Topo

Mnangagwa, designado para suceder Mugabe, retorna ao Zimbábue

22/11/2017 16h21

Harare, 22 nov (EFE).- O ex-vice-presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, designado pelo partido governista como sucessor de Robert Mugabe na presidência, retornou nesta quarta-feira ao país e está previsto que prestará seu juramento ao cargo como presidente provisório na próxima sexta-feira.

O avião que levava Mnangagwa (provavelmente da África do Sul, algo que não foi confirmado oficialmente) aterrissou em uma base militar da capital Harare por volta das 16h20 locais (12h20 em Brasília), segundo o jornal local "NewsDay".

Ali, Mnangagwa se reuniu com os chefes do exército antes de se dirigir ao quartel-general de seu partido, o governante União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla em inglês), para pronunciar um discurso a seus correligionários.

Dezenas de pessoas se amontoaram na saída do aeroporto para dar boas-vindas ao novo líder com cartazes de "você cumpriu sua palavra, seja bem-vindo", em referência ao comunicado emitido por ele há alguns dias, no qual prometeu que retornaria ao Zimbábue para controlar as "engrenagens" do partido governante e do país.

Horas antes, veio a confirmação de que a ZANU-PF tinha designado Mnangagwa oficialmente para assumir à chefia do Estado com o título de presidente provisório.

A decisão foi confirmada em entrevista coletiva na sede do parlamento - onde a ZANU-PF tem maioria - pelo presidente da Câmara dos Deputados do país, Jacob Mudenda, de acordo com a emissora de televisão nacional "ZBC".

Além disso, Mudenda detalhou que o parlamento já informou ao chefe de gabinete do governo, Misheck Sibanda, sobre a decisão, para que sejam iniciados os preparativos para o juramento ao cargo de Mnangagwa.

A cerimônia está prevista para sexta-feira e, até lá, o vice-presidente Phelekezela Mphoko - que está no Japão - exercerá tecnicamente o cargo de presidente interino, segundo esclareceram especialistas na legislação zimbabuana ao jornal estatal "The Herald".

Conhecido como "Crocodilo", Mnangagwa deixou o Zimbábue poucos dias depois de ser destituído como o número 2 do governo (em 6 de novembro), alegando que tinha recebido ameaças de morte.

Em declarações feitas ontem à noite ao site de notícias "NewsDay", pouco depois da renúncia de Mugabe, o ex-vice-presidente felicitou o povo do Zimbábue pelo "momento histórico" alcançado e adiantou que já estava preparando sua volta para casa, com o desejo de ajudar em "uma transição pacífica para a consolidação" da "democracia".

Apesar de não ter sido confirmado oficialmente, a imprensa local afirmou durante todo este período que Mnangagwa estava refugiado na vizinha África do Sul.

Esta manhã, Mnangagwa se reuniu com o presidente sul-africano, Jacob Zuma, segundo uma postagem no perfil oficial da presidência da África do Sul no Twitter, que publicou fotos do encontro.

Após 37 anos no poder, Mugabe, de 93 anos, renunciou no dia 21 da presidência, o que acelerou o desenrolar de uma profunda crise política que tinha começado uma semana antes com a tomada do controle do país por parte dos militares.

Precisamente, a destituição de Mnangagwa - uma figura incondicional do partido e veterano de guerra, que se deparou com a oposição de Grace Mugabe, que pretendia ocupar a vice-presidência para suceder seu marido - foi o estopim que provocou o movimento das forças armadas.

O ex-vice-presidente já tinha sido nomeado como líder da ZANU-PF e candidato governista às eleições presidenciais de 2018 no último domingo, durante reunião do comitê central na qual foi dado um ultimato a Mugabe para que renunciasse.