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Genro de Donald Trump nega ter cometido conluio com a Rússia

24/07/2017 10h34

(Atualiza com mais detalhes).

Washington, 24 jul (EFE).- O genro e assessor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Jared Kushner, negou nesta segunda-feira ter cometido "conluio" com a Rússia, em uma declaração enviada aos comitês de inteligência do Senado e da Câmara de Representantes.

"Não cometi atos de conluio (pacto ilegal para prejudicar um terceiro) nem conheci ninguém mais na campanha que o fizesse com nenhum governo estrangeiro", diz Kushner em uma declaração escrita divulgada horas antes de testemunhar a portas fechadas perante o comitê no Senado sobre seus contatos com russos durante a campanha eleitoral de 2016.

"Não mantive contatos inadequados, não dependi de fundos russos para financiar minhas atividades empresariais no setor privado, tratei de ser totalmente transparente", acrescenta o texto, de 11 páginas.

Kushner insiste que não teve "contatos inadequados" com indivíduos que tivessem sido ou fossem naquele momento representantes do governo russo.

Em seu testemunho, Kushner menciona uma reunião que até agora se desconhecia: um encontro com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, no hotel Mayflower em Washington.

Segundo narra Kushner, o presidente de uma revista de relações exteriores, Dimitri Simes, lhe apresentou Kislyak e outros três embaixadores durante o evento no hotel que aconteceu em abril de 2016, poucos meses antes que Trump fosse designado candidato presidencial na Convenção Republicana em Cleveland (Ohio).

"Os embaixadores expressaram interesse em criar uma relação positiva se ganhássemos as eleições", assegura Kushner.

"Cada encontro durou menos de um minuto, alguns (dos embaixadores) me deram os seus cartões de apresentação e me convidaram pra almoçar em suas embaixadas. Nunca aceitei nenhum destes convites e esse foi o alcance das interações", garante.

Recentemente, o genro de Trump esteve no centro da polêmica russa por uma reunião em junho de 2016 conduzida pelo filho do presidente, Donald Trump Jr, e na qual uma advogada russa tinha prometido proporcionar à campanha de Trump informação prejudicial sobre a então candidata democrata Hillary Clinton.

Kushner afirma que, assim que se deu conta que a reunião era "uma perda de tempo", enviou um e-mail a um de seus assistentes para que interrompesse a reunião e lhe permitisse sair com alguma desculpa.

Além disso, o genro do presidente fala em seu testemunho de outro encontro com o embaixador russo em Washington que aconteceu em dezembro na Trump Tower de Nova York.

Kushner assegura que essa conversa versou apenas sobre a Síria e negou que, nesse encontro, se tenha falado sobre a abertura de um canal de comunicação secreto entre a campanha de Trump e o Kremlin para poder falar sem a vigilância da inteligência americana, como afirmou o jornal "The Washington Post" em maio.

O último dos encontros sobre o qual fala Kushner em seu testemunho é o que teve com o banqueiro Serguei Gorkov, diretor-executivo do banco nacional russo Vnesheconombank, uma entidade que está submetida a sanções dos Estados Unidos pelo papel da Rússia no conflito na Ucrânia.

Kushner garante que se encontrou com Gorkov a pedido do embaixador russo e que não falou com ele de nenhum tema politico.

Todos os encontros detalhados por Kushner em seu testemunho ocorreram durante a campanha presidencial e no período de transição, antes que Trump substituísse na Casa Branca o ex-presidente Barack Obama (2009-2017).

Kushner falará hoje a portas fechadas com membros do Comitê de Inteligência do Senado e amanhã com legisladores do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, órgãos que investigam a ingerência russa nas eleições de 2016 e a possível coordenação do Kremlin com membros da campanha de Trump.