Índia vive ano complicado, mas com baixo prejuízo político para Narendra Modi
José Luis Paniagua.
Nova Délhi, 22 dez (EFE).- O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, teve um ano difícil no governo, com uma redução do crescimento da economia do país após a maior reforma tributária de sua história, duras batalhas eleitorais e tensões com os vizinhos, mas, por outro lado, parece não ter sua popularidade afetada.
O centro especializado em tendências demográficas e de opinião pública Pew divulgou em meados de novembro uma pesquisa segundo a qual 88% dos indianos têm uma imagem boa ou muito boa de Modi.
Além da dificuldade em verificar tal grau de unanimidade entre os mais de 1,2 de habitantes - unanimidade que não se refletiu nas diferentes disputas eleitorais regionais - é indubitável que, após cumprir metade do seu mandato, a imagem de Modi continua a salvo do desgaste.
A melhor notícia do ano chegou para Modi em março. O estado de Uttar Pradesh, o mais povoado do país, com mais de 200 milhões de habitantes - uma região que, se fosse independente seria o sexto país mais populoso do mundo - lhe presenteou com uma arrasadora vitória sem ao menos ter que apresentar um candidato a liderar o governo regional.
O partido de Modi, o BJP, comemorou a vitória nomeando chefe do Executivo regional Yogi Adityanath, um religioso hinduísta conhecido pelo seu extremismo e com antecedentes de violência, perante a impotência de uma oposição que acusa o primeiro-ministro de dar asas a hinduístas radicais e violentos.
O sucesso foi ainda maior se for levado em conta que cinco meses antes o governo tomou a controversa decisão de tirar de circulação as notas de 500 e 1.000 rúpias (as de maior valor, 86% do circulante) para lutar contra a corrupção.
As consequências dessa medida, que se refletiram em um esfriamento da economia, não representaram um prejuízo político ao governo, que também ganhou no estado de Uttarakhand.
Além disso, em Manipur e em Goa, onde perdeu as eleições regionais, o BJP terminou fazendo alianças de governo. Somente Punyab ficou sob o comando do opositor Partido do Congresso.
Além disso, Modi chegou a um acordo em Bihar com o chefe de governo desse estado, Nitish Kumar, uma das figuras políticas mais proeminentes e que inclusive era apontado como possível candidato presidencial da oposição para as eleições de 2019.
Se na política o ano não foi ruim para Modi, no campo econômico a história é bem diferente.
A economia obteve cinco trimestres consecutivos de queda do ritmo de crescimento de 7,9% para 5,7%.
A desmonetização e a introdução do imposto de bens e serviços (GST), uma taxa que unifica 17 impostos indiretos estatais e regionais, geraram incerteza nas empresas e um impacto econômico que colocou em dúvida o título de "economia emergente de mais rápido crescimento" que a Índia ganhou nos últimos anos.
A queda da economia preocupou seriamente o governo e o ministro de Finanças, Arun Jaitley, admitiu o diagnóstico "preocupante".
O último trimestre do ano fiscal deu uma boa notícia ao governo, ao obter o crescimento de até 6,3%, mas mesmo assim o desempenho econômico deixa muitas sombras neste ano.
No âmbito internacional, as coisas também não foram fáceis para a Índia. Sua crônica disputa fronteiriça com o Paquistão na Caxemira se intensificou até ao ponto em que Islamabad acusou Délhi de romper mais de 1.300 vezes o cessar-fogo na Linha de Controle que serve de fronteira de fato na disputada região, com mais de 50 mortos até novembro.
A Índia também acusou o Paquistão de 503 violações do cessar-fogo e afirmou que havia abatido mais de 200 membros da insurgência, algo do qual responsabiliza diretamente o Executivo e o Exército paquistaneses.
Na outra grande fronteira, a China e a Índia viveram momentos de tensão no enclave de Doklam, na interseção fronteiriça dos dois países com o Butão, mas finalmente não houve derramamento de sangue.
Modi soube capitalizar a tensão nas fronteiras para alimentar o seu discurso nacionalista entre os indianos, enquanto sua imagem continua a salvo no âmbito internacional após um ano de muitas viagens, a Espanha, Alemanha, Estados Unidos, França, Alemanha e Israel, entre outros países.
A oposição fechou o ano com um momento importante e muito esperado: a ascensão de Rahul Gandhi, a quarta geração da dinastia Nehru-Gandhi, à frente do Partido do Congresso, substituindo sua mãe, Sonia.
Nova Délhi, 22 dez (EFE).- O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, teve um ano difícil no governo, com uma redução do crescimento da economia do país após a maior reforma tributária de sua história, duras batalhas eleitorais e tensões com os vizinhos, mas, por outro lado, parece não ter sua popularidade afetada.
O centro especializado em tendências demográficas e de opinião pública Pew divulgou em meados de novembro uma pesquisa segundo a qual 88% dos indianos têm uma imagem boa ou muito boa de Modi.
Além da dificuldade em verificar tal grau de unanimidade entre os mais de 1,2 de habitantes - unanimidade que não se refletiu nas diferentes disputas eleitorais regionais - é indubitável que, após cumprir metade do seu mandato, a imagem de Modi continua a salvo do desgaste.
A melhor notícia do ano chegou para Modi em março. O estado de Uttar Pradesh, o mais povoado do país, com mais de 200 milhões de habitantes - uma região que, se fosse independente seria o sexto país mais populoso do mundo - lhe presenteou com uma arrasadora vitória sem ao menos ter que apresentar um candidato a liderar o governo regional.
O partido de Modi, o BJP, comemorou a vitória nomeando chefe do Executivo regional Yogi Adityanath, um religioso hinduísta conhecido pelo seu extremismo e com antecedentes de violência, perante a impotência de uma oposição que acusa o primeiro-ministro de dar asas a hinduístas radicais e violentos.
O sucesso foi ainda maior se for levado em conta que cinco meses antes o governo tomou a controversa decisão de tirar de circulação as notas de 500 e 1.000 rúpias (as de maior valor, 86% do circulante) para lutar contra a corrupção.
As consequências dessa medida, que se refletiram em um esfriamento da economia, não representaram um prejuízo político ao governo, que também ganhou no estado de Uttarakhand.
Além disso, em Manipur e em Goa, onde perdeu as eleições regionais, o BJP terminou fazendo alianças de governo. Somente Punyab ficou sob o comando do opositor Partido do Congresso.
Além disso, Modi chegou a um acordo em Bihar com o chefe de governo desse estado, Nitish Kumar, uma das figuras políticas mais proeminentes e que inclusive era apontado como possível candidato presidencial da oposição para as eleições de 2019.
Se na política o ano não foi ruim para Modi, no campo econômico a história é bem diferente.
A economia obteve cinco trimestres consecutivos de queda do ritmo de crescimento de 7,9% para 5,7%.
A desmonetização e a introdução do imposto de bens e serviços (GST), uma taxa que unifica 17 impostos indiretos estatais e regionais, geraram incerteza nas empresas e um impacto econômico que colocou em dúvida o título de "economia emergente de mais rápido crescimento" que a Índia ganhou nos últimos anos.
A queda da economia preocupou seriamente o governo e o ministro de Finanças, Arun Jaitley, admitiu o diagnóstico "preocupante".
O último trimestre do ano fiscal deu uma boa notícia ao governo, ao obter o crescimento de até 6,3%, mas mesmo assim o desempenho econômico deixa muitas sombras neste ano.
No âmbito internacional, as coisas também não foram fáceis para a Índia. Sua crônica disputa fronteiriça com o Paquistão na Caxemira se intensificou até ao ponto em que Islamabad acusou Délhi de romper mais de 1.300 vezes o cessar-fogo na Linha de Controle que serve de fronteira de fato na disputada região, com mais de 50 mortos até novembro.
A Índia também acusou o Paquistão de 503 violações do cessar-fogo e afirmou que havia abatido mais de 200 membros da insurgência, algo do qual responsabiliza diretamente o Executivo e o Exército paquistaneses.
Na outra grande fronteira, a China e a Índia viveram momentos de tensão no enclave de Doklam, na interseção fronteiriça dos dois países com o Butão, mas finalmente não houve derramamento de sangue.
Modi soube capitalizar a tensão nas fronteiras para alimentar o seu discurso nacionalista entre os indianos, enquanto sua imagem continua a salvo no âmbito internacional após um ano de muitas viagens, a Espanha, Alemanha, Estados Unidos, França, Alemanha e Israel, entre outros países.
A oposição fechou o ano com um momento importante e muito esperado: a ascensão de Rahul Gandhi, a quarta geração da dinastia Nehru-Gandhi, à frente do Partido do Congresso, substituindo sua mãe, Sonia.
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