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Mogherini diz que "pensar" em solução militar para Coreia do Norte é perigoso

28/08/2017 14h21

Bruxelas, 28 ago (EFE).- A alta representante da União Europeia (UE) para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini, afirmou nesta segunda-feira que "pensar" em uma solução militar ao programa nuclear da Coreia do Norte e às tensões na região "não é só perigoso, mas também não resolve o problema em absoluto".

Nesse sentido, a política italiana disse durante seu discurso na conferência de embaixadores da UE que os parceiros asiáticos e os além da Ásia "desejam ter o clube comunitário envolvido na gestão de crise porque sabem que sempre buscaremos uma solução diplomática".

A tensão militar entre EUA e Coreia do Norte diminuiu um pouco depois que o presidente americano, Donald Trump, advertiu recentemente a Pyongyang que responderia com "fogo e fúria" às ameaças do regime de Kim Jong-un, que tinha apontado diretamente como alvo para ilha americana de Guam, no Pacífico ocidental.

Mogherini também se referiu em sua declaração ao acordo nuclear entre Irã e Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), e recalcou que não se trata de um pacto entre dois países, senão de um "compromisso" de toda a comunidade internacional, após as tensões das últimas semanas entre Teerã e Washington.

"O acordo com o Irã mostra o caminho, o caminho europeu para a política exterior. Este não foi um acordo entre dois países, repeti uma e outra vez e tenho a impressão de que necessitaremos repetir isso mais uma vez nos próximos meses. Foi um compromisso assumido pela comunidade internacional por completo por um lado e o Irã pelo outro", indicou.

A italiana acrescentou que o pacto esteve apoiado pela resolução do Conselho de Segurança da ONU e é "certificado regularmente" pelo Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), para depois falar que sua manutenção é uma questão de segurança internacional e "credibilidade" dos acordos internacionais.

Washington impôs ao Irã nos últimos meses várias rodízios de sanções relacionadas com os seus programas armamentísticos, que Teerã considera uma violação do chamado Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA, em inglês).

Em resposta às últimas sanções, o Parlamento iraniano aprovou um projeto de lei que contém um plano de contramedidas, entre elas um reforço de US$ 500 milhões para o programa defensivo de mísseis do país.

Além disso, o presidente iraniano, Hassan Rohani, advertiu que seu país poderia se retirar do tratado caso os Estados Unidos imponham outras sanções a Teerã.

Em seu discurso, a alta representante da União para Assuntos Exteriores também pediu "investimento" nas instituições multilaterais.

"Necessitamos continuar investindo tudo o que pudermos, e isso é muito, nas instituições multilaterais e nos sistemas e marcos de governança global. Em primeiro lugar, porque estão sob ataque desde muitas partes diferentes, não as citarei, deixarei para vossa imaginação", comentou.

Depois, citou o trabalho para construir uma aliança global em defesa do Acordo de Paris e a favor do livre-comércio.

Os primeiros meses da presidência de Donald Trump se caracterizaram pelo unilateralismo, incluindo seu anúncio de abandonar o Acordo de Paris sobre o clima.