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Avós de Praça de Maio identificam neta 125 desaparecida na ditadura

27/10/2017 14h04

Buenos Aires, 27 out (EFE).- A organização Avós de Praça de Maio comunicou que restituiu a verdadeira identidade da neta 125, apropriada ilegalmente durante a ditadura militar que vigorou na Argentina entre 1976 e 1983, quando a mãe, uma militante peronista de 24 anos, foi sequestrada e desapareceu.

"As Avós de Praça de Maio estão imensamente felizes em comunicar a restituição da filha de Lucía Rosalinda Victoria Tartaglia", explicou em comunicado o grupo que historicamente procura os filhos de seus filhos desaparecidos quando foram capturados durante a última ditadura e entregues a outras famílias.

Lucía Rosalinda nasceu em 1953 em Santa Rosa, capital da província de La Pampa, e se mudou para Buenos Aires para estudar Direito. Ela militava na Juventude Universitária Peronista e foi sequestrada em 27 de novembro de 1977, aos 24 anos.

Após uma intensa busca da família, em novembro de 1978, o irmão recebeu uma carta de Lucía dizendo que estava presa e depois outra afirmando estar grávida. A expectativa era de que o bebê nascesse no início de 1979.

Soube-se mais tarde, com a chegada da democracia e através de alguns sobreviventes, que a jovem ficou no Centro Clandestino de Detenção conhecido como "Atlético-Banco-Olimpo", que estava grávida e que foi levada para dar à luz enquanto ainda estava no cativeiro. O seu desaparecimento centrou um julgamento que condenou 14 repressores em 22 de março de 2011.

"Graças à perseverança da nossa busca e de todo o movimento dos Direitos Humanos, hoje a neta 125 pode conhecer a verdade sobre sua origem", acrescentou a organização humanitária.

O processo de identificação começou quando a família soube da gravidez e empreendeu a busca pela criança através de amostras de DNA no Banco Nacional de Dados Genéticos. A menina, que teve a identidade mantida em sigilo, foi convocada durante uma investigação sobre a sua identidade e informada da possibilidade que fosse filha de um desaparecido.

Após um tempo de reflexão, ela concordou em dar voluntariamente amostras biológica para análise no Banco Nacional de Dados Genéticos. Na última quarta-feira, o resultado da análise foi comunicado à Justiça.

"Mais uma vez comemoramos a liberdade de uma neta que consegue conhecer a sua verdade e incentivamos todos aqueles que podem fornecer informação sobre possíveis homens e mulheres que estejam na mesma situação a ajudar", destacaram as Avós.

De acordo com a organização, a avó da menina, María Rosario López de Tartaglia, faleceu sem conhecer a neta.