Afeganistão derruba muros antibombas para restaurar beleza de Cabul
Baber Khan Sahel.
Cabul, 5 jul (EFE).- Jabranullah espera impacientemente a chegada a seu bairro das máquinas do governo que estão demolindo muros antibombas em Cabul, capital do Afeganistão, como parte de uma campanha estética que o deixa com os olhos brilhando ao pensar em voltar a jogar futebol na rua ou ir para a escola sem contratempos.
Assim como centenas de avenidas da capital afegã, a estrada ao lado do colégio deste adolescente, de 14 anos, é cercada por muros destinados a proteger casas, lojas e edifícios de constantes atentados suicidas e explosões.
"A cada dia, vemos que foram construídos novos muros de concreto do lado de fora das nossas casas ou que uma rua foi fechada ao tráfego", lamentou à Agencia Efe o motorista de táxi Muhammad Zaman, que afirma que o setor é o mais afetado pelas barreiras antibomba.
Aos 58 anos, Muhammad não está alheio à intensificação do conflito vivido pelo país, mas considera que os muros antibomba, com custo de US$ 5 mil em um país com um salário médio de US$ 400, só "protegem oficiais corruptos".
Esses "gigantes de pedra", com alturas entre dois e três metros, "asfixiam até a morte os cidadãos da ralé", de acordo com ele.
Recentemente, o governo da capital decidiu ouvir as queixas que moradores como Muhammad estão há anos fazendo e, após obter autorização do Conselho Nacional de Segurança, iniciou uma campanha para acabar com a "estética prisional" da cidade. A medida também promete diminuir os extensos engarrafamentos de Cabul.
As máquinas para derrubar os muros começaram os trabalhos há uma semana, escoltadas por policiais armados com fuzis.
Os primeiros muros a cair oficialmente foram os do Comando de Cabul, perto do aeroporto. Mas antes, o ministro de Assuntos Parlamentares, Farouq Wardak, já tinha ajudado a derrubar os que protegiam sua casa em uma fortificada região no oeste da capital.
O gesto mostrava como o governo está decidido a retirar dos os muros que atrapalham as 173 avenidas principais e dezenas de ruas secundárias de Cabul, onde vivem importantes líderes políticos e comandantes do alto escalão do Exército do Afeganistão.
A única exceção, explicou à Efe o porta-voz do governo de Cabul, Khalil Sultani, serão as instituições com "alto nível de ameaça", como aquelas que estão na região de alta segurança da cidade.
Repleta de embaixadas e de órgãos do governo, a área era o alvo do caminhão-bomba que explodiu há um mês em um dos primeiros postos de fiscalização da região, deixando 150 mortos e mais de 300 feridos, no pior atentado ocorrido no país em 15 anos.
Cabul se transformou no cenário favorito para os insurgentes, mas Sultani afirma que o governo buscará soluções alternativas de segurança para os que necessitem e prevê que todos os muros serão derrubados em um prazo máximo de três meses.
"Nossos cidadãos se queixam agora que se sentem reclusos como em uma prisão ou em uma fortaleza militar enquanto caminham pela cidade", explicou o porta-voz, ao explicar que o governo espera "restaurar a antiga beleza" de Cabul com a campanha.
Após reconhecer que o fim das barreiras de concreto era uma das principais demandas da população, Sultani disse que a presença de uma delas tinha transformado uma viagem de dez minutos em uma hora.
"Esses muros antibombas também criaram problemas psicológicos para os cidadãos. A cada rua eles se lembram da violência, da guerra e da insegurança", concluiu.
Cabul, 5 jul (EFE).- Jabranullah espera impacientemente a chegada a seu bairro das máquinas do governo que estão demolindo muros antibombas em Cabul, capital do Afeganistão, como parte de uma campanha estética que o deixa com os olhos brilhando ao pensar em voltar a jogar futebol na rua ou ir para a escola sem contratempos.
Assim como centenas de avenidas da capital afegã, a estrada ao lado do colégio deste adolescente, de 14 anos, é cercada por muros destinados a proteger casas, lojas e edifícios de constantes atentados suicidas e explosões.
"A cada dia, vemos que foram construídos novos muros de concreto do lado de fora das nossas casas ou que uma rua foi fechada ao tráfego", lamentou à Agencia Efe o motorista de táxi Muhammad Zaman, que afirma que o setor é o mais afetado pelas barreiras antibomba.
Aos 58 anos, Muhammad não está alheio à intensificação do conflito vivido pelo país, mas considera que os muros antibomba, com custo de US$ 5 mil em um país com um salário médio de US$ 400, só "protegem oficiais corruptos".
Esses "gigantes de pedra", com alturas entre dois e três metros, "asfixiam até a morte os cidadãos da ralé", de acordo com ele.
Recentemente, o governo da capital decidiu ouvir as queixas que moradores como Muhammad estão há anos fazendo e, após obter autorização do Conselho Nacional de Segurança, iniciou uma campanha para acabar com a "estética prisional" da cidade. A medida também promete diminuir os extensos engarrafamentos de Cabul.
As máquinas para derrubar os muros começaram os trabalhos há uma semana, escoltadas por policiais armados com fuzis.
Os primeiros muros a cair oficialmente foram os do Comando de Cabul, perto do aeroporto. Mas antes, o ministro de Assuntos Parlamentares, Farouq Wardak, já tinha ajudado a derrubar os que protegiam sua casa em uma fortificada região no oeste da capital.
O gesto mostrava como o governo está decidido a retirar dos os muros que atrapalham as 173 avenidas principais e dezenas de ruas secundárias de Cabul, onde vivem importantes líderes políticos e comandantes do alto escalão do Exército do Afeganistão.
A única exceção, explicou à Efe o porta-voz do governo de Cabul, Khalil Sultani, serão as instituições com "alto nível de ameaça", como aquelas que estão na região de alta segurança da cidade.
Repleta de embaixadas e de órgãos do governo, a área era o alvo do caminhão-bomba que explodiu há um mês em um dos primeiros postos de fiscalização da região, deixando 150 mortos e mais de 300 feridos, no pior atentado ocorrido no país em 15 anos.
Cabul se transformou no cenário favorito para os insurgentes, mas Sultani afirma que o governo buscará soluções alternativas de segurança para os que necessitem e prevê que todos os muros serão derrubados em um prazo máximo de três meses.
"Nossos cidadãos se queixam agora que se sentem reclusos como em uma prisão ou em uma fortaleza militar enquanto caminham pela cidade", explicou o porta-voz, ao explicar que o governo espera "restaurar a antiga beleza" de Cabul com a campanha.
Após reconhecer que o fim das barreiras de concreto era uma das principais demandas da população, Sultani disse que a presença de uma delas tinha transformado uma viagem de dez minutos em uma hora.
"Esses muros antibombas também criaram problemas psicológicos para os cidadãos. A cada rua eles se lembram da violência, da guerra e da insegurança", concluiu.
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