Alemanha termina ano sem governo após quarta vitória de Merkel
Noelia López.
Berlim, 19 dez (EFE).- A Alemanha se vê incapaz de formar um novo governo quase três meses depois das eleições gerais, em pleitos vencidos pela quarta vez pela chanceler Angela Merkel, mesmo fragilizada pelo crescimento da extrema-direita xenofóbica.
A sucessão de vitórias dos democratas-cristãos nas eleições regionais realizadas no início deste ano foi coroada em 24 de setembro com o triunfo nos pleitos gerais, com 33% dos votos, embora Merkel tenha perdido 8,5 pontos em relação a 2013 e seu partido tenha obtido seu segundo pior resultado desde 1949.
Apontada como a última defensora dos valores ocidentais após o triunfo de Donald Trump nos Estados Unidos e a ascensão do populismo em diferentes países comunitários, Merkel acaba 2017 com uma imagem esfumada.
Um novo partido, o ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), colheu os votos do descontentamento e se consolidou à direita da sua União Democrata-Cristã (CDU), que enfrenta inusitadas dificuldades para encontrar um parceiro com quem governar.
Após quase cinco semanas de negociações com liberais e verdes, as conversas terminaram sem acordo, com o que os conservadores entenderam a mão de novo ao Partido Social-Democrata (SPD), seu atual parceiro, ferido gravemente nas eleições depois de no início do ano ter sonhado inclusive com a chancelaria.
Precisando de um perfil próprio depois de governar quatro anos junto com a CDU, o SPD tinha posto suas esperanças no ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, um político com extensa trajetória na cena comunitária, mas nula experiência na arena nacional.
Essa nova liderança não conseguiu reforçar o partido, mas sim afundá-lo na persistente sangria de votos que sofre há uma década, em linha com o desmoronamento de outras formações irmãs na União Europeia.
Nas últimas eleições gerais, o SPD obteve os piores resultados da sua história (20,5% dos votos), mas sua via crucis não acabou quando decidiu passar para a oposição e renovar-se.
O impossível acordo entre conservadores, liberais e verdes pelas diferenças na política ambiental e de imigração parecia encaminhar a Alemanha para um governo em minoria de Merkel, situação inédita em um país habituado a coligações estáveis.
A alternativa seria convocar novas eleições, algo rejeitado pelo presidente do país, Frank-Walter Steinmeier.
Ex-dirigente social-democrata e ex-ministro de Relações Exteriores no governo de Merkel, Steinmeier tinha sido escolhido por consenso em fevereiro para o cargo e assumiu uma função-chave de juiz na encruzilhada na qual encontrava-se o país, chamando os partidos à reflexão, especialmente seus antigos "camaradas".
A essa pressão se uniram os apelos a Schulz feitos por líderes europeus como o presidente francês, Enmmanuel Macron, que lhe estimulou a unir-se de novo ao governo para impulsionar a reforma da União Europeia.
O líder social-democrata deu então um giro de 180 graus e se abriu ao diálogo com Merkel, apesar das advertências da ala mais à esquerda e da juventude do SPD perante o risco de que uma nova coalizão com Merkel representa sua sentença definitiva.
As conversas se preveem compridas e complicadas, também pelo papel que pode ter nelas a União Social-Cristã da Baviera (CSU), partido irmanado com a CDU de Merkel que atravessa sua própria crise de liderança e que foi um dos seus maiores críticos na última legislatura pela chegada de mais de um milhão de refugiados ao país.
Nesta fase de incerteza política, em um país acostumado a combinar coligações a partir de posições em algumas ocasiões opostas, quem está confortável é o ultradireitista AfD, o primeiro desse campo político a conseguir representação no Bundestag (parlamento federal) desde a década de 1950.
O partido fecha 2017 com cadeiras nos parlamentos de 14 dos 16 estados federados e 92 deputados no Bundestag, depois de conseguir 12,6% dos votos nas eleições, apoiado em um discurso nacionalista e xenófobo contra a acolhida de refugiados.
Se conservadores e social-democratas reeditarem a grande coligação, o AfD se converterá na principal força da oposição, e as pesquisas lhe preveem ainda melhores resultados se forem convocadas novas eleições.
Nesse cenário, as associações da indústria e o empresariado do país pedem estabilidade para a principal economia europeia, enquanto o Bundesbank (banco central) revisou em alta as previsões de crescimento para este ano, até 2,6%, e para o próximo, até 2,5%.
Berlim, 19 dez (EFE).- A Alemanha se vê incapaz de formar um novo governo quase três meses depois das eleições gerais, em pleitos vencidos pela quarta vez pela chanceler Angela Merkel, mesmo fragilizada pelo crescimento da extrema-direita xenofóbica.
A sucessão de vitórias dos democratas-cristãos nas eleições regionais realizadas no início deste ano foi coroada em 24 de setembro com o triunfo nos pleitos gerais, com 33% dos votos, embora Merkel tenha perdido 8,5 pontos em relação a 2013 e seu partido tenha obtido seu segundo pior resultado desde 1949.
Apontada como a última defensora dos valores ocidentais após o triunfo de Donald Trump nos Estados Unidos e a ascensão do populismo em diferentes países comunitários, Merkel acaba 2017 com uma imagem esfumada.
Um novo partido, o ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), colheu os votos do descontentamento e se consolidou à direita da sua União Democrata-Cristã (CDU), que enfrenta inusitadas dificuldades para encontrar um parceiro com quem governar.
Após quase cinco semanas de negociações com liberais e verdes, as conversas terminaram sem acordo, com o que os conservadores entenderam a mão de novo ao Partido Social-Democrata (SPD), seu atual parceiro, ferido gravemente nas eleições depois de no início do ano ter sonhado inclusive com a chancelaria.
Precisando de um perfil próprio depois de governar quatro anos junto com a CDU, o SPD tinha posto suas esperanças no ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, um político com extensa trajetória na cena comunitária, mas nula experiência na arena nacional.
Essa nova liderança não conseguiu reforçar o partido, mas sim afundá-lo na persistente sangria de votos que sofre há uma década, em linha com o desmoronamento de outras formações irmãs na União Europeia.
Nas últimas eleições gerais, o SPD obteve os piores resultados da sua história (20,5% dos votos), mas sua via crucis não acabou quando decidiu passar para a oposição e renovar-se.
O impossível acordo entre conservadores, liberais e verdes pelas diferenças na política ambiental e de imigração parecia encaminhar a Alemanha para um governo em minoria de Merkel, situação inédita em um país habituado a coligações estáveis.
A alternativa seria convocar novas eleições, algo rejeitado pelo presidente do país, Frank-Walter Steinmeier.
Ex-dirigente social-democrata e ex-ministro de Relações Exteriores no governo de Merkel, Steinmeier tinha sido escolhido por consenso em fevereiro para o cargo e assumiu uma função-chave de juiz na encruzilhada na qual encontrava-se o país, chamando os partidos à reflexão, especialmente seus antigos "camaradas".
A essa pressão se uniram os apelos a Schulz feitos por líderes europeus como o presidente francês, Enmmanuel Macron, que lhe estimulou a unir-se de novo ao governo para impulsionar a reforma da União Europeia.
O líder social-democrata deu então um giro de 180 graus e se abriu ao diálogo com Merkel, apesar das advertências da ala mais à esquerda e da juventude do SPD perante o risco de que uma nova coalizão com Merkel representa sua sentença definitiva.
As conversas se preveem compridas e complicadas, também pelo papel que pode ter nelas a União Social-Cristã da Baviera (CSU), partido irmanado com a CDU de Merkel que atravessa sua própria crise de liderança e que foi um dos seus maiores críticos na última legislatura pela chegada de mais de um milhão de refugiados ao país.
Nesta fase de incerteza política, em um país acostumado a combinar coligações a partir de posições em algumas ocasiões opostas, quem está confortável é o ultradireitista AfD, o primeiro desse campo político a conseguir representação no Bundestag (parlamento federal) desde a década de 1950.
O partido fecha 2017 com cadeiras nos parlamentos de 14 dos 16 estados federados e 92 deputados no Bundestag, depois de conseguir 12,6% dos votos nas eleições, apoiado em um discurso nacionalista e xenófobo contra a acolhida de refugiados.
Se conservadores e social-democratas reeditarem a grande coligação, o AfD se converterá na principal força da oposição, e as pesquisas lhe preveem ainda melhores resultados se forem convocadas novas eleições.
Nesse cenário, as associações da indústria e o empresariado do país pedem estabilidade para a principal economia europeia, enquanto o Bundesbank (banco central) revisou em alta as previsões de crescimento para este ano, até 2,6%, e para o próximo, até 2,5%.
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