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Embaixador do Brasil é declarado 'persona non grata' na Venezuela

Embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, acompanha sessão da Assembleia Nacional com parlamentar opositor Julio Borges (dir) - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, acompanha sessão da Assembleia Nacional com parlamentar opositor Julio Borges (dir) Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Em Caracas

23/12/2017 16h24

O embaixador do Brasil na Venezuela, Ruy Pereira, e o encarregado de negócios do Canadá no país, Craib Kowalik, serão declarados "persona non grata" pela Assembleia Nacional Constituinte, segundo informou neste sábado (23) a presidente da entidade, Delcy Rodríguez, em declarações à imprensa.

"No âmbito das competências da Assembleia Nacional Constituinte [...] decidimos declarar persona non grata o encarregado de negócios do Canadá e o embaixador do Brasil", afirmou Rodríguez.

A ex-chanceler argumentou que, no caso brasileiro, a medida será mantida "até que se restitua o fio constitucional que o governo feriu" no Brasil. O Canadá foi incluído "por sua permanente, insistente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela".

"Persistentemente fazem declarações, fazem uso do Twitter para querer dar ordens à Venezuela", acrescentou sobre a diplomacia canadense no país a presidente da Assembleia Constituinte, órgão plenipotenciário composto apenas pelo oficialismo e não reconhecido pela oposição e vários países.

Rodríguez comentou que nos dois casos a Chancelaria venezuelana "fará e tramitará o conducente" para que seja iniciado o processo de "persona non grata" aos dois diplomatas.

Brasil e Canadá foram dois dos países que, em meados de agosto, expressaram apoio ao Parlamento venezuelano, de maioria opositora, e que se mostraram em desacordo com a formação da Assembleia Constituinte da Venezuela.

No caso do Brasil, o governo venezuelano afirma que o impeachment da presidente petista Dilma Rousseff no ano passado foi um golpe de Estado.

Em outubro, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza entregou uma nota de protesto à embaixada canadense em Caracas "pela permanente e sistemática ingerência do governo canadense" na Venezuela.

Na última sexta-feira, o Executivo venezuelano acusou o Canadá de tentar "escavar" o diálogo que mantém com a oposição na República Dominicana e considerou uma "nova ameaça" a reunião realizada entre representantes canadenses com o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, na qual foi abordada a situação da Venezuela.