter declarado no dia 17 de fevereiro, ao completar um mês no poder, que seu governo funciona "como uma máquina perfeitamente azeitada", o certo é que "a guerra interna está ainda viva na Casa Branca", declarou à Agência Efe Steffen Schmidt, professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Iowa.
E essa guerra interna é fundamentalmente entre o chefe de estratégia da Casa Branca, Steve Bannon, e o genro e assessor de Trump, Jared Kushner.
Durante as primeiras semanas do mandato de Trump, a teoria repetida pela imprensa e por analistas era que Bannon, que dirigia o Breibart News, um conglomerado digital convertido em alto-falante do nacionalismo e da alt-right (nova ultradireita), era "o presidente de fato" por sua onipresença nas decisões mais audazes e polêmicas tomadas por seu chefe.
No entanto, mais recentemente o onipresente foi Kushner, com um papel muito ativo principalmente na política exterior, já que Trump lhe pediu para trabalhar em numerosos assuntos, e tão diversos como as relações com México, a aproximação com a China e o conflito palestino-israelense.
O círculo de influência junto a Kushner é completado por sua esposa e filha predileta de Trump, Ivanka, a assessora Dina Powell e o principal conselheiro econômico da Casa Branca, Gary Cohn.
Esse grupo, que Bannon considera muito progressista e afastado das bases conservadoras que votaram em Trump, foi ganhando peso e um exemplo é que Powell tem se consolidado como número dois do relevante Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Na visão de Schmidt, o casal Kushner e seus aliados têm mais chances de prevalecer no futuro, uma vez que "o sangue vale mais que a política", e também porque os membros "sérios" do gabinete, como os secretários de Defesa, James Mattis, e de Estado, Rex Tillerson, estão do seu lado.
Também não se pode esquecer, segundo este especialista, que existe uma "terceira facção" dentro da Casa Branca encabeçada pelo chefe de gabinete, Reince Priebus, que tenta "representar" o aparelho e valores tradicionais do Partido Republicano.
"(Trump) é um diretor terrível e a guerra na Casa Branca é o resultado de uma liderança pobre", opinou Schmidt.
A essa guerra aberta para influenciar nas decisões do imprevisível presidente podem se somar potenciais conflitos éticos derivados de ter a família como centro do poder, com Ivanka Trump trabalhando em um escritório a poucos metros do Salão Oval.
Esse escritório vai acompanhado de uma permissão para acessar informação confidencial e dispositivos governamentais de comunicação, embora, para não violar as leis sobre nepotismo, a filha de Trump não receba um salário para assessorar seu pai.
No entanto, ainda hoje repercute a polêmica pela propaganda gratuita na televisão da marca de roupa de Ivanka feita na própria Casa Branca pela conselheira presidencial Kellyanne Conway, que recebeu "aconselhamento legal" após o ocorrido, mas nenhuma sanção.
Para sensação de uma Casa Branca caótica contribuiu ainda uma multidão de vazamentos, alguns atribuídos por Trump a funcionários do governo do ex-presidente Barack Obama e que revelaram detalhes muito precisos sobre a vida do magnata e do conteúdo de conversas telefônicas que teve com outros líderes mundiais.
O jornal "The New York Times", por exemplo, retratou um presidente que vê TV em roupão de banho, algo que aparentemente incomodou Trump porque seu porta-voz, Sean Spicer, negou "categoricamente" que o governante tenha uma dessas peças de roupa.
Consequências muito mais sérias tiveram os vazamentos que revelaram que Michael Flynn, então principal assessor de segurança nacional de Trump, mentiu para o vice-presidente americano, Mike Pence, e para outros altos cargos sobre seus contatos com a Rússia.
Flynn, investigado atualmente por uma comissão especial no Congresso por seus laços com a Rússia, renunciou em fevereiro e provocou a primeira grande crise do governo Trump.
Sua renúncia continua dando muito o que falar e nesta semana se soube que o Pentágono investiga ainda se Flynn cumpriu com sua obrigação de notificar pagamentos de governos estrangeiros após uma visita a Moscou em 2015.
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