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12 países americanos condenam dissolução do Parlamento da Venezuela

Foto: FEDERICO PARRA / AFP
Imagem: Foto: FEDERICO PARRA / AFP

Em Lima

18/08/2017 23h19

Os governos de 12 países americanos expressaram nesta sexta-feira (18), em um comunicado conjunto, a sua "enérgica condenação" em relação à "usurpação" que, consideram, fez a Assembleia Constituinte da Venezuela ao assumir as funções do Parlamento, de maioria opositora, no meio da crise que atravessa o país.

Os países descontentes com a medida são Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru, que se intitulam o Grupo de Lima, após a declaração assinada por seus chanceleres há dez dias na capital peruana.

O Grupo de Lima considerou no seu comunicado que a dissolução do Parlamento venezuelano por parte da Assembleia Constituinte, promovida recentemente pelo chavismo, "ratifica a ruptura da ordem democrática e constitucional na Venezuela".

Além do grupo, o Mercosul também condenou a dissolução do Parlamento. "Os países fundadores do Mercosul condenam a decisão da assembleia constituinte de usurpar as atribuições da Assembleia Nacional da Venezuela, que foi eleita democraticamente pela maioria dos venezuelanos e é a única exclusiva titular do Poder Legislativo nesse país", afirmou o bloco em um comunicado emitido pela chancelaria brasileira.

Considerando "ilegítima e inconstitucional" a "dissolução" do Parlamento venezuelano, o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu com urgência uma reunião especial da entidade. Os governos de Espanha, Panamá e Costa Rica condenaram a decisão e afirmaram que não reconhecem os atos da Constituinte.

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Constituinte X Parlamento

A Assembleia Constituinte que rege a Venezuela com poderes absolutos acordou, por unanimidade, assumir as funções do Parlamento, controlado pela oposição, que já anunciou que vai desconsiderar o que denunciou de sua "dissolução", imposta pelo presidente Nicolás Maduro.

Reunida em sessão nesta sexta-feira, a Constituinte legislará sobre temas para "garantir a preservação da paz, da segurança, da soberania, do sistema socioeconômico e financeiro, dos bens do Estado e da preeminência dos direitos dos venezuelanos", segundo o decreto.

Em sua conta no Twitter, a Assembleia Nacional (AN, Parlamento) informou que Maduro tenta anulá-la através da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), razão pela qual afirma que não vai reconhecer, nem acatar esta decisão, que qualificou de um "golpe de Estado".

"A ANC é nula e seus atos (são) ilegais e inconstitucionais.(A) Decisão de anulação não será acatada pela AN, (pela) comunidade internacional ou (pelo) povo", acrescentou o Congresso, que convocou seus seguidores e membros do corpo diplomático para uma sessão na manhã de sábado.

A Assembleia Constituinte deve redigir uma nova Carta Magna, mas mandará na Venezuela por dois anos como um "suprapoder" além do mandato de Maduro, que termina em janeiro de 2019.

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"De golpe em golpe"

No fim de março passado, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado pela oposição de servir ao governo, tinha assumido as funções do Parlamento. Isto provocou amplo repúdio internacional, o que o fez recuar em menos de dois dias.

Embora então tenha revertido sua decisão, a mesma desatou uma onda de protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho, bem como milhares de detidos e feridos. Para o deputado opositor Juan Guaidó, "o regime" faz um "haraquiri político". "De golpe de Estado em golpe de Estado tem sido a história de sua falsa revolução, agora transitam (rumo) a um totalitarismo absurdo". (Com informações da AFP)